Sabe aquela pressão que sentimos na região da face, próxima ao nariz e aos olhos, que logo evoluí para uma dor de cabeça? Se for em conjunto com secreção e obstrução nasal, está instalado um quadro de sinusite. A situação, que pode estar associada a alguma alergia ou ação de vírus, fungos ou bactérias, possui estratégias de tratamento que vão além do uso de antibióticos e corticoides. Com a tecnologia aplicada à medicina, já é possível tratá-la com imunobiológicos e com imunoterapia, que trazem mais qualidade de vida para o paciente.
“É muito comum começar com um quadro alérgico – de rinite alérgica – e evoluir para um quadro de sinusite, tendo uma infecção concomitante bacteriana. Embora existam dois tipos diferentes de sinusite, os mesmos podem se sobrepor, e o paciente apresentar um quadro alérgico associado a um quadro infeccioso”, destaca o médico especialista em alergia e imunologia, Fernando Aarestrup. O grande problema é identificar o tipo de sinusite pelos sintomas, que são semelhantes em todas as situações. “Por isso há pacientes que não respondem bem ao tratamento, fazendo com que as crises se repitam. Cada sinusite deve ser tratada de um jeito específico”, alerta.
A solução, segundo o especialista, é iniciar a investigação do tipo por meio de um teste alérgico para, então, iniciar o tratamento adequado. “Chamamos esse diagnóstico de endotipos e fenótipos, que visam a identificar as características genéticas do paciente associadas às características clínicas e ambientais. É isso que faz com que tenhamos tipos diferentes de sinusite”, explica.
Tecnologia ligada aos imunobiológicos
Os imunobiológicos, ou anticorpos monoclonais, têm sido vistos como boas ferramentas para tratar alergias, asma grave, urticária, psoríase e alguns tipos de câncer, contudo, nos últimos anos, eles têm contribuído também para a rinossinusite crônica, sobretudo com a presença de pólipos nasais. “É aquele paciente clássico, que já operou para retirar o pólipo várias vezes, mas a doença vai e volta. Este paciente, além de já ter um quadro alérgico associado, pode ter a indicação para utilizar essa nova classe de medicamentos. Ou seja, aqueles 10% de casos que nós não tínhamos como resolver, agora, com o diagnóstico adequado, têm grandes chances de serem solucionados”, aponta Aarestrup.
Outra estratégia interessante, conforme o médico, é modificar a imunidade desses pacientes por meio da imunoterapia, que pode não só melhorar quadros de rinossinusite crônica como curá-los. “Existem hoje dois tipos de imunoterapia possíveis de serem feitos: o clássico, que é a imunoterapia contra alérgenos, voltada para aquele paciente que tem o endotipo e o fenótipo exclusivamente relacionado a alergias respiratórias; e o que utiliza extratos bacterianos de altíssima potência. Nesta opção, essas substâncias aumentam a imunidade específica nos casos da doença, pois contêm antígenos dos oito principais tipos de bactérias que causam as sinusites infecciosas e, consequentemente, o paciente passa a ter um sistema imunológico com uma imunidade inata (natural), muito mais potente para combater esses agentes infecciosos”, conclui Fernando. (B.R.)