Não é de hoje que o vidro deixou de ocupar apenas janelas e portas para aparecer em posições nobres e úteis da casa. A versatilidade do material pode ser observada em locais como coberturas, corrimões, móveis e em cubas de banheiros e lavabos. Isto só é possível graças à tecnologia aplicada ao material, que garante, acima de tudo, durabilidade e segurança.
A ampla utilização do vidro na arquitetura contemporânea, segundo a arquiteta Fernanda Rubatino, é recente e acompanha, principalmente, as mudanças no mercado imobiliário, sobretudo a oferta de imóveis compactos. “Com os apartamentos cada vez menores, o vidro ganhou o seu lugar por proporcionar sensação de leveza e amplitude ao ambiente, além de atender às necessidades das pessoas, que passaram a optar por espaços integrados.”
Entre as melhores aplicações do vidro em projetos residenciais, está a de divisores de ambientes. “Neste caso são indicados vidros temperados, mais resistentes que os comuns. Assim, quando há quebra, o vidro divide-se em pedaços pequenos e não pontiagudos. Os mesmos também são indicados para boxes em banheiros”, orienta.
Para a utilização em escadas, coberturas e guarda-corpo, Fernanda destaca os vidros laminados. Neste tipo de material, existe uma película interna que ajuda a reter fragmentos caso o vidro venha a se quebrar. “Trabalhamos esses vidros quando há necessidade de maior segurança e resistência.”
Na aplicação em fachadas, a arquiteta recomenda atenção quanto à posição do sol e também ao tipo de vidro. Uma má escolha pode tornar o ambiente quente, desencadeando um desconforto térmico. Já para móveis, bancadas e tampos para mesa, é preciso verificar as espessuras e vidros adequados a esta finalidade.
Cores e texturas
Se no passado era comum ostentar vitrais coloridos em janelas, hoje os vidros com texturas, relevos e tons diversos seguem em alta, porém, sob um novo olhar. “Eles ganharam novos usos. Aparecem em divisórias, portas de armários e mesas. As cores mais usadas são branco, preto e bronze. Entretanto, tons mais fortes como vermelho, amarelo e azul também são utilizados nas mesmas aplicações, conforme o projeto e o gosto do cliente”, ressalta Fernanda.
Marco na arquitetura
Nos anos 1950, a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi tirou do papel o projeto que veio a se tornar um ícone da arquitetura moderna no Brasil: a Casa de Vidro. O imóvel, erguido na antiga Fazenda de Chá Muller Carioba, na região do Morumbi, em São Paulo, serviu de residência para ela e o marido – o também arquiteto Pietro Maria Bardi, idealizador do Masp – por mais de 40 anos. O nome Casa de Vidro se deu em função de sua fachada imponente de vidro, que parece flutuar sobre pilares, fixados em meio à natureza, como se fosse uma floresta particular.
A estrutura chama atenção e inspira construções até hoje. Quando projetou a casa, Lina quis conservar o terreno inclinado. Para isso, construiu a frente da casa sobre pilotis. A parte de trás ficou apoiada em muros de concreto estruturados no próprio terreno. Desde 1990, a casa abriga o Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que promove o estudo e a pesquisa nas áreas de arquitetura, design, urbanismo e arte popular brasileira. É espaço para exposições, publicações, palestras e conferências.