Quem deseja colocar uma casa ou apartamento à venda pode imaginar que a concorrência com os lançamentos de grandes empresas é tarefa difícil, já que as unidades na planta possuem o pagamento facilitado como um dos principais benefícios. No entanto, o setor imobiliário garante que a demanda por imóveis usados é grande e constante, já que muitos consumidores buscam uma residência para mudança imediata.
Em comparação com as unidades prontas que são novas, os usados reservam as vantagens de terem um preço mais barato e, via de regra, espaços maiores. Em Juiz de Fora, tanto a demanda quanto a oferta são grandes. De olho neste mercado, especialistas orientam proprietários sobre quais são as medidas necessárias para tornar o imóvel usado mais atrativo aos compradores.
Peça auxílio ao corretor
O primeiro passo para colocar o imóvel à venda é buscar a orientação de um corretor, conforme explica o diretor-secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG), Tarcísio Sanglard. “O proprietário deve exigir o número de registro do profissional junto ao Conselho do estado, pois esta é a garantia de que ele está contratando uma pessoa apta ao exercício.” Ele salienta que, além de habilitação, o profissional deve ter conhecimento sobre legislação e as documentações exigidas para a transação imobiliária.
A escolha do profissional pode ser feita de várias formas, como explica o corretor de imóveis Ronaldo Thomaz. “Geralmente, acontece por indicação de algum conhecido que aprovou o trabalho. Também pode acontecer por meio de um anúncio de jornal ou internet. O mais importante é que o comprador se certifique que o corretor é credenciado.”
O corretor e gerente de vendas da Brasil Imóveis, Luiz Henrique Duque Santos, explica que os profissionais habilitados são treinados para divulgar corretamente o imóvel. “Participamos de cursos de fotografia e outros tipos de treinamento para realizar o trabalho. A divulgação deve conter boas fotos e uma descrição correta sobre localização, vantagens e valores.”
Supervalorização prejudica venda
“Escolhido o corretor, é necessário realizar a avaliação do preço correto de venda do imóvel em questão”, orienta Tarcísio Sanglard. Os especialistas são unânimes em informar que a precificação deve ser compatível com a residência. “Às vezes, encontramos unidades usadas supervalorizadas porque o proprietário quer que o metro quadrado tenha o mesmo valor do apartamento ou casa nova localizada no mesmo bairro. Esta comparação é um grande erro”, afirma Luiz Henrique Duque Santos.
Organização é fundamental
Na hora de apresentar o imóvel usado ao possível comprador, é essencial que tudo esteja muito bem organizado. “As pessoas compram com os olhos, o ideal é que o ambiente esteja agradável. O local deve estar arrumado, limpo e arejado”, destaca Luiz Henrique Duque Santos.
Ronaldo Thomaz alerta que, se há moradores no local, é importante que sala, quartos e banheiros estejam em perfeita ordem. “Evitar deixar roupas penduradas, louças na pia, camas desarrumadas. Sabemos que toda casa tem o chamado quartinho da bagunça, mas o ideal é que até ele esteja organizado.”
Luiz Henrique Duque Santos ressalta o cuidado redobrado com quem é fumante. “É necessário tomar cuidado para que o imóvel não fique com cheiro de cigarro, pois isso pode atrapalhar a transação.” Outra dica é para quem tem pet em casa. “O ideal é se certificar que não há sujeira, bagunça ou cheiro do animalzinho de estimação.”
Se o imóvel estiver vazio, é indicado que o proprietário faça visitas com frequência para realizar a manutenção da limpeza.
Nada de maquiagem
A dúvida de muitos proprietários quando colocam o imóvel usado à venda é se há necessidade de reformar. A resposta dos especialistas é “depende”. Problemas estruturais como infiltrações e vazamentos podem ser sanados com uma reforma, mas caso o vendedor não tenha condições de fazê-la, é indicado que ele informe ao comprador os problemas reais do imóvel.
“É interessante realizar as reformas apenas em casos em que a condição de conservação do bem esteja precária. Nos casos em que o imóvel se encontra em boas condições de uso, não há necessidade, uma vez que a maioria dos compradores acaba por personalizá-lo de acordo com suas preferências de design e estilo”, avalia Tarcísio Sanglard.
Na análise de Luiz Henrique Duque Santos, a renovação da pintura é sempre bem-vinda. “Já as reformas que incluem troca de piso ou azulejo são desnecessárias se o imóvel estiver em boas condições.”
No caso da residência apresentar problemas estruturais, Ronaldo Thomaz destaca que o vendedor não deve “maquiar” a realidade. “Tentar esconder rachaduras, vazamentos ou infiltrações é errado. O comprador pode acionar a Justiça nesses casos. Estes problemas devem ser corrigidos ou apresentados com transparência ao futuro morador.”
Transparência na negociação
Os especialistas explicam que para o comprador, uma das vantagens ao adquirir o imóvel usado é poder negociar diretamente com o proprietário. “Neste sentido, é esperado que haja facilidades na transação. Por isso, a importância da transparência na negociação. O vendedor deve apresentar documentos corretos e atualizados do bem”, explica Luiz Henrique Duque Santos. “É papel do corretor orientar sobre documentação, estrutura de conservação e informações sobre quem está vendendo o imóvel.”
Ronaldo Thomaz diz que em alguns países é comum que tanto o vendedor quanto o comprador contrate corretores. “Assim, os profissionais negociam os interesses de cada parte da forma mais segura e transparente possível. No Brasil, isto ainda não é comum, mas é uma medida interessante já que são esses os profissionais aptos para a transação.”
Fuja dos erros comuns
Os especialistas enumeram que, dentre os erros mais comuns que podem prejudicar a venda do imóvel usado estão: proprietário anunciar o imóvel sozinho; apresentação em estado de má conservação; demora no agendamento da visita após o interessado realizar contato e o vendedor falar mais do que o corretor sobre as vantagens e desvantagens do bem.
Outro grande problema que pode reduzir a atratividade do imóvel usado é não acreditar no potencial de venda. Além de ter espaços maiores, preços atrativos em comparação com unidades prontas novas e garantir a possibilidade de mudança imediata, os usados podem possuir armários, box e outros mobiliários que agregam valor ao bem.