Com a economia nacional fragilizada, a sustentabilidade se mostra não só como uma solução para preservar o meio ambiente, mas também para reduzir os custos das obras, aumentar a competitividade das empresas e ainda garantir economia ao bolso do consumidor a médio prazo. Para especialistas, esta equação parece ideal num momento em que os brasileiros estão mais preocupados com a qualidade de vida, mas não podem pagar caro por ela.
Pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) realizada junto aos consumidores revelou que mais de 80% aprovam inovações no setor, sobretudo, se tiverem foco em economia e segurança. No que tange aos aspectos econômicos, as medidas para racionalização do consumo de energia e água, o uso de teto solar e o conforto térmico são, nesta ordem, as mais apreciadas.
O estudo mostra que a disposição dos brasileiros para pagar por estas inovações está associada à renda. “Neste momento, o consumidor valoriza a perspectiva de economia continuada e vê como aspecto negativo ter que pagar caro pelas inovações”, diz o texto.
Na prática
“Em meio à crise, os consumidores residenciais compram o que conseguem pagar. O ideal é pensar um projeto que seja sustentável e que consiga ser vendido pelo mesmo valor”, avalia a engenheira e consultora de sustentabilidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Clarice Degani. Segundo ela, isto é possível já que a adoção de medidas sustentáveis reduz custos . “No canteiro de obras, a gestão de resíduos permite a reciclagem de materiais e evita o desperdício. O uso racional e o reaproveitamento da água também representa economia, assim como, os cuidados com o consumo de energia.”
A especialista destaca, ainda, a necessidade de apresentar os benefícios financeiros de um empreendimento sustentável ao consumidor. “É preciso mostrar que ele irá investir em um imóvel que irá trazer economia, principalmente, no que se refere às despesas das áreas comuns. O condomínio fica mais barato com o uso de irrigação automática, ventilação adequada que diminui a necessidade de ar-condicionado nos ambientes, piscina a gás ou com energia solar, por exemplo.”
Na análise de Claricei, o ano de 2018 será o momento que a construção civil irá se abrir para novas tecnologias que possam ampliar o desempenho em prol da sustentabilidade. “Acredito que este será o momento de se falar mais em gerenciamento da produtividade e descobrir inovações neste sentido”, diz. ” Os projetos do programa Minha Casa, Minha Vida estarão cada vez mais focados em atender as questões relativas à redução do impacto ambiental.”
Mercado juiz-forano se adapta à nova realidade
Segundo ele, as medidas começam na idealização do empreendimento. “As construtoras solicitam aos arquitetos projetos que tenham este conceito, que é aplicado tanto na execução da obra quanto no projeto já finalizado.” Ele exemplifica que a cidade tem prédios com medidor de água individualizado, iluminação em LED, gás encanado, coletores de lixo separados e outras aplicações que garantem menor impacto ao meio ambiente.
Com relação aos canteiros de obras, Marangon diz que as empresas realizam o gerenciamento dos resíduos sólidos, o reaproveitamento da água e optam pelo uso de materiais de construção de baixo impacto ambiental. “Este tipo de adequação é uma necessidade, pois já há algumas exigências em lei, e o consumidor está mais preocupado com a qualidade de vida e o meio ambiente. O futuro da construção civil passa pela sustentabilidade.”
Após a entrega
Detentora de selos ambientais, a MRV se tornou referência nacional no assunto e tem atuação em Juiz de Fora. “Nós seguimos o mesmo padrão de construção em todos os municípios”, afirma o gestor executivo de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), José Luiz Esteves da Fonseca. “Investir em sustentabilidade traz um retorno muito positivo. Considero um caminho sem volta para a construção civil, e é hoje um dos valores da nossa empresa.”
Para que as práticas sustentáveis se tornem rotina após a entrega do imóvel, a MRV Engenharia passou a distribuir cartilhas aos moradores. “Esta é uma preocupação da empresa para assegurar a sustentabilidade na vida futura do imóvel.”
Segundo ele, alguns dispositivos também auxiliam neste processo. “Em meados de 2017, decidimos que todos os nossos empreendimento teriam energia fotovoltaica e isto está acontecendo.”
Sustentabilidade requer integração
A engenheira e consultora de sustentabilidade do Secovi-SP, Clarice Degani, esclarece que pra um empreendimento ser considerado sustentável é importante estar integrado aos ecossistemas existentes e ao espaço urbano. “É necessário ter uma visão do entorno, compreender como será esta integração, que deve trazer benefícios. Por exemplo, se há uma praça, o projeto pode trabalhar com uma vegetação que converse com esta área. Nos espaços urbanos são comuns edifícios que ofereçam serviços no térreo voltados para rua, que podem ser utilizados pelos cidadãos e ainda trazem retorno financeiro para o condomínio.”
O Grupo Mais atua em Juiz de Fora com foco na integração dos imóveis ao meio ambiente. “Os nossos empreendimentos são rurais e têm uma vocação ambiental natural, que vai desde a integração ao ecossistema existente -como represas, matas e regiões de paisagens – até a execução propriamente dita, que passa pelo controle de erosão, destinação de madeira e material de entulho”, afirma o engenheiro e diretor comercial, Joseph Glanzmann.
Segundo ele, o conceito de sustentabilidade também é aplicado na construção. “Buscamos empresas certificadas e a aquisição de produtos que sejam regulamentados pela ISSO 9001 e 14.001. Também controlamos as cadeias de produção e distribuição, de modo a manter uma construção mais sustentável.”
Para Joseph, a ação traz retornos positivos, pois a busca por materiais e tecnologias sustentáveis garante inovação aos empreendimentos, que se tornam construções vanguardistas e agradam os clientes.