Ícone do site Tribuna de Minas

Janeiro Branco: a epidemia oculta na saúde mental e a necessidade de quebrar tabu

destaque 5
PUBLICIDADE

No calendário das cores, o janeiro é branco em alusão à saúde mental. Nós, brasileiros, temos a tradição, quando muito, de cuidar do corpo, mas negligenciamos a mente. A ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros, sendo o transtorno mental mais presente entre nós na pandemia (86,5%). Os números da Organização Mundial de Saúde (OMS), reforçam o fato de o Brasil ser o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo.

O assunto ganha ainda mais relevância com a pandemia, quando tudo mudou, em março de 2020. Convenhamos, a alteração no estado emocional, até certo ponto, é compreensível, como alerta o psiquiatra Pedro Rocha Nardelli. Apesar de a procura pela psiquiatria ter aumentado em cerca de 50%, conforme dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), boa parte das pessoas não possuem assistência médica adequada.

PUBLICIDADE

“Arrisco dizer que enfrentamos subnotificações na saúde mental, seja por medo ou por preconceito pela procura por ajuda. Muitas pessoas que ainda não sabem identificar suas próprias emoções e enfrentam sérias dificuldades”, lembra o médico diante da relevância do Janeiro Branco nos dias atuais.

PUBLICIDADE

Com o lema “Todo Cuidado Conta”, a ação deste ano busca promover um pacto pela saúde mental em meio à pandemia da Covid-19.

Especialista em Psiquiatria, Dr. Pedro Nardelli deu recomendaçõesde atividade que podem auxiliar as pessoas que sofrem com transtornos mentais (Foto: Divulgação)

Mudanças bruscas

Na esteira do coronavírus, o convívio familiar foi amplamente testado, além da readequação a um novo modelo de trabalho aliado a escolas e comércio fechados. Somam, ao medo do contágio e da morte à incerteza do emprego, um cenário desafiador para a mente humana.

PUBLICIDADE

Na avaliação do psiquiatra, diante das turbulências emocionais, é necessária a tomada de atitude. A primeira delas é a aceitação. “As pessoas têm muitos e diferentes medos. Nossa geração nunca lidou com uma situação como essa. Percebo que muitos indivíduos ainda rejeitam a ideia da pandemia. Previsões, informações e expectativas – com fim da pandemia e com a vacina – em excesso são, atualmente, a nossa vulnerabilidade”, relata Pedro Nardelli.

É, neste cenário, essencial buscar ajuda quando aparecem sintomas físicos que impactem o cotidiano, com atenção para a sensação de angústia, sentimentos de não pertencimento, dificuldades para se relacionar e desinteresse por atividades diárias.

PUBLICIDADE

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chama a atenção para o fato de a saúde mental provocar reflexos na vida de pessoas de diferentes faixas etárias e também na economia, constituindo, em boa parte, causa de afastamento do trabalho. A perda do emprego, contudo, traz mais um impacto emocional. O psiquiatra Pedro Nardelli dá dicas simples para amenizar tais transtornos.

“Promova bons momentos em casa com a família, evite se isolar, faça chamadas de vídeo com amigos, ouça música, use aplicativos de meditação e de streamings. Ressalto também o uso favorável da tecnologia e a cautela com o excesso de informações”.

Falta debate

Os dados da ANS comprovam a importância de se ampliar o debate para enfrentamento dos transtornos mentais. Mais de 70% dos indivíduos com depressão não conversam sobre a doença por vergonha de serem julgados e receio de preconceito. “Essas doenças que costumam ser negligenciadas, principalmente pelas famílias. São situações que deveriam ser prontamente atendidas, mas que por causa do tabu, acabam piorando o quadro do paciente. Se você busca ajuda para uma dor física, por que não procurar ajuda para dores emocionais?”, questiona Nardelli.

PUBLICIDADE

Até agosto deste ano, inclusive, o Ministério da Saúde deverá lançar a linha 196 para atendimento de pessoas com transtornos mentais.

Instagram: @drpedronardelli
Facebook: /pedrorochanardellipsiquiatria

Sair da versão mobile