A Fibrilação Atrial (FA) é a arritmia cardíaca mais comum e sua prevalência aumenta na medida em que a população vai envelhecendo. Já afeta quase 1/4 dos chamados grandes idosos, que têm 80 anos ou mais. E estima-se que, em 2030, cerca de 20% da população mundial estará nesta faixa etária, o que evidencia a importância de conhecer melhor o controle desta anormalidade, como mostra a eletrofisiologista Drª Ana Claudia Venancio, à frente do Centro de Fribrilação Atrial do Hospital Monte Sinai.
A boa notícia é que acredita-se, hoje, que se a Fibrilação Atrial for tratada numa fase mais precoce da vida, pode permitir que, mesmo com o crescente envelhecimento da população, este volume de pacientes seja reduzido. “Um recente trabalho na área mostrou que se você trata a Fibrilação Atrial de pacientes que têm insuficiência cardíaca, eles melhoram desta insuficiência, vivem mais, morrem menos e sobrevivem com mais qualidade de vida. Este conhecimento não era, antes, uma verdade muito sedimentada. Outra grande importância no tratamento da FA é a anticoagulação dos pacientes. Isso porque a FA também é a segunda maior causa de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e, se há uma forma de controle para prevenir o derrame (com medicação), o ideal é mesmo que todos os pacientes sejam conduzidos de maneira adequada para evitá-lo”, completa Drª Ana Claudia.
A arritmia cardíaca sempre foi tratada pelo próprio cardiologista com medicação. Mas as mudanças possíveis na condução atual, porém, garantem ao médico assistente ferramentas novas que irão ajudá-los ainda mais no acompanhamento e controle dos pacientes de Fibrilação Atrial. Além de profissionais especializados nos tratamentos, há procedimentos específicos para tratar a Fibrilação Atrial, como ablação, oclusor de auriculeta e marcapassos.
Opções de recursos à disposição do médico
Os cardiologistas da região contam com um conjunto de recursos para seus pacientes no, recentemente criado e inovador, Centro de Fibrilação Atrial do Hospital Monte Sinai. Isso porque a condução adequada e a indicação correta é que vão ajudar no controle das arritmias, e não só as ferramentas disponíveis. O serviço conta com um staff de cardiologistas para a Cardioversão Elétrica (CVE) e apoio multiprofissional para pacientes de Fibrilação Atrial.
O Centro vai funcionar com o suporte técnico da Emergência de Alta Complexidade e da Hemodinâmica do hospital, além do apoio de especialistas para avaliações dos procedimentos. O serviço oferece as tecnologias de ponta disponíveis no país para ablação (ainda é o único no Estado com um aparelho para crioablação) e oclusores de auriculeta.
Indicação adequada garante melhores resultados
Drª Ana Claudia reforça a importância da indicação correta de cada suporte para controle da Fibrilação Atrial. A ablação, por exemplo, é utilizada quando o paciente é refratário a medicação ou quando se deseja um controle mais precoce deste tipo de paciente. Já o oclusor é implantado quando não consegue usar ou há contraindicação para uso dos anticoagulantes. E outra opção terapêutica, quando as demais não deram resultado ou quando se opta só pelo controle da frequência cardíaca, são os marcapassos.
Além disso, um dos principais recursos do Centro de FA é a unidade de Cardioversão Elétrica com opção de agendamento (eletivo). Trata-se de uma técnica em que se aplica um choque elétrico no tórax para reverter uma anormalidade do batimento cardíaco, utilizando-se um aparelho chamado cardioversor. Ele é indicado quando é necessário auxílio no controle do ritmo cardíaco. Isso porque, no caso do controle de frequência é possível deixar o paciente em FA, chamado de FA permanente. Neste caso, o médico só faz anticoagulação ou indica para oclusor. No controle do ritmo cardíaco, a CVE é uma ferramenta utilizada quando se quer reconduzir sempre o paciente para o ritmo normal, o ritmo sinusal. Isso pode ser feito quando só o medicamento não consegue reorganizar o átrio. “Mas a CVE é um auxilio naquele momento, ele não é o tratamento, o que faz a manutenção do ritmo é o remédio”, explica Drª Ana.
A CVE também é indicada para o paciente que está muito sintomático quando está em FA – muito cansado, alguns chegam a perder 30% da função normal neste período. Ou num evento agudo – quando o paciente fez o primeiro episódio, uma FA que não tinha antes. Ou ainda nos pacientes apresentando “holiday heart” ou coração de fim de semana, num período após uso de bebida alcoólica e desidratação que levam à fibrilação.
Drª Ana Claudia Venancio alerta para a importância do controle da doença e do uso adequado dos recursos à disposição. “Há muitos tipos de FA, todos com o mesmo tipo de eletrocardiograma, mas nem todos com a mesma causa e a mesma indicação de condução. Por isso, sempre há necessidade de avaliar adequadamente cada paciente. E a cardioversão elétrica e a ablação não são consideradas tentativas esporádicas, são recursos utilizáveis quantas vezes forem necessários até manter o paciente assintomático. E por isso foi criado o Centro de Fibrilação Atrial do Monte Sinai, que traz diversas configurações de apoio ao cardiologista no tratamento de seu paciente”, finaliza.
As novidades mais recentes nos tratamentos
A oclusão de auriculeta é um procedimento minimamente invasivo no qual um dispositivo é implantado na região do coração (um apêndice do átrio esquerdo – a auriculeta), onde se formam cerca de 90% dos coágulos. A técnica evita que algum coágulo entre na corrente sanguínea do paciente prevenindo o AVC. Já a ablação é uma forma de tratamento para casos de arritmias cardíacas ocasionadas por alterações nos impulsos elétricos do coração. Ela faz uma espécie de cauterização, uma lesão que vai provocar isolamento das veias pulmonares – tanto com calor quanto com frio, por congelamento.
Estes procedimentos contam com diversos tipos de mapeamento eletroanatômico e de cateteres específicos para a ablação. No caso dos oclusores de auriculetas, eles estão disponíveis em vários tipos, nas mais diversas formas para que se adaptem melhor às variações anatômicas onde será colocado o oclusor. E os marcapassos também evoluíram em termos tecnológicos, permitindo realizar ressonância magnética após sua programação.
Centro de Fibrilação Atrial do Hospital Monte Sinai
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