Hospital Ana Nery é referência em reabilitação

O ano era 2018 quando o PM reformado, Wellington Silva, deu adeus à cocaína e ao álcool. Problemas afetivos o levaram à depressão, marco para que ele perdesse o controle e se entregasse ao vício. Dias longe da família, sem vontade de comer, se cuidar, Wellington chegou a perder o interesse em conviver socialmente com as pessoas. Até que percebeu que não se controlava mais. “O que me fez chegar até o Hospital Ana Nery foi meu próprio interesse em mudar de vida”, garantiu o funcionário público reformado.

Aos 40 anos, depois de dois tratamentos no Hospital Ana Nery, vive hoje sem consumir álcool e drogas. Apesar de entender que para a medicina ele sempre estará em recuperação, ele se sente 100% recuperado, vivendo com sua família e seguindo sempre os 12 passos que aprendeu no tratamento. Várias pessoas que se tornam dependentes químicos chegam a destruir sua vida, algumas entretanto, assim como Wellington, também conseguem refazê-la. São pessoas que reconheceram o vício, aceitaram a perda do controle de si próprio e só após muito esforço, estão sóbrias, enfrentando o desafio da abstinência.

“O tratamento foi de suma importância para eu retomar minhas atividades e reconstruir laços familiares, como pai, esposo, amigo e ser humano. O vício já não faz mais parte da minha vida. Só tenho a agradecer ao Ana Nery”, conta Wellington, que teve duas internações no Hospital Ana Nery. Na segunda, mais maduro em relação ao tratamento, entendeu que o resultado dependia em grande parte de suas atitudes, e venceu, com a ajuda da equipe de Saúde Mental.

Hospital Ana Nery: Método Minnesota

Especialista em dependência química, o psicólogo Pedro Piazzi explica que o tratamento para deixar as drogas requer um conjunto de ações e a busca por ajuda especializada. Figura essencial no tratamento de Wellington, o profissional lembra que há muitos pacientes que chegam sem motivação para o tratamento e hoje estão abstinentes há mais de dez anos. Para obter esse resultado, Pedro e Carla Piazzi coordenam a reabilitação e atuam com a técnica Minnesota, utilizada no Hospital Ana Nery.

É um modelo de tratamento direcionado ao dependente químico com uma abordagem biopsicossocial, eficaz no combate aos principais mecanismos de defesa da doença, como a negação, a racionalização, a projeção e o orgulho. Aliado à prática dos 12 passos, o tratamento tem como objetivo a abstinência total do consumo de substâncias psicoativas. Pretende-se com este modelo mostrar como o dependente pode modificar suas atitudes e comportamentos e adquirir consciência de seus atos. Toda dependência é classificada como doença, há sinais e sintomas a identificar, como explica Carla Piazzi, coordenadora de Saúde Mental do Hospital Ana Nery. “O paciente passa a entender o tamanho que a substância ocupa na vida dele, o que ela traz e quais ferramentas ele deverá usar para vencer o uso delas, lá fora, quando já não está internado na instituição.”

O Hospital Ana Nery é a única referência de saúde mental dentro de um hospital geral. “A estrutura de profissionais de diferentes áreas é essencial para o tratamento psiquiátrico de dependentes químicos. Somos uma unidade de reabilitação e ensinamos o paciente a aprender a lidar com a liberdade”, relata Pedro.

O método Minessota é utilizado para pacientes que são internados através de convênio e particular. Já no SUS, fazemos parte da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) e funcionamos como um lugar temporário de cuidados que trata o paciente em crise.

Devido à disponibilização de leitos para o tratamento da Covid-19, os pacientes da saúde mental encontram- se temporariamente em local provisório, afastados, por segurança, da UTI e da enfermaria.

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