“The Mandalorian”, “The Crown” e os gambitos da Anya Taylor-Joy

Por Júlio Black

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Oi, gente.

“The Mandalorian” chegou oficialmente ao Brasil apenas em novembro com a chegada do Disney+ ao Brasil, mas a grande maioria dos fãs de “Star Wars” destas bandas já havia recorrido – como diria um amigo – à “Locadora do Paulo Coelho” para assistir à primeira temporada da série. Por isso, a expectativa, por aqui, também era pela segunda temporada, e podemos dizer que: “MINHA SANTA AQUERUPITA, MAS QUE SÉRIE BOA”. Quem colocar as aventuras do mandaloriano entre as dez melhores de 2020 tá mais que certo.

A segunda temporada manteve muito do clima da primeira, aquela mistura de cowboy/samurai solitário que, pela honra, assume uma missão – no caso de Din Djarin (Pedro Pascal), proteger a Criança (nosso Baby Yoda) do Império e de caçadores de recompensa. Não foram poucos os episódios que lembraram um bom faroeste ou “Os sete samurais”, mesmo que o “samurai” fosse apenas um, no máximo uns seis de vez enquando. E daí pulamos de planeta em planeta com o protagonista protegendo o Yodinha e em busca de um jedi que pudesse ajudar a cuidar e a treinar o tampinha verde.

Além disso, “The Mandalorian” ampliou o escopo do universo de “Star Wars” ao servir de ponto de partida para novas séries, com a presença de personagens já conhecidos pelos fãs e introduzir novos nomes à franquia, além do retorno de uma turma que havia aparecido no primeiro ano.

Há quem reclame do excesso de fan service e que, por isso, o mandaloriano ficou em segundo plano em alguns momentos, mas essas participações especiais foram pontuais e serviram para fazer com que a história principal pudesse seguir em frente. E várias séries – a franquia “NCIS”, por exemplo – se valem desse artifício para o público já se familiarizar com os novos personagens.

Vamos comentar os fan services então, porém com…

AVISO DE SPOILER!!!
AVISO DE SPOILER!!!
AVISO DE SPOILER!!!

Estejam avisados.

Além dos inúmeros easter eggs que os fãs continuam a encontrar nos episódios, a segunda temporada teve as participações de Ahsoka Tano (Rosario Dawson), conhecida pela animação “Clone Wars”, e de ninguém menos que Bobba Fett (Temuera Morrison), um dos personagens mais queridos da franquia e que todo mundo achava que havia morrido em “O retorno de Jedi”. Os dois terão séries no Disney+, e as participações da dupla nas aventuras do (ex?) caçador de recompensas deixaram todo mundo feliz – ou quase, sempre vai ter um fã desagradável nas redes sociais para reclamar de alguma coisa.

E ainda tivemos o maravilhoso episódio final, aquele tipo de “Star Wars” que queríamos ter visto em “A ascensão Skywalker” com aventura, ação, um ótimo vilão (Giancarlo Esposito mata a pau em qualquer galáxia), reviravoltas e um desfecho de deixar os fãs com lágrimas nos olhos: afinal, tivemos ninguém menos que Luke F*cking Skywalker (Mark Hammil ou um dublê, sei lá, rejuvenescido em CGI) para salvar a pátria depois de ter sentido a presença de Grogu (verdadeiro nome do Baby Yoda) quando o molequinho ficou meditando naquele morro.

A vontade foi de soltar um “PQP” para todo o prédio ouvir, pois foi um daqueles momentos “Capitão América pega o martelo do Thor”, mas A Leitora Mais Crítica da Coluna estava dando aula on-line e eu queria continuar casado.

FIM DO ALERTA DE SPOILER.

De qualquer forma, ficamos com vontade de abraçar pessoas depois deste final de temporada, que deixa felizes a maioria dos fãs que tiveram de encarar uma trilogia tão polêmica nos últimos anos. Agora, é saber o que o mandaloriano vai fazer depois que… (Sem spoilers por aqui) Mas as expectativas ficaram ainda mais altas. Que o final de 2021 chegue logo.

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Também terminamos a quarta temporada de “The Crown”, essa série maravilhosa da Netflix que sabe misturar realidade com ficção e entregar um dos melhores dramas dos últimos anos. Olivia Colman é daquelas atrizes que poderiam interpretar rainhas pelo resto dos tempos que a gente continuaria a assistir, e todo o elenco segue na mesma toada, como o Tobias Menzies, Helena Bonham Carter, Josh O’Connor, Erin Doherty…

Tivemos ainda a tão esperada entrada de duas figuras importantíssimas para a Inglaterra nos últimos 40 anos, a odiosa Margaret Thatcher e a Princesa Diana, que fez a mãe d’A Leitora Mais Crítica da Coluna assistir à série – mas a partir dessa temporada, que o lance dela é a Princesa do Povo. Emma Corrin defende muito bem a jovem que é jogada na cova dos leões da monarquia, e Gillian Anderson… Bem, digamos que ela entrega um sotaque tão forçado que ultrapassa os limites do over e faz umas caras e bocas que sugerem um derrame a qualquer segundo, mas esses exageros ajudam a nos lembrar como a gente – mesmo no final da infância e início da adolescência, sem entender patavinas de política – odiava essa mulher nos anos 80. Então ela merece os “dez pau” que a Aracy de Almeida daria para ela no “Show de Calouros”.

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THE QUEEN’S GAMBIT (L to R) ANYA TAYLOR as BETH HARMON in THE QUEEN’S GAMBIT. Cr. CHARLIE GRAY/NETFLIX © 2020

E não podemos esquecer de “O gambito da rainha”, minissérie da Netflix que adaptou o romance de Walter Tevis sobre a guria que era um fenômeno do xadrez e encarou os maiores mestres do jogo lá pelos anos 1960. Fazer um esporte tão cerebral e paradão atrair a atenção de tantos é um prodígio por si só, mas a produção é caprichada nos cenários, figurinos, trilha sonora, direção e roteiro, que consegue captar muito bem o clima de machismo e conservadorismo da época.

Claro, temos Anya Taylor-Joy no papel da protagonista, Beth Harmon, uma daquelas atuações que conseguem captar todas as nuances da personagem – da sua dificuldade em se relacionar com as pessoas à sensualidade que ela transpira a olhos vistos, além de ser uma figura dura na queda tanto no cotidiano quanto durante as partidas, em que não dá mole pra nenhum soviético carrancudo.

Se ainda não assistiu, aproveite o tempo livre para maratonar a série – ou melhor, as três séries da coluna desta semana.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

(Ah, e não deixe de seguir a playlist da coluna, a trilha sonora ideal para suas festas de final de ano – e sem aglomeração, faz favor, que a Covid-19 tá matando geral.)

Júlio Black

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