A chinesa BYD ultrapassou a norte-americana Tesla nas vendas mundiais de carros totalmente elétricos no final de 2023. Atualmente, a empresa asiática está construindo linhas de montagem no Brasil, Hungria, Tailândia e Uzbequistão e se preparando para fazê-lo na Indonésia e no México. Além disso, está expandindo rapidamente as exportações para a Europa e está prestes a ultrapassar o Grupo Volkswagen, que inclui a Audi, como líder de mercado na China.
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As vendas da BYD, mais de 80% delas concentradas na China, cresceram cerca de 1 milhão de carros em cada um dos últimos dois anos. A última montadora a conseguir essa marca foi a General Motors – e isso foi em 1946, depois que a GM suspendeu as vendas de automóveis de passageiros durante os quatro anos anteriores por causa da Segunda Guerra Mundial.
Mas a empresa chinesa nem sempre esteve em posição de liderança. Em 2007, quando exibiu um dos seu primeiros modelos, a BYD foi alvo de chacota por parte dos executivos norte-americanos, espantados com a pintura roxa irregular do carro e o mau ajuste das portas. A escalada rumo ao topo desse mercado – superando, inclusive, a Tesla – foi feita gradualmente e deveu-se a uma série de fatores.
Confira abaixo cinco deles, listados em reportagem do jornal The New York Times.
1 – Domínio da China nos produtos elétricos
Com sede em Shenzhen, o centro da indústria eletrônica da China, a BYD mostrou como os fabricantes de automóveis chineses podem explorar o domínio do país nos produtos elétricos. Nenhuma empresa se beneficiou tanto da adesão da China aos automóveis elétricos.
Juntos, estes veículos representam 40% do mercado automotivo da China, o maior do mundo, e espera-se que representem mais de metade no próximo ano. Tal como a maioria dos fabricantes de automóveis chineses, a BYD não vende os seus carros na América do Norte porque as tarifas da era Trump permanecem em vigor, mas a BYD já vende ônibus elétrico nos Estados Unidos.
2 – Subsídios bilionários do governo para a BYD
Os relatórios anuais da companhia mostram um total de US$ 2,6 bilhões em assistência governamental de 2008 a 2022. E isso não inclui outra ajuda, como garantir que as empresas de táxi na cidade natal da montadora comprem apenas carros elétricos da empresa. A BYD não quis comentar o assunto.
Isso ajudou até agora, mas pode ser um problema mais para a frente. A União Europeia está investigando os subsídios do governo chinês e pode aplicar tarifas de importação.
3 – Larga oferta e baixos custos de produção
A China construiu fábricas suficientes para produzir mais do que o dobro da quantidade de carros que o seu mercado pode comprar. Isso levou a uma guerra de preços, especialmente entre a BYD e a Tesla. Um dos mais novos modelos da BYD, o subcompacto Seagull, custa menos de US$ 11 mil.
A crise imobiliária e a queda do mercado de ações estão tornando os consumidores chineses mais cautelosos quanto à compra de um carro. Mas os baixos custos de produção da BYD deixaram-na numa posição melhor do que a maioria dos rivais para sobreviver a qualquer longa desaceleração nas vendas e à reestruturação da indústria.
4 – Expansão das exportações de carros elétricos
A BYD está liderando o esforço de exportação de carros elétricos da China e está construindo rapidamente os maiores navios transportadores de automóveis do mundo para transportá-los. O primeiro dos navios, o BYD Explorer No. 1, está em sua viagem inaugural de Shenzhen, com 5 mil carros elétricos a bordo, e deverá chegar à Holanda em 21 de fevereiro.
Em um comunicado, a empresa afirmou que o BYD Explorer No. 1 “significa um marco significativo para a BYD à medida que se expande nos mercados internacionais e contribui para o desenvolvimento da indústria global de veículos de nova energia”.
5 – Reformulação do design
Em 2012, as vendas de automóveis e o preço das ações da BYD despencaram à medida que as multinacionais ofereciam modelos mais elegantes que os da empresa chinesa. Executivos e analistas do setor chegaram a questionar se a BYD teria futuro. Mas o presidente da montadora, Wang Chuanfu, fez apostas arriscadas que valeram a pena.
Em 2016, por exemplo, ele contratou Wolfgang Egger, um proeminente designer da Audi, que, por sua vez, contratou centenas de outros engenheiros automotivos com gostos ousados. Eles redesenharam completamente os modelos da marca.