
Se você é juiz-forano e costuma pegar táxi, especialmente na região do bairro Bonfim, na Zona Leste da cidade, é provável que já tenha cruzado com um carro decorado com pelúcias de cachorrinhos. A responsável pelo veículo cheio de personalidade é a taxista Vanilda Maria Sabino Eduardo. Conhecida como Val pelos passageiros, ela é apaixonada por animais e leva sua admiração pelos “doguinhos” para o trabalho. Nascida e criada em Juiz de Fora, Val cresceu, conforme conta, em uma casa simples, mas cheia de amor e de cães. Única mulher entre quatro irmãos, ela relembra com carinho a infância ao lado dos pais e dos três cachorros da família. Desde pequena, sempre teve uma ligação especial com os bichinhos, algo que herdou do pai e da mãe, relembra.
Atualmente, Val mora com João da Silva Eduardo, seu companheiro de vida há 35 anos. Com os dois filhos já adultos e fora de casa, o casal agora divide o lar com dez “filhos de quatro patas”: Sol, Sury, Bolt, Tedy, Haruk, Valente, Belo, Max, Bidu e Pretinho. No entanto, a família de cãezinhos nem sempre foi tão numerosa.
Durante um período, apenas o cachorrinho Iron, já idoso, fazia companhia ao casal. Val percebeu que o cão estava mais solitário e decidiu que era hora de trazer um novo amigo para alegrar o ambiente. Pediu então à filha que visitasse um canil em busca de um novo companheiro. A resposta veio por WhatsApp, um vídeo mostrava uma cadela agitada, de nome Pity, correndo pelo canil. Val relembra que bastou assistir uma vez para ter certeza da adoção.
‘A vira-lata mais brasileira’
A tutora sempre teve um grande carinho por todos os animais que passaram por sua vida, mas confessa que Pity ocupava um lugar especial no coração. Desde o momento em que chegou, a cadela criou um vínculo forte com ela, acompanhando-a pela casa toda e se comunicando quase que em silêncio, apenas com o olhar.
O nome de Pity foi mantido, já que ela tinha cerca de três anos quando foi adotada e estava acostumada a ele. A escolha do nome também fazia referência aos traços que lembravam a raça pitbull, embora Val nunca tenha descoberto exatamente qual era a mistura. Com os pelos que parecem de labrador e o corpo mais alongado, Pity era, nas palavras da tutora, “a vira-lata mais brasileira possível”, o “mix” mais charmoso que tinha.
Com o tempo, Iron, o companheiro de Pity, faleceu, e vários outros cachorrinhos passaram a fazer parte da família. Em meados de 2024, já idosa, Pity também morreu. Val, no entanto, guarda a lembrança dela com muito carinho, sempre recordando a alegria e a energia da cadelinha, que trazia agitação para a casa.
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Decoração colaborativa aproxima taxista e passageiros
Antes de se tornar taxista, Val percorreu diversos caminhos profissionais. Foi doceira, trabalhou na área da saúde e até abriu um estabelecimento comercial. No entanto, durante a pandemia, ela encontrou uma nova direção: fez um curso para se tornar taxista. Nesse momento, seu parceiro de trabalho, José Roberto de Moura, a apoiou, emprestando o carro que ela usa até hoje.
Com o tempo, os moradores do bairro passaram a conhecê-la não apenas como a taxista local, mas também como a “mãe dos pets”. A primeira pelúcia que decorou seu carro veio de uma vizinha, e Val lembra que “a decoração surgiu de forma bem orgânica”. À medida que os passageiros começaram a se tornar mais frequentes, o vínculo com a comunidade foi se fortalecendo. Com o apoio de todos, ela foi criando, pouco a pouco, a decoração que hoje é sua marca registrada. “A coleção de pelúcias hoje é maior do que minha própria família”, brinca.
Para Val, a relação com os passageiros é fundamental. “Eles sempre foram muito queridos comigo. E a decoração do carro foi feita de forma conjunta com as pessoas que atendo. Isso cria uma troca muito boa, muito sincera”, revela. No início, ela não imaginava que seu amor pelos animais faria parte do trabalho, mas hoje percebe como essa união entre seu carinho pelos pets e a profissão tem um papel essencial em tornar o ambiente mais acolhedor, tanto para ela quanto para seus passageiros.
“Além dos passageiros humanos, também carrego passageiros pet”, diz Val. Essa relação afetuosa, tanto com as pessoas quanto com os animais, é uma das principais motivações que a mantém no volante todos os dias. Para ela, o trabalho vai além da sua fonte de renda, é uma maneira de criar conexões.
*Estagiária sob a supervisão da editora Carolina Leonel