Em um estudo publicado na revista científica Jama Neural nesta segunda-feira (22), neuroquímicos suecos descobriram uma maneira de identificar a presença de uma proteína relacionada ao Alzheimer com um simples exame de sangue, podendo ser um diagnóstico antecipado da doença. O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada.
A pesquisa sugere que, utilizando apenas uma pequena amostra de sangue, é possível identificar a proteína p-tau, associada ao acúmulo cerebral característico da doença, muito antes dos sintomas se manifestarem. Os primeiros sinais do acúmulo desta proteína podem surgir até 20 anos antes de qualquer manifestação clínica da doença neurodegenerativa. A ciência acredita que são as aglomerações e emaranhados formados por essas proteínas que pressionam o cérebro e levam a inflamações do órgão, desencadeando os sintomas.
Os cientistas elaboraram o novo exame para detectar a presença da p-tau217 no organismo, eliminando a necessidade de procedimentos mais complexos e custosos, como tomografia cerebral e punção lombar, atualmente utilizados no diagnóstico. Este teste demonstrou ser o mais preciso disponível no mercado, com resultados comparáveis aos métodos mais complexos. Ao contrário dos testes de sangue convencionais, que são recomendados apenas para pessoas com parentes diretos com Alzheimer ou após o início dos sintomas.
Resultados do teste
Os pesquisadores da Universidade de Gotemburgo apresentaram resultados promissores após testarem um novo exame com 786 voluntários, abrangendo aqueles com declínio cognitivo e indivíduos sem tal condição. Comparados com tomografias e punções, o exame de sangue proposto demonstrou uma eficácia notável, fornecendo diagnósticos definitivos em 80% dos casos.
O destaque do estudo revela que, quando o teste de sangue identificou a condição, dispensando a necessidade de novas provas ou exames adicionais, sua precisão atingiu 96% no reconhecimento das proteínas beta-amilóides acumuladas, também presentes nos pacientes com Alzheimer, e 97% na identificação da proteína tau.
A expectativa dos pesquisadores é que, com o avanço científico, testes de sangue para detectar doenças neurodegenerativas sejam indicados a todos os adultos com mais de 50 anos como parte do check-up de rotina.