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Técnica usa mesma molécula para diagnosticar e tratar câncer

pesquisa laboratorio foto adobe stock
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As mesmas moléculas usadas para diagnosticar um tumor em exames como a cintilografia e o PET-CT também estão sendo empregadas no tratamento da doença. Batizada de ‘teranóstico’, essa especialidade médica utiliza radiofármacos, que são moléculas combinadas com elementos radioativos e que são captadas por órgãos ou lesões, tanto para fins de diagnóstico quanto de tratamento de doenças.

Quando injetados no paciente, elas não apenas revelam a forma, mas também o funcionamento de órgãos como o coração, cérebro, tireoide, rins, fígado e pulmões, o que possibilita a identificação de condições que variam desde embolia pulmonar até infartos, doenças renais, câncer e a doença de Alzheimer. Além disso, esses radiofármacos também são empregados no tratamento de condições como o hipertireoidismo e o câncer de tireoide, entre outros.

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No caso do “teranóstico” – conceito que combina as palavras terapia e diagnóstico e que será o tema central do Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, em setembro, em Pernambuco -, a mesma molécula é ligada a dois tipos de elementos radioativos, com diferentes objetivos: um faz o diagnóstico e outro é usado no tratamento da doença. “A partir do exame de imagem podemos triar o paciente e saber se ele vai responder ao tratamento”, explica a médica nuclear Lilian Yamaga, do Departamento de Imagem do Hospital Israelita Albert Einstein.

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Recentemente, a técnica tem demonstrado resultados promissores em pacientes com câncer de próstata que não responderam a outros tratamentos. Nestes casos, o processo começa com o diagnóstico, que utiliza uma molécula presente em maior quantidade na membrana das células desse tumor, conhecida como PSMA. Essa molécula é ligada a um material radioativo e é captada pelo tumor, revelando suas características e localização. Em seguida, com base nessas informações, a mesma molécula é associada a outro elemento radioativo que tem o poder de destruir as células cancerosas.

“A vantagem é poder levar a radiação ao local exato do tumor em qualquer lugar do corpo e na quantidade necessária, até nos casos em que o tumor está espalhado, buscando evitar ao máximo atingir células saudáveis”, explica Paulo Rosado, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear. “Ela pode causar menos efeitos colaterais do que outras terapias, aumenta a qualidade de vida e a sobrevida desses pacientes, se tornando mais uma arma no arsenal de tratamento.”

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Segundo Yamaga, é um tratamento sistêmico, bem direcionado, capaz de levar o remédio certo ao local exato. “Conseguimos bons resultados em casos que não respondiam bem ao tratamento oncológico padrão.”

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Com a descoberta de novas moléculas, espera-se o desenvolvimento de terapias cada vez mais personalizadas para diferentes tipos de tumores. É importante ressaltar que a quantidade de radiação utilizada nos exames diagnósticos é muito pequena. Tanto os exames quanto os tratamentos com radiofármacos são procedimentos seguros, sendo raros os eventos adversos.

“Nosso desafio agora é ampliar o acesso a esses exames e tratamentos, pois nem todos constam nos procedimentos aprovados no SUS e na saúde suplementar, bem como priorizar investimentos para garantir a produção dos insumos necessários”, diz Rosado.

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