O Monte Sinai foi pioneiro, em Juiz de Fora, na realização de processos seletivos com testes práticos na área assistencial. Mas a iniciativa ganhou um grande ativo recentemente, ao implantar um projeto antigo da equipe de Enfermagem: o Laboratório de Habilidades. Esta medida é parte da política de capacitação de pessoal do hospital e beneficia perto de 70% da sua força de trabalho, considerando não só enfermeiros e técnicos, mas também a equipe multidisciplinar.
Outra ação importante, uma parceria da área de Gestão de Pessoas, com a Enfermagem e o Núcleo de Segurança do Paciente, é a Unidade Incubadora, que ocupará um andar inteiro do hospital. “Ela visa estruturar um ambiente propício para aprendizagem e integrar formação, conhecimento, inovação, tecnologia e educação em um mesmo espaço. O enfermeiro da educação corporativa, admitido recentemente, é quem conduzirá todo o período de incubação do colaborador. Seu foco é integrá-lo à cultura da instituição, compreendendo o modelo assistencial a ser desempenhado, proporcionando o desenvolvimento e aperfeiçoamento das competências, habilidades e novas técnicas para que o profissional esteja preparado para a exercer sua função na unidade de destino”, esclarece Zimmer Moraes, Gerente de Gestão de Pessoas.
Provas práticas, efetivação e reciclagem
A RT de Enfermagem, Karina Ferraz, hoje, responsável pela Gerência de Enfermagem do Monte Sinai, explica que o objetivo da instituição com estes projetos é elevar o nível de atendimento e segurança dos pacientes, proporcionando ambiente prévio para garantir que os procedimentos fiquem mais próximos da realidade. Esta proposta começou há vários anos, quando o Monte Sinai introduziu provas práticas na admissão de pessoal da área de assistência. Mas eram realizadas no setor de RH, com montagem e desmontagem de um aparato enorme e improvisado, a cada seleção de pessoal. Agora, o Laboratório de Habilidades absorveu esta função e conta com quatro estações bem equipadas. E vai atender toda a área assistencial, como a Fisioterapia, por exemplo.
O Laboratório de Habilidades permitirá ir muito alem das seleções, tanto externas quanto internas. Nele, também acontecerão as provas de habilidades que avaliam o funcionário na fase de efetivação (durante 90 dias do período de experiência) e, principalmente em treinamentos e reciclagens, conforme o plano de desenvolvimento anual do hospital. Karina explica que o Laboratório em si também é experimental. Ele foi implantado num dos alojamentos conjuntos (Enfermaria) e, futuramente, ganhará área própria ao lado do Centro de Estudos Monte Sinai. Mas já está montado como foi idealizado, para ser aperfeiçoado até sua instalação definitiva.
A dinâmica do espaço já absorveu mudanças que tiveram sua importância evidenciada com fluxos de segurança na pandemia de Covid: higienização das mãos e paramentação no uso de EPIs. Para treinar e avaliar estas habilidades, duas subestações testam o conhecimento dos funcionários nestes processos. O restante da estrutura está dividido em quatro estações bem específicas.
Experimentação de todos os cenários da assistência
Estação 1
No espaço, o funcionário monta procedimentos como dreno de tórax, acesso central ou aprende a programar o uso de bisturi elétrico. Nela estão todos os materiais de intubação, para que ele conheça seu uso ou pratique o que está previsto em sua habilitação.
Estação 2
Em um leito hospitalar completo, a estação tem como protagonista um manequim realístico. Nele há vários dispositivos para cuidados de Enfermagem e Fisioterapia: sonda vesical, intubação, sonda nasoentérica, dreno de tórax, de sucção, dentre outros. Ele também ajudará a treinar a movimentação do paciente no leito, mudança de decúbito e muito mais.
Estação 3
Permite ajustar as práticas de preparo e administração de medicações. Tem um carrinho igual ao utilizado nos postos de enfermagem, e outro idêntico ao de urgência. O objetivo é aperfeiç o preparo e diluição de drogas e, além disso, um braço (manequim) de simulação ajuda a aperfeiçoar a punção venosa.
Estação 4
Nela há espaço para todos os materiais utilizados pela Fisioterapia e bancada com preparos para manipulação de vias aéreas. Em outra bancada estão todas as coberturas e curativos utilizados no Monte Sinai para treinamento quanto ao momento de utilizá-los e suas indicações. Na estação há ainda um boneco para treinar o banho do recém-nascido (RN), mostrando a forma mais adequada de pegar o bebê, como fazer os banhos de toalha, e outras técnicas para manipulação segura do RN. Serão introduzidos outros dois “bebês”, para treinar cuidados com PICC (cateter venoso central de inserção periférica de longa permanência), e o “port-a-cath”, utilizado para infusão de quimioterapia – ambos são dispositivos de infusão de drogas.
Enfermeiro especializado vai ajudar a efetivar o projeto
Também serão capacitados funcionários em troca de função e na correção de práticas, além de avaliar os candidatos que querem ingressar na equipe. Para completar a integração do funcionário às práticas, todos os impressos e cartilhas ficam à disposição dos funcionários no espaço e a RT Karina Ferraz já está solicitando de mais um braço de simulação, para treinar também infusão intramuscular, e um tórax para ressuscitação cardiorrespiratória (RCP). O Enfermeiro de Educação Corporativa é quem vai assumir o espaço e aperfeiçoará os projetos de capacitação, seleção e desenvolvimento, além de consolidar a absorção de novas técnicas, retreinamento em novas habilidades e áreas especializadas.
Unidade Incubadora
O objetivo da unidade incubadora educacional é ter uma área dedicada ao desenvolvimento técnico e comportamental dos novos colaboradores da área assistencial. “Ela atenderá a uma das principais dificuldades que o mercado da área da saúde enfrenta hoje: fragilidade na oferta de profissionais capacitados e preparados para suprir as necessidades e exigências técnicas que se espera de alguém neste segmento”, explica a gerente de Gestão de Pessoas do Monte Sinai, Zimmer Moraes.
O amadurecimento da ideia da incubadora e do profissional de educação corporativa foram propostas da enfermeira Aline Beviláqua, responsável pelo Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) do Monte Sinai. “Com foco de educação permanente e na consolidação da segurança do paciente, esta ação estratégica ajudará, inclusive, a mitigar incidentes, em especial os graves. O profissional de Educação Corporativa será o responsável por todo o plano de treinamento e desenvolvimento da equipe assistencial, além de conduzir a ‘Unidade Incubadora’ cujo principal objetivo é não só desenvolver os novos, mas também promover a educação continuada dos profissionais da Assistência”, completa Aline.
Enfermagem, RH e NSP conhecem bem a exigência do público (pacientes e familiares) do Monte Sinai por uma assistência qualificada. A necessidade de desenvolver, e também de reter talentos, além de oferecer um serviço padronizado e de qualidade, justificam destinar um andar inteiro do hospital a unidade incubadora. O Enfermeiro de Educação Continuada estará focado em identificar profissionais com a cultura de excelência, qualificar processos ligados à assistência e fazer melhorias significativas nos indicadores de segurança do paciente.
A reestrutução do hospital para atender às necessidades de enfrentamento do coronavírus adiou o início da Incubadora, já que o andar em que será implementado o projeto está em modo reserva para adaptação às necessidades dos fluxos de Covid-19. Atualmente abriga tanto a UTI Neonatal, quanto o Laboratório de Habilidades e o vestiário provisório do Centro Cirúrgico.
Projeto completa a integração do funcionário à cultura de qualidade e segurança do paciente
“A cada novo funcionário numa unidade é atribuído um funcionário da Incubadora, chamado multiplicador (mentor), que acompanhará o recém-admitido durante todo o período de incubação, sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro responsável”, explica Zimmer. O projeto já está bem descrito com os métodos de avaliação, com provas teóricas e práticas, utilizando os processos da avaliação de desempenho do projeto de gestão por competências já implementado no Monte Sinai.
Atualmente, o funcionário admitido absorve a cultura organizacional da instituição na Comissão de Recepção, que promove a ambientação e adaptação até a integração admissional no setor, onde passa por treinamentos técnicos, assistenciais e testes em atividades críticas. Depois é integrado à equipe multidisciplinar e, finalmente, chegará à Unidade Incubadora, onde completará o programa de integração no setor de atuação, sendo acompanhado pelo enfermeiro da área, juntamente com um colega de trabalho (mentor).
O papel da unidade incubadora é desenvolver estes profissionais por meio de uma tecnologia de aprendizagem a serviço da vida, focado nas práticas assistenciais existentes, garantindo a qualidade e a segurança dos cuidados prestados ao paciente. “Este programa de acompanhamento também é estruturado para que o colaborador se sinta acolhido em seu ambiente de trabalho e suas atividades são realizadas gradativamente, conforme o desempenho que demonstrar no dia a dia. Então, seguirá em observação e acompanhamento durante os primeiros três meses de trabalho”, conclui Zimmer.
Capacitação médica em tempos de pandemia
Evitar a aglomeração de congressos e simpósios trouxe grande número de lives, webnar e outros eventos virtuais à rotina dos médicos. Mesmo assim, o Centro de Estudos Monte Sinai continua aberto e à disposição do corpo clínico e técnico da instituição. Mas algumas necessidades práticas ainda requerem visualização e manipulação de materiais e equipamentos. E foi a pedido dos cirurgiões vasculares do Monte Sinai que a Hemodinâmica, recentemente, solicitou treinamento presencial específico para trombectomia endovascular (mecânica para remoção de um trombo/coágulo, sob orientação de imagem). O equipamento, suas aplicações e funcionamento foram apresentados, no Centro de Estudos, pela equipe técnica em produtos da distribuidora que representa o sistema, disponibilizando-se para um atendimento exclusivo.
Em grupos pequenos e agendados, os vasculares conheceram o sistema que já é bastante utilizado pelos radiologistas e neurorradiologistas da equipe. E também contou com uma cena típica da era Covid, com a aula sendo transmitida em videocall para um dos profissionais que preferiu não se deslocar até o hospital. Um vídeo demonstrativo ficará à disposição para retreinamento dos demais.
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