A rinoplastia, cirurgia plástica por meio da qual o nariz é modificado para atender questões estéticas ou funcionais, tem se tornado mais comum após a pandemia de Covid-19. Apesar disso, ainda há dúvidas sobre o tema, já que é preciso considerar também os aspectos funcionais do nariz, para além dos fins estéticos. É o que explica o médico otorrinolaringologista especializado em rinoplastia, Thiago de Oliveira Barros, que atende em Juiz de Fora.
Em entrevista à rádio Tribuna Transamérica, o especialista em cirurgia cérvico-facial explica que, muitas vezes, os pacientes – em sua maioria, mulheres – buscam a intervenção com queixas sobre a aparência do nariz. Entretanto, é preciso avaliar essas queixas. “A rinoplastia é uma cirurgia estética, funcional ou estético-funcional do nariz. O paciente chega até mim com as queixas dele, mas é preciso avaliar se elas são reais. Se elas realmente procedem, vamos dar andamento a uma programação cirúrgica para esse paciente, para verificar quais as reais possibilidades.”
O primeiro passo é a realização de uma consulta longa, em que médico e paciente vão definir o objetivo da rinoplastia. “Gastamos cerca de uma hora nessas consultas. Além de conversar, fazemos um exame físico para verificar se existe desvio de septo, como é o tipo de nariz do paciente e qual é a melhor técnica cirúrgica para esse caso. Nesse momento eu gosto de fazer uma coisa bem minha mesmo e que muitos médicos não fazem, que é a simulação de como o nariz do paciente vai ficar.”
Thiago conta que faz fotografias do nariz do paciente em estúdio ou no consultório e, de acordo com suas necessidades e desejos, desenha manualmente como será o resultado do nariz após a cirurgia. “É uma forma muito interessante de médico e paciente enxergarem um objetivo, de definirmos o que vamos buscar. Sempre falo para os pacientes que ali é um computador, e que o ser humano tem a cicatrização, com muitas variáveis, mas assim podemos definir um objetivo, e isso melhora demais a comunicação entre médico e paciente, para ele ver que eu entendi o que ele está buscando.”
Em seguida, é dada sequência ao plano definido por médico e paciente para a realização da cirurgia, contemplando as questões funcionais e estéticas de forma segura.
‘Técnicas de rinoplastia evoluíram nos últimos anos’
Atualmente, o médico Thiago Barros, que tem duas especializações e um mestrado na área da otorrinolaringologia, atua em dedicação exclusiva à rinoplastia em seu consultório. Há quase 20 anos como médico, ele é enfático ao dizer que as técnicas relacionadas à rinoplastia evoluíram muito nos últimos anos.
“As técnicas cirúrgicas melhoraram e evoluíram muito nos últimos anos. Apesar de ser jovem, já atuei com práticas mais antigas e mais modernas, e, nos últimos cinco anos, ganhamos uma previsibilidade maior de resultados. Em termos de inovação, o que temos de maior ganho é a forma de lapidar e moldar o nariz. Antigamente, a gente fazia com martelo e tipo um cinzel, como se fosse um carpinteiro entalhando uma madeira, mas hoje em dia conseguimos fazer com aparelho de ultrassom, que é o piezo, com pouquíssimo trauma e sangramento. O paciente tem um pós-operatório mais confortável, com menos edema, menos formação de fibrose e resultados mais previsíveis.”
Thiago também destaca que a melhoria nas técnicas favoreceu a segurança ao paciente que faz a rinoplastia, que é uma cirurgia com poucos riscos. “O paciente entra na sala de cirurgia, opera e tem alta no mesmo dia, não precisa ficar internado. Nunca tive um paciente que foi para o CTI ou faleceu, por exemplo. Complicações podem existir, como uma infecção, uma reação orgânica em que o nariz perde um pouco da forma original, mas é uma cirurgia com baixo risco, desde que seja feita uma programação pré-cirúrgica bem feita, com avaliação com cardiologista e exames de sangue.”
Especialista dá dicas para quem deseja ou precisa de rinoplastia
Para além da estética, há pacientes que precisam da rinoplastia por conta de questões funcionais do nariz. É o caso de pessoas que têm obstrução nasal e dificuldade de respirar ou que tenham sofrido um trauma e precisam passar pela rinoplastia como cirurgia reparadora. Independente do motivo para a realização da rinoplastia, o especialista Thiago Barros dá dicas para aqueles que vão passar pela cirurgia.
Uma delas está relacionada à aparência desejada após a cirurgia. “O nariz está no centro da face. Por isso, o paciente deve ter uma boa conversa com seu médico, também para entender que a face tem proporções, e o que a gente vai buscar no nariz novo são proporções que se adéquam e têm uma harmonização com esse rosto”.
Ele completa ressaltando que, principalmente nos casos da rinoplastia feita com fins estéticos, o ideal é que o paciente tenha também acompanhamento psicológico. “No período pós-pandemia, com maior uso de redes sociais e as pessoas se enxergando mais nas telas, elas começaram a ver algumas proporções indesejadas na face, e a procura por rinoplastia aumentou muito. Mas é preciso ter amadurecimento psicológico para isso, e além de todos os fatores biológicos, a pessoa tem que buscar distinguir as possibilidades reais e o que é fictício, gerado pelas redes sociais.”
O médico recomenda ainda que a pessoa que vai passar por uma rinoplastia estude mais sobre o assunto e procure saber sobre o médico que ela vai eleger para realizar a cirurgia, que é complexa e realizada por poucos especialistas.