Cidinha Louzada está acostumada a ocupar posições de destaque: ela é secretária de Governo da gestão de Margarida Salomão (PT) e se dedica há décadas à administração pública. Também é advogada e foi chefe de gabinete da deputada federal Margarida Salomão entre 2013 e 2020, além de já ter sido vereadora na Câmara Municipal de Juiz de Fora e presidente da Associação Mineira de Defesa do Consumidor e dos Trabalhadores (Amacont). Por toda essa experiência, ela comenta, em entrevista à Rádio Transamérica, sobre os desafios de ocupar espaços de poder sendo mulher e destaca a importância da paridade e da transversalidade no atual governo do município.
Na experiência da secretária, fica evidente a importância de se ter mais mulheres ocupando posições de destaque, até para que aquelas que chegam possam ter mais apoio. “Nesta administração, esse desafio não é tão duro. Primeiro, porque a gente tem a paridade, com a prefeita, então a gente não se sente tão sozinha. Quando você é mulher em um lugar onde o comando é todo de homem, o desafio é muito maior”, explica. No caso da Prefeitura, ela destaca que essa dificuldade está bem menor, porque ali há outras mulheres ocupando posições de poder.
Outro conceito que, em sua visão, faz a diferença, é o de transversalidade. “Acho que a PJF, na forma com que nós trabalhamos, é muito diferenciada, e por isso acho que a gente consegue trabalhar com tão pouco e de forma tão eficaz. A gente trabalha não de uma forma hierarquizada, mas de forma transversal, e uma secretária sempre ajuda a outra”, explica. Nesse caso, esse tipo de organização sinaliza uma integração entre os diferentes setores, o que ela defende como essencial para trazer as mudanças necessárias para a população.
Programa Boniteza
O Programa Boniteza, que é coordenado pela Secretaria de Governo, é exemplar nessa política de transversalidade, como ela aponta. “O programa Boniteza faz exatamente esse trabalho, que é de coordenar todas as demais secretarias, para que a gente possa levar para o cidadão todo o serviço necessário sem que nenhuma secretaria fique sobrecarregada”, explica. Essa política, no balanço entre janeiro e junho de 2023, fez mais de 32 mil serviços em Juiz de Fora, articulando diferentes braços, que envolvem revitalização, serviços de poda de árvores, varrição, capina, projetos ligados ao tratamento do lixo da cidade e mais.
As atividades do Gabinete de Ação e Diálogo comunitário, que Cidinha coordena, conta com uma colaboração entre a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), a Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanidades (Empav), a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), a Secretaria de Obras (SO), e a Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur). Para os que não entendem como o Boniteza funciona, Cidinha faz um paralelo: “A nossa zeladoria, que tá dentro do Gabinete de Diálogo Comunitário, é aquela ação que todo dia a dona de casa tem que levantar e fazer, arrumando a cama, varrendo, lavando a louça da pia. Ou seja, todo dia temos a nossa programação, onde vamos estar varrendo, limpando, capinando, tapando buraco ou cortando uma árvore”.
Importância da revitalização
Para ela, todos os projetos que envolvem o programa Boniteza têm enorme importância: “O boniteza é pra trazer alegria pra nossa alma. Quando você sai de casa e está triste, e vê uma flor, uma rua que está limpa, isso melhora o dia”, diz. Um dos projetos, nesse sentido, que ela enxerga que fazem muita diferença, é a revitalização da cidade, assim como está sendo feito no HPS, a partir de uma emenda parlamentar da deputada Ana Pimentel (PT) e colaboração de vereadores da cidade.
“O HPS é um prédio alugado, e quando você tem um equipamento alugado, a ação do Município é limitada. A gente não pode, com poder público, fazer uma grande reforma, sendo que é um prédio que amanhã você pode ser intimado a sair. Mas então a gente faz uma revitalização”, explica. Nesse caso, a primeira parte da revitalização será feita do lado de fora do HPS, com previsão para acabar em junho de 2024.
Cidade sempre diferente
Um dos pontos que Cidinha destaca sobre a administração de Juiz de Fora é notar que a cidade está sempre diferente: “Eu gosto muito de Juiz de Fora, sou suspeita. Olho da minha sala o Rio Paraibuna e fico encantada com ele, acho tão bonito. E acho que ter esse olhar pra nossa cidade é autoestima”.
Por isso, ela também destaca que é importante que a população desenvolva isso, destacando as qualidades que enxerga em Juiz de Fora. “Nós precisamos ter essa autoestima em relação à nossa cidade e mostrar o que temos de bonito, porque se não valorizarmos o comércio e a cidade, não vamos nem ter turismo, porque as pessoas vão ter medo de vir pra JF”, diz.