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Ergonomia é importante para evitar desconforto em ambientes domésticos

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Dentre os inúmeros fatores que causam desconforto em um ambiente, existe um que muita gente se esquece na hora de projetar a casa: a ergonomia. Não dar importância aos seus conceitos para que a dinâmica do morar seja prática e funcional é ter duas certezas para o futuro: problemas de saúde e desperdício de dinheiro.

Segundo o professor e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e líder do grupo de pesquisa em Arquitetura de Interiores, Design & Decoração, Frederico Braida, a ergonomia possui diferentes definições, sendo que as medidas antropométricas dizem respeito apenas a uma parte dela.

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Existem duas outras ergonomias, a Cognitiva, que abrange aspectos psicológicos, mentais, de percepção, memória e raciocínio, e a Organizacional, que diz respeito à otimização dos sistemas sociotécnicos, suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. “Na arquitetura, sobretudo de interiores, a ergonomia também diz respeito, por exemplo, às cores do mobiliário e das paredes do ambiente, às questões de conforto térmico e acústico, à disposição/distribuição do mobiliário no ambiente”, destaca Braida.

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Foto: Leonardo Costa

Ergonomia: padrões

Pia
Deve estar em uma altura máxima de 90cm e mínima de 87cm do chão

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Armários
Os armários superiores de cozinha devem ficar a uma distância de 60cm da bancada aproximadamente

Mesa para refeições
A altura da mesa deve ficar entre 76cm e 78cm do chão. Esta medida é a ideal para o apoio do prato e talheres e perfeita postura durante o uso. A distância entre as cadeiras deve ser, em média, de 60cm, para que uma pessoa não esbarre na outra do lado durante a refeição. A distância entre as cadeiras deve ser de 20cm. A circulação em volta da mesa deve ser ampla, com uma passagem mínima de 70cm.

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Corredores
Os corredores de acesso à área íntima da casa, por exemplo, devem ter entre 80cm e 1,20m. Quanto mais largo, melhor, pois oferece uma sensação de amplitude

Distância entre móveis

Deve obedecer a uma distância mínima. No caso das TVs e o observador, cada tamanho de tela exigirá uma distancia para que a vista não seja forçada. Por exemplo, TVs de 32” precisam estar distantes 1,80m do observador, enquanto uma TV de 71” pede uma distância de 3,8m. Os espaços entre sofás e mesas de centro deve ser de 50cm; as bancadas de ilha em cozinha devem ter de 90cm em seu entorno; nos dormitórios, a distância entre a cama e a parede deve ser de 50cm.

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Atenção

O problema ergonômico, nem sempre, está em um móvel específico. Pode surgir a partir da relação dele com os demais móveis ou até mesmo no próprio ambiente em que estão inseridos. Um móvel pode ser ergonômico para um determinado tipo de pessoa, não para todos

Danos físicos e psicológicos

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Os problemas de origem ergonômica são difíceis de serem detectados. De acordo com Braida, é a nossa percepção que vai apontar os defeitos, quando a pessoa passa a não se sentir confortável dentro de sua própria casa. “Se o fato de assistir televisão sentada em um sofá gerar algum tipo de desconforto, há que se fazer um levantamento desse espaço, pois provavelmente há algum problema, seja do sofá, da distância da televisão, ou do ambiente onde tudo está inserido.”

Além da percepção, a falta de ergonomia pode causar danos físicos ou mentais ao morador em curto ou longo prazo. Um móvel com altura equivocada pode causar lesões ortopédicas, e as cores, por exemplo, se aplicadas de forma incorreta, despertam o estresse. “A altura equivocada de um degrau de uma escada pode favorecer o risco de queda. Com esses exemplos, os danos causados pela não preocupação com a ergonomia são muito variáveis”, aponta o professor.

Mais do que a medida dos móveis, o osteopata Eduardo De Cunto faz um alerta quanto à forma em que as pessoas exercem as atividades laborais dentro de casa, principalmente aquelas ações que forçam a inclinação da coluna, bem como a utilização de pias muito baixas e até o ato de limpar a casa. “Deve-se utilizar uma vassoura com cabo compatível com a sua altura e alternar os lados do corpo na hora da varrida, por exemplo. O mesmo vale para passar pano no chão. O agachamento não traz muito conforto pois provoca uma torção na pelve muito grande, então, é bom evitar. Dê preferência a posição em quatro apoios.”

Rotina deve ser levada em conta

Embora haja medidas padronizadas, estipuladas para determinados tipos de pessoas, Braida ressalta que as mesmas podem até ser seguidas, mas, dependendo do caso, é importante relativizar. “Não é um cálculo simples, pois não envolve apenas questão numérica, matemática. A rotina dos moradores deve ser levada em conta para que se tenha uma casa ergonomicamente eficiente”, aponta.

Antes de projetar ou reformar, o professor recomenda buscar um profissional, pois, às vezes, a autoprescrição ou a indicação de compra realizada por uma pessoa não capacitada pode ser o “barato que sai caro”. “Arquitetos, designers e outros profissionais têm sido preparados para projetar de forma ergonômica e especificar produtos ergonômicos. Mas não há uma fórmula geral. Cada caso é um caso”.

Na visão da arquiteta Fernanda Nicolau, a ergonomia é um dos grandes diferenciais do trabalho do arquiteto de interiores, que garante conforto, segurança e eficiência dos espaços. “A interação entre o homem e o ambiente otimiza o desempenho de suas atividades, condiciona relações e produz qualidade de vida.”

 

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