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Endometriose: a principal causa da infertilidade feminina

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Mais de 7 milhões de mulheres no Brasil sofrem da doença que, segundo a Federação Médica Brasileira, já recebeu o título de “doença da mulher moderna”. A endometriose acomete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva (entre 20 e 40 anos) e estudos da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva constataram que pode levar cerca de 12 anos para a doença ser diagnosticada.

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De acordo com o Dr. Luciano Furtado, ginecologista do Corpo Clínico e chefe do Serviço de Obstetrícia do Hospital Albert Sabin, a endometriose é uma doença caracterizada pela presença do endométrio fora do útero. O endométrio é o tecido que envolve a parte interna do útero e é renovado mensalmente durante o fluxo menstrual. Em algumas situações, este tecido, além de ser eliminado em forma de menstruação, volta pelas trompas, alcança e se deposita nas cavidades pélvica e abdominal, formando a doença que é de carácter crônico e progressivo.

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Outro ponto importante é chamado adenomiose. Esta é a endometriose que se desenvolve no útero e não fora dele. Provoca dor, sangramentos volumosos, irregularidade do ciclo e é uma das causas mais frequentes de abortamentos de repetição, inclusive como causa de insucesso nas gestações.

Os principais sintomas são: dismenorreia (cólicas antes ou durante a menstruação) de carácter crônico e progressivo até chegar a dores incapacitantes e, com o passar dos anos, cólicas e dor fora do período menstrual, desconforto na relação sexual e principalmente a dor de fundo, e infertilidade.

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Hannah Alves, 33 anos, é moradora da cidade de São José dos Campos/SP e descobriu que tinha a doença através do seu ciclo menstrual irregular: “tinha mês que eu menstruava de 15 em 15 dias e sentia fortes dores pré-menstruais, TPM bem intensa, fortes dores abdominais a ponto de desmaiar.”

Dr. Luciano explica que a doença causa muita dor porque as células do endométrio na pelve funcionam de forma semelhante àquelas que estão revestindo o útero. Isso quer dizer que também haverá o sangramento dos tecidos endometriais que estão alojados nos órgãos como bexiga, intestino e útero. O sangramento nestes tecidos durante os períodos menstruais acaba provocando inflamações, aderências e até tumores císticos e sólidos. Essas aderências fazem com que os órgãos se juntem, percam a mobilidade natural, podendo ocorrer compressão de órgãos nobres (ureter, intestino e bexiga) e, como consequência, a mulher sente fortes dores.

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Além da dor, a doença pode ser considerada a principal causa de infertilidade da mulher na fase reprodutiva. São diversos fatores: aderências entre os órgãos reprodutores e outros órgãos da pelve, obstrução tubárea, não funcionamento da mesma, produção de anticorpos antiespermatozoides, má qualidade dos óvulos durante a ovulação e até mesmo má qualidade destes óvulos para fertilização.

Hoje, Hannah tem dois filhos e conta que teve bastante dificuldade para engravidar. “Fiz uma desobstrução das trompas para conseguir. Um exame chamado histeroscopia”. Atualmente, com a doença controlada, ela está grávida do segundo filho, o qual foi concebido de forma natural, sem intervenção médica.

A endometriose é uma doença silenciosa e a principal causa é menstruar. Quanto mais ciclos menstruais, mais chance de a mulher ter endometriose. Associados a isto, existem os fatores genéticos, imunológicos, crescimento tumoral, alterações enzimáticas, entre outros. O Dr. Luciano explica que “no passado, quando se iniciava a vida reprodutiva mais cedo, com muitos filhos e intercalados por longos períodos de amamentação, as mulheres ficavam muito tempo sem menstruar, por isso possuíam menor chance de desenvolver a doença. Hoje em dia, a maternidade foi adiada, existem mais ciclos menstruais, ocasionando maior chance de desenvolver a doença”. Isso explica ela ser considerada a doença da mulher moderna.

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Sobre o tratamento, Dr Luciano esclarece que as opções dependem do estágio em que se encontra a doença. Pode-se tratar com pílulas contínuas (combinadas ou somente de progesterona), medicações orais com capacidade de bloquear a proliferação do endométrio, medicação injetável com o mesmo propósito (mas que, geralmente, trazem muitos efeitos colaterais à paciente), implantes intrauterinos (o famoso DIU), implantes subcutâneos e, por último, a cirurgia laparoscópica. Este recurso é adotado quando não é possível controlar a doença com tratamento clínico ou para restabelecer a anatomia e melhorar as condições de fertilidade.

A endometriose ainda não possui cura, mas pode ser controlada. No caso de Hannah, o tratamento é feito através do uso de pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, que a impedem de menstruar.

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A prevenção pode começar logo cedo: em adolescentes que possuem histórico de desmaios, a Sociedade Brasileira de Endometriose aconselha mantê-las sem menstruar, com pílulas de ultrabaixa ou baixa dosagem, de uso contínuo, para controlar ou impedir a evolução da doença. Evitar a obesidade, fazer exercícios físicos regulares, ter boa alimentação também ajudam na prevenção.

Agora que você sabe bastante sobre endometriose, fique atenta aos sintomas e, tendo qualquer suspeita, não hesite em procurar um médico. Se precisar, conte sempre com a equipe do Hospital Albert Sabin.

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