O diagnóstico precoce de uma doença degenerativa não cai como uma bomba apenas na vida do paciente. Geralmente, quem acompanha de perto toda a evolução do quadro não fica imune às mudanças e ao desgaste que é ter um ente querido doente. Logo, o suporte emocional é fundamental para encarar o momento. Há oito anos, a aposentada Heliana Mirian Cirino Haddad, 72 anos, beneficiária do Plasc, plano de saúde da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, recebeu a notícia de que o seu marido estava com Parkinson e, logo depois, Alzheimer. Todo esse processo foi muito doloroso para ela, inclusive, aceitar que tudo o que estava acontecendo com o seu companheiro de vida não tinha mais volta.
“Foi muito difícil para mim aceitar a forma como as doenças do meu marido foram evoluindo. Com a assistência psicológica oferecida pelo Plasc, eu fui aprendendo a lidar com tudo isso e hoje estou bem. Se não fosse o programa Vida Saudável, eu não teria conseguido dar conta. Sou muito grata a toda equipe por tudo que fazem por nós”, afirma Heliana. A história da aposentada ilustra a grande preocupação do Plasc: oferecer uma linha de cuidado integral a todos os seus pacientes.
Tanto é que, nos últimos anos, o plano de saúde tem investido em programas voltados para a prevenção de doenças, bem como a promoção e a recuperação da saúde de seus beneficiários, como o Vida Saudável Plasc, que oferece diversos tipos de atendimento, sobretudo destinado a pessoas acima dos 60 anos.
Quando foi fundado, em 2010, o Vida Saudável Plasc tinha como objetivo estimular hábitos saudáveis e o cuidado com o bem-estar. Três anos depois, foi criado o programa de gerenciamento domiciliar destinado a pacientes idosos e doentes crônicos que vinham de longa hospitalização e que, muitas vezes, voltavam rapidamente para o hospital após terem alta. “Percebemos que as famílias desses pacientes não conseguiam captar as orientações para continuar com os cuidados em casa. Isso, de certa forma, trazia grande insegurança, sobretudo em relação a novas internações. Então, montamos equipes multidisciplinares formadas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e fisioterapeutas. Assim, essas sete especialidades passaram a gerenciar a saúde desse paciente, ensinando a família a cuidar dele em casa e entendendo suas demandas, visando a sua estabilidade clínica e a sua reabilitação”, destaca a coordenadora do Vida Saudável Plasc, Adriana Gomes.
Com essa linha de cuidados sendo fortalecida, em 2016, foram implantadas duas ramificações dentro do Vida Saudável: o Natureza Perfeita e o Saúde Integral. O Saúde Integral é a junção do domiciliar com o ambulatorial, mantendo no gerenciamento domiciliar pacientes dependentes, mais vulneráveis e acamados. E para o ambulatório, foram acrescentados outros atendimentos, inclusive, acompanhamento psicológico destinado aos familiares que lidam diretamente com o paciente.
Além de receber todo esse cuidado, o marido de Heliana conta com o suporte do programa Saúde Integral. A assistência domiciliar aconteceu após ele ser internado na Santa Casa para tratar de uma fratura na coluna. “Devido às suas limitações de deslocamento, já que ele não anda e não fala, foram iniciados os atendimentos em casa, feitos pelos profissionais do programa. Desde então, ele recebe toda a atenção que precisa, inclusive dos enfermeiros, da fonoaudióloga e da nutricionista, que me orienta sobre a preparação dos alimentos, uma vez que ele se alimenta por sonda. Dentro da sua condição, ele tem mantido um bom quadro de saúde”, conta Heliana.
Cuidar para evitar situações críticas
Atualmente, o Vida Saudável Plasc possui mais de 1.200 pessoas cadastradas. E, segundo a coordenadora Adriana Gomes, o programa tem conseguido uma média de 197 dias de manutenção desses pacientes em casa, sem hospitalização. “Isso é um dado muito importante, pois corresponde a quase sete meses sem a necessidade de internação, apenas mantendo uma rotina de gerenciamento com informação, medicação na hora certa e cuidados básicos. Por isso que o tratamento psicológico é disponibilizado para a pessoa que fica com esse paciente, seja um familiar ou cuidador. Esse olhar humanizado para além do paciente é parte fundamental do processo, pois é o cuidador quem executa o que a gente orienta.”
O diretor técnico do Plasc, Dr. Gilberto Quinet Belfort de Andrade, aponta que esse serviço passou a olhar para o paciente, permitindo o atendimento integral e multidisciplinar em todos os níveis de atenção à saúde: primária, secundária, terciária. “Acompanhamos o paciente como um todo, por todos e por todo o tempo. Se a gente cuida antes de chegar a uma situação crítica, o paciente pode nem ser internado.”
Como fazer parte
Para participar do Vida Saudável Plasc, o paciente deve ter mais de 60 anos e apresentar alguma doença crônica, como diabetes, hipertensão, cardiopatias, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), Alzheimer e Parkinson, por exemplo. Mas a forma de ingresso, conforme a coordenadora do programa, ocorre de duas maneiras: ambulatorial ou busca ativa com base nas internações.
“No ambulatório, ao perceber algo diferente, o paciente ou o familiar faz contato conosco. A gente orienta, visita ou pede para ele vir ao consultório. Já quando a pessoa está hospitalizada, ela é visitada pela equipe para traçar o perfil e realizar o gerenciamento. Com esses dados, analisamos idade, motivo de internação, tempo de internação e reincidência de internação. Feito isso, no momento da alta, a assistente social apresenta o programa e comunica a família sobre o benefício”, explica Adriana.
Ao chegar ao programa, o paciente passa por um processo de acolhimento, sendo realizado o chamado “plano de cuidados”. Nesta etapa, a equipe multidisciplinar levanta tudo o que ele precisa para receber assistência integral. Semanalmente, a mesma equipe designada para atendê-lo se reúne pra discutir o caso.
Oficinas e atividades motivam o cuidado com a saúde
O Vida Saudável Plasc, além de promover assistência multidisciplinar por meio do Saúde Integral, realiza atividades complementares, entre elas as oficinas de saúde, que têm como objetivo levar informações e esclarecimentos a respeito de doenças crônicas. As palestras são ministradas pelos próprios profissionais do programa, com base nas demandas observadas durante as consultas aos pacientes.
“Logo no começo do ano, estabelecemos um calendário com as datas para que todas as pessoas possam se programar. A gente percebe uma participação muito interessante por parte dos beneficiários, gerando vínculos entre eles e a equipe. Eles vão se sentindo mais motivados, integrados e acolhidos”, observa Adriana, acrescentando que as oficinas acontecem uma vez ao mês no Salão Nobre da Santa Casa.
Ainda nesta linha de cuidados complementares e interação social, o Vida Saudável está lançando um novo projeto, “Cheio de Vida”, destinado à realização de atividade física em grupo em prol do ganho de força, equilíbrio e mobilidade. A iniciativa é fruto de uma parceria firmada entre o Plasc e o Santa Cruz Shopping e tem como objetivo mostrar aos beneficiários do programa como o exercício físico contribui para uma vida mais ativa, saudável e com autonomia.
Quem está ansiosa para começar as aulas é a aposentada Ana Maria Machado Moreira, 69 anos. “Achei muito interessante ter mais essa atividade para manter a minha saúde. É sempre bom buscar o fortalecimento muscular. Vejo o projeto como mais uma forma de prevenção a problemas, assim como todas as assistências que o Vida Saudável me proporciona. Sem dúvidas, o programa fez a diferença na minha vida.”
Os encontros vão acontecer duas vezes por semana nas instalações do shopping. O acompanhamento de cada participante será feito por preparador físico, fisioterapeutas, nutricionista e psicóloga.
Protagonismo do paciente
Paralelamente, o programa realiza iniciativas que favorecem o protagonismo do paciente Plasc. Um exemplo é a exposição de fotos dos pacientes idosos. Os registros, conforme Adriana, foram feitos para promover o amor próprio de cada um deles, mostrando que as pessoas podem se sentir bem em qualquer idade. “Outra ação interessante foi quando pedimos para que eles trouxessem um objeto pessoal. Ali ouvimos histórias maravilhosas, e eles se sentiram muito valorizados e reconhecidos”, completa.
O programa ainda preza por ações abertas à comunidade, que reforçam o compromisso social do Plasc com Juiz de Fora. “A gente entende a riqueza e a importância de estar em um lugar movimentado e oferecer orientação e conscientização sobre cuidados com a saúde, muitas vezes, para pessoas que não têm acesso a um plano de saúde, mas têm o desejo de se cuidar”.
“Natureza Perfeita” aumenta a realização de partos naturais
Outro braço do programa Vida Saudável é o Natureza Perfeita, destinado às gestantes que já realizam o pré-natal pelo Plasc. O objetivo é estimular a escolha pelo parto natural, seguindo as recomendações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por meio do programa Parto Adequado, que visa a reduzir o número de cesárias desnecessárias no país. Desde 2016, quando foi criado, o Natureza Perfeita tem registrado bons números: cerca de 55% das grávidas participantes conseguiram realizar o parto normal. Antes, 98% dos nascimentos realizados na Santa Casa eram por cesárea.
“Esse dado é uma representatividade muito grande dentro do cenário nacional. Acreditamos que as palestras realizadas dentro do programa sobre o processo de gravidez e o enfretamento do momento do parto – desmistificando o medo, a angústia e a expectativa da espera pra viver o nascimento do seu filho -, feitas por psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, pediatras, obstetras, ginecologistas e enfermeiras, têm mostrado às mulheres um outro caminho, colocando a cesárea como último recurso. Claro que não é um impeditivo fazer cesariana, mas pra participar do programa, a mulher tem que ter o desejo de fazer o parto natural”, explica Adriana.
À espera de Samuel, a secretária Daniela Ottoni de Souza, 33 anos, encontrou no Natureza Perfeita a oportunidade para compreender melhor suas inseguranças em relação à segunda gestação. Seu desejo é conseguir realizar o parto de forma natural, algo que almeja desde a sua primeira gravidez. “Há seis anos, quando o Henrique nasceu, eu tentei, mas, devido à ansiedade, não consegui. Participando do programa, minha expectativa é conseguir realizá-lo. Eu me sinto muito confortável em relação aos profissionais e também às outras mães, pois a gente se identifica com os relatos e se sente acolhida. Nós aprendemos a conviver melhor com os pitacos alheios, ressignificamos experiências já vividas e tiramos dúvidas. Mesmo na segunda gestação, é uma experiência nova, pois é uma outra vida dentro de mim”, conta.
Daniela foi convidada a participar do programa por meio da busca ativa feita pelo Plasc, após a realização de exames. Outra forma de ingresso é por meio da indicação do obstetra. O Natureza Perfeita também promove encontros com ex-participantes do programa para uma nova troca de experiências, e leva as mães, ou futuras mamães, ao apartamento designado à realização do parto normal, que fica no 10º andar da Santa Casa. O Natureza Perfeita registra, anualmente, a participação média de 80 grávidas, com seus companheiros. (B.R.)
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