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5 álbuns para conhecer o rock rural

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(Foto: Luiz Fernando Borges/Divulgação)

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Mais do que um gênero musical, rock rural é um estado de espírito, como o próprio Guttemberg Guarabyra confessou em entrevista à “Folha de S. Paulo” em 2007, mais de 30 anos após o lançamento do álbum “Passado, presente, futuro”, de Sá, Rodrix & Guarabyra. O rótulo, na verdade, fora dado pela crônica especializada a partir da letra de “Casa de campo”, composta por Tavito e Zé Rodrix, mas bem-sucedida mesmo sob a interpretação de Elis Regina. O estado de espírito a que se refere Guarabyra é fruto de um descontentamento da escalada industrial e materialista pela qual atravessava o Brasil após a presidência de Juscelino Kubitschek. No entanto, os anos mais repressivos da ditadura militar, sobretudo após a promulgação do Ato Inconstitucional 5, agravavam a insatisfação. A Tribuna então toma licença para sugerir às caríssimas e aos caríssimos leitores cinco álbuns para conhecer o bucólico gênero brasileiro derivado do folk e do country rock norte-americano, com pitadas regionais.

“Passado, presente, futuro” (1972), por Sá, Rodrix & Guarabyra

O álbum, lançado pela gravadora Odeon, é considerado o inaugural do rock rural, já que reúne os principais expoentes do gênero. Sá, Rodrix e Guarabyra reuniram-se inspirados no trio de folk rock norte-americano Cross, Stills & Nash. O disco “Passado, presente, futuro”, admite Sá, foi concebido como algo atemporal, longe de quaisquer modismos. A intenção era atingir os preconceitos de uma dita classe média jovem universitária ao resgatar o acordeão e outros instrumentos até então vistos como exóticos, além da viola de dez cordas e os sons das barrancas do São Francisco.

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“Terra” (1973), Sá, Rodrix & Guarabyra

É o segundo, mas também último do trio. Lançado pela mesma Odeon, o trabalho já demarca diferentes perspectivas musicais de Sá, Rodrix e Guarabyra. O próprio Sá, aliás, confessa que o álbum foi concebido às custas de muita conversa, além de apoiado mais na amizade do trio do que numa pretensa unidade musical. À época, o gênero já bebia demasiadamente das viagens de carro realizadas sobretudo por Sá e Guarabyra na região do médio São Francisco. É de um “aspecto estradeiro”. Após a saída de Rodrix, Sá e Guarabyra seguiram ainda juntos.

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“Tavito” (1979), por Tavito

Durante a década de 1970, Tavito foi um dos integrantes da banda Som Imaginário, ao lado de Wagner Tiso, Frederyko, Robertinho Silva, Luiz Alves, Naná Vasconcelos e Zé Rodrix, com quem compôs “Casa no campo”. Após deixar o conjunto que acompanhava Milton Nascimento, Tavito lançou-se, em 1979, em carreira solo, por meio de álbum homônimo, gravado pela CBS. O trabalho reúne não apenas a faixa responsável por dar o nome ao gênero, mas também músicas compostas junto a Ney Azambuja, como “Rua Ramalhete” e “Começo, meio e fim” – esta ainda tem a autoria de Paulo Sérgio Valle.

“Poeira e canto” (1988), por Zé Geraldo

Um dos pais do rock rural, Zé Geraldo é nascido em Rodeiro, a cerca de 110 quilômetros de Juiz de Fora. Quando se mudou para São Paulo aos 18 anos, Zé Geraldo era ainda ZeGê ao se apresentar em bailes românticos na periferia. Tornou-se conhecido apenas em 1979, com o álbum “Terceiro mundo”, lançado pela CBS. No entanto, o trabalho homônimo de 1988, pela própria CBS e pela Veleiro, reúne as faixas mais emblemáticas do rodeirense, como “Cidadão”, “Senhorita”, “Como diria Dylan” – o maior ídolo de Zé Geraldo – e “Rio doce”, todas compostas por ele (exceto “Cidadão”, de Lúcio Barbosa, gravada no disco de 1979). Um pé no mato, um pé no rock.

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“Tramoia” (2021), por Roça Nova

O quinteto Roça Nova, formado por Pedro Tasca, Marcos Maia, Hector Eiterer, João Manga e Bernardo Leitão, é o principal expoente do rock rural de Juiz de Fora. Em entrevista à Tribuna à época do lançamento do álbum – janeiro de 2021 –, Hector pontuou, dentre as influências do grupo, Sá & Guarabyra, por exemplo. A essência de Roça Nova, inclusive, é similar àquela que deu contexto ao surgimento do rock rural, já que a banda entende-se como “uma luta contra toda a supremacia urbana, o esgotamento da vida urbana. (…) Levamos em consideração as nossas raízes, a cura da mata”.

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