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Oncofertilidade: cuidando da fertilidade dos pacientes com câncer

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Juliana Polisseni, embriologista, destaca como a ciência vem ajudando na preservação da fertilidade (Foto: Kempton Vianna)
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Esta é uma pergunta muito frequente nos consultórios médicos. Ainda que indispensáveis na luta pela vida, alguns tratamentos utilizados na cura do câncer, ou até mesmo a própria doença, podem levar ao comprometimento do futuro reprodutivo de pessoas em idade fértil. Mas, ao receber o diagnóstico de um câncer, pacientes e familiares se veem imersos em um turbilhão emocional. A incerteza do que virá, os novos desafios a serem enfrentados e os muitos questionamentos fazem parte deste momento. Poder ter filhos após o tratamento do câncer significa poder ter uma vida plena, com qualidade, e este planejamento deve fazer parte do enfrentamento da doença. Pois, felizmente, graças à constante evolução da Medicina e aos avanços nos tratamentos oncológicos, o número de mulheres e homens jovens que vencem esta batalha também tem aumentado muito.

Por este motivo, já é mundial a recomendação por sociedades que reúnem especialistas na matéria, que os médicos assistentes conversem com seus pacientes oncológicos sobre as repercussões do tratamento em relação a potenciais danos à saúde reprodutiva. A quimioterapia, assim como a radioterapia pélvica e algumas cirurgias podem exercer um efeito tóxico e comprometer a fertilidade. Por isso, não só a cura do câncer, mas também a garantia de manutenção da qualidade de vida após o tratamento deve ser levada em consideração, e é importante que se discuta com o médico todas as dúvidas sobre os possíveis riscos quanto ao comprometimento da fertilidade.

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Oncofertilidade: contribuição da ciência na esperança da gravidez após o câncer

A geneticista Natálya Gonçalves Pereira investiga os riscos de mutações genéticas (Fotos: Kempton Vianna)

O campo da ciência voltado à preservação da fertilidade de pacientes que enfrentam quaisquer doenças ou tratamentos que possam levar ao comprometimento da função reprodutiva é denominado Oncofertilidade. “Ela se caracteriza por uma abordagem multidisciplinar, que exige a interação de vários profissionais, sendo essencial haver plena sintonia e conjunta tomada de decisões por parte do oncologista e do especialista em infertilidade, para que não haja atraso ou prejuízo ao tratamento oncológico”, explica a embriologista Juliana Polisseni, diretora do laboratório da Nidus Medicina Reprodutiva, clínica pioneira na técnica em Juiz de Fora e região. “Para as mulheres, o tratamento de primeira linha destinado à preservação da fertilidade, disponível atualmente, é o congelamento de óvulos ou de embriões.”

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“O câncer de mamas, por exemplo, pode atingir mulheres jovens, em idade reprodutiva, e que ainda não tem filhos, mas que querem planejá-los para o futuro, após a cura da doença. Como os quimioterápicos usados no tratamento do câncer de mama podem causar destruição total ou parcial dos óvulos, torna-se importante preservá-los antes da quimioterapia, desde que isso não atrapalhe o tratamento da doença”, explica Juliana

Em primeiro lugar, a mulher precisa utilizar medicamentos hormonais, por um período de 10 a 12 dias. Eles vão estimular os ovários a produzirem vários óvulos de uma só vez. Depois, estes óvulos serão retirados do ovário por via vaginal, com uma agulha, sob anestesia. Os óvulos serão selecionados e os melhores serão congelados e poderão ser utilizados no futuro, quando ela desejar engravidar. Neste caso, será realizada uma Fertilização in vitro para fecundá-los, gerando os embriões em laboratório. Estes embriões serão colocados do útero da paciente e ela poderá engravidar após estar curada, mesmo que seus ovários tenham sido prejudicados e não funcionem mais após a quimioterapia

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Outra técnica, a retirada cirúrgica, congelamento e posterior re-transplante de parte dos ovários, tem sido alvo de muitos estudos ,mas ainda é considerada experimental. No entanto, explica a embriologista, é uma técnica promissora para casos de câncer em meninas pré-púberes ou pacientes com um câncer muito agressivo, em que não há tempo para o uso dos hormônios e retirada dos óvulos, antes da quimioterapia.

Para os homens, até o presente momento, o método disponível para aplicação clínica é o congelamento do sêmen. O congelamento de tecido testicular e posterior autotransplante seria a opção para meninos pré-adolescentes, porém tal método permanece ainda restrito ao campo das pesquisas.

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A Clinica Nidus faz parte do Programa PROTEGER, projeto de responsabilidade social que visa facilitar o acesso das pacientes com câncer ao congelamento de óvulos, para preservação da fertilidade. Neste projeto, a empresa farmacêutica parceira fornece, gratuitamente, todo o medicamento necessário para a estimulação dos ovários e produção dos óvulos no processo de criopreservação.

Aconselhamento genético na prevenção do câncer e programação do futuro reprodutivo

Alguns tipos de câncer podem estar relacionados à herança familiar e, muitas vezes, é importante identificar o risco de se desenvolver a doença, depois de ter um membro da família acometido. Neste caso, o foco está na prevenção.

A geneticista da Nidus, Natálya Gonçalves Pereira explica que durante a consulta de aconselhamento genético a especialista realiza uma revisão detalhada do histórico médico, pessoal e familiar do paciente e indica se é necessário realizar exames específicos, determinando quais os riscos de transmissão de alguma mutação genética e desenvolvimento do câncer.

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Algumas mutações genéticas relacionadas a um maior risco de câncer de mamas, por exemplo, podem levar, também, a uma parada precoce do funcionamento dos ovários. Neste caso, além das medidas de prevenção do câncer, torna-se importante orientar a paciente quanto à programação de seu futuro reprodutivo.  As pacientes jovens que ainda não têm filhos ou não têm previsão de quando vão engravidar, podem lançar mão do congelamento de óvulos para preservar sua fertilidade, o que possibilita planejar a gestação para um momento oportuno, mesmo que o ovário pare de funcionar mais cedo

Além disso, há casos em que a retirada dos ovários pode estar indicada para prevenir a instalação de um câncer em uma paciente com risco genético aumentado. Se esta paciente ainda não tem filhos, mas deseja ter a oportunidade de planejá-los, poderá retirar seus óvulos e guardá-los congelados, antes da retirada dos ovários

É a ciência atuando em favor da vida!

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