A farinha de semente de abóbora, quando consumida como parte de uma dieta saudável, pode ajudar a reduzir os níveis de glicemia no sangue, além de melhorar o perfil lipídico, como mostra um novo estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artigo foi publicado no Jornal Internacional de Ciências Cardiovasculares (International Journal of Cardiovascular Sciences), periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Ao longo de três meses, os pesquisadores acompanharam um grupo de cem mulheres com obesidade, submetidas a uma dieta de baixas calorias. Elas foram divididas em dois grupos: metade recebeu um sachê contendo 20 gramas diárias de farinha de semente de abóbora para consumir durante as refeições, enquanto as demais ganharam um pacotinho contendo um placebo.
Uma vez por mês, todas as voluntárias passaram por uma avaliação para a coleta de dados, incluindo composição corporal, razão cintura-quadril, níveis de glicemia, colesterol, triglicérides, pressão arterial, entre outros.
No final do período, todas as participantes perderam peso. No entanto, aquelas que incluíram a farinha de semente de abóbora como parte da dieta apresentaram uma maior redução na circunferência do pescoço, uma maior perda de gordura corporal e uma diminuição nos índices de triglicérides e insulina. Além disso, houve uma melhora na avaliação da resistência à insulina, sugerindo um efeito benéfico na prevenção de doenças cardiovasculares.
“A farinha de semente de abóbora é rica em fibras e ácidos graxos essenciais que ajudam a perder peso e reduzem o risco cardiometabólico”, diz a cardiologista Glaucia Maria Moraes de Oliveira, uma das autoras do trabalho. Já segundo a nutricionista Fabiana Fiuza Teixeira, do Hospital Israelita Albert Einstein, o ingrediente também contém vitaminas antioxidantes que atuam no controle da fome e saciedade, além de oferecer proteção cardiovascular.
“Por isso, o consumo de farinhas de sementes, como a de abóbora, pode ser um parceiro na dieta para reduzir peso e controlar índices glicêmicos e de absorção de gorduras”, diz a nutricionista do Einstein.
Para usufruir dos benefícios desse nutriente, basta adicionar duas colheres de sopa dessa farinha ao cardápio diário, como em saladas ou nas frutas. É possível encontrá-la no comércio ou até mesmo prepará-la em casa, secando-a no forno (sem torrar) e, em seguida, triturando-a no liquidificador. “A semente costuma ser considerada lixo, mas pode fazer parte de uma alimentação saudável e tem um gosto que lembra o do amendoim”, explica a cardiologista da UFRJ.
“Para combater a obesidade e as doenças associadas, é preciso adotar uma dieta saudável, com o mínimo de alimentos ultraprocessados, e associar com atividade física. Não há mágica”, completa.
Aumento dos industrializados
Outro estudo conduzido pela mesma equipe, realizado com quase 500 mulheres acima do peso, revelou um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados após a pandemia. Aquelas que já apresentavam doenças associadas foram as que mais consumiram esses produtos industrializados, chegando a representar 60% do total energético diário.
“A alimentação rica em frutas, verduras e legumes, o aumento do consumo de fibras alimentares e micronutrientes como vitaminas e sais minerais, a redução do consumo calórico diário e mudança no estilo de vida são primordiais tanto no controle e perda de peso quanto na melhora de outras condições de saúde relacionadas a doenças crônicas como diabetes e hipertensão”, explica a nutricionista do Einstein.