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As belezas naturais e urbanas de Juiz de Fora dentro de casa

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O arquiteto Silvio Cezar transportou o painel modernista “As quatro estações”, de Cândido Portinari, para a sala de jantar da mostra de 2015 do Casa Design
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As cidades brasileiras, das mais antigas às mais recentes, possuem os mais variados exemplos de estilos arquitetônicos predominantes em cada época. Juiz de Fora, que completa 168 anos no dia 31, ainda exibe referências de ecletismo, art déco e modernismo, inspirando e desafiando arquitetos a desenvolverem releituras e combiná-las a outros elementos em projetos contemporâneos de interiores.
Mesmo que de forma sutil, estes elementos valorizam, ao mesmo tempo, nossa casa e nossa história. “A malha urbana juiz-forana é rica em detalhes que podem ser explorados na decoração de um ambiente. O que mais gosto é o estilo art decó, muito presente em nossa cidade. Desse estilo vem a inspiração para um trabalho de arquitetura e decoração de interiores com a presença de linhas retas e volumes que se sobrepõem”, destaca o arquiteto Silvio Cezar Almeida Silva.

Entre os projetos criados pelo profissional, ele ressalta a releitura do painel modernista “As quatro estações”, de Candido Portinari, que parece ter sido transportado do Edifício Clube Juiz de Fora – projetado por Francisco Bolonha – para a sala de jantar da mostra de 2015 do Casa Design. “Utilizamos os elementos chave que compõem esse ambiente: buffet, mesa de jantar e iluminação. Mas para valorizá-lo e diferenciá-lo, utilizamos algum elemento que retratasse parte da história de nossa cidade. Então veio a ideia de fazer a releitura do painel”, explica.
Os antigos ladrilhos hidráulicos produzidos na extinta fábrica de Pantaleone Arcuri também serviram de ideia em outro projeto elaborado por Silvio. Os ladrilhos aparecem em uma brise na fachada residencial, onde foram recortados a laser em chapas de metal. A técnica pode ser reproduzida em aço carbono, corten e até chapas de cobre.

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Os aspectos naturais da cidade, como as curvas do Rio Paraibuna e do Morro do Cristo, mostram que essas linhas orgânicas são muito bem-vindas na arquitetura residencial. O arquiteto Claudio De Landa elaborou uma bancada de varanda em granito com o contorno do Morro do Cristo, visto de onde está instalada, num apartamento do Centro. “As formas não precisam, necessariamente, ser idênticas ao elemento original. Vejo a utilização dessas referências como uma grande sacada, uma conceituação bem pertinente e justa à nossa cidade”, observa De Landa.

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Arquitetura e história

Ladrilhos hidráulicos da Pantaleone Arcuri inspiram brise em fachada residencial, onde foram recortados a laser em chapas de metal no projeto de Silvio Cezar

Juiz de Fora reflete uma pluralidade de linguagens arquitetônicas e urbanísticas que funcionam como um verdadeiro convite a sua história segundo o professor e coordenador do núcleo Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, Fábio Lima. “Devido a sua localização, a cidade tem uma relação direta com o que se fazia no Rio de Janeiro, que teve implementada uma reforma urbana, no início do século XX, o que certamente interferiu na composição da arquitetura e do urbanismo da então Manchester Mineira”, destaca. A referência à cidade inglesa se dá pela industrialização, permeada pela construção da ferrovia. “Esta linguagem industrial, com tijolos aparentes, foi a marca da cidade, com as chaminés das fábricas denotando a modernidade”, completa.
Juiz de Fora ainda buscou reviver o ecletismo, presente na arquitetura europeia do século XIX, que se opunha à vertente colonial. Depois, vieram o art déco, marcado pela geometrização e simetria nas fachadas, e o modernismo, época em que se fez presente trabalhos de Arthur Arcuri, Francisco Bolonha e Oscar Niemeyer.

 

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