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Quando o amor pelas miniaturas vira investimento e fonte de renda

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Ronaldo e sua coleção de miniaturas: uma forma de aliviar a cabeça (Foto: Marcelo Ribeiro)
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Sabe o clássico Toyota Bandeirante, fabricado a partir da década de 1960? Outro dia o gerente comercial Ronaldo Passos, 30 anos, pegou dois deles e transformou em uma pick-up. E ele não parou por aí, pois logo depois teve a audácia de transformar uma Parati em uma Saveiro e colocar dentro da garagem de uma casa, também construída por ele. Ronaldo não é mecânico, muito menos engenheiro, mas sim um apaixonado pelo mundo automotivo. O hobby dele está nas miniaturas e nos dioramas.
Sua frota pessoal é composta por cerca de 200 carrinhos, orgulhosamente armazenados em prateleiras dentro da sua casa, na Zona Norte de Juiz de Fora. Vez ou outra eles são retirados, não para uma criança brincar (elas nem chegam perto!), mas para compor um cenário que pode até parecer de verdade, mas é pura ficção. Trata-se das maquetes realistas, carinhosamente confeccionadas por ele para “descansar a mente”, muito embora a brincadeira tenha se tornado uma forma de ganhar renda extra. “Foi uma forma de tirar o estresse do trabalho, comecei com isso faz mais ou menos três anos. Fazia sem pretensão, até mesmo presenteando amigos, só que de repente comecei a ganhar dinheiro com os dioramas” disse.

Além de colecionar miniaturas, Ronaldo constrói dioramas (Foto: Marcelo Ribeiro)

Segundo Ronaldo, o hobby foi motivado, também, pela necessidade de se aproximar da memória do pai, já falecido. “Ele era mecânico, então de certa forma sempre estive envolvido no mundo dos carros. Acho que esta paixão começou desde pequeno mesmo, pois sempre colecionei carrinhos, por prazer. Os dioramas (fabricados com MDF) fui fazendo para relaxar, mas me dedicando sempre para ficar o mais próximo possível da realidade. De repente passei a receber encomendas, até de fora da cidade.”

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Maquetes ultrarrealistas
Ronaldo não está sozinho neste grupo de juiz-foranos, apaixonados por carros, que fazem do lúdico uma brincadeira de gente grande. O engenheiro Eduardo Abreu, 59 anos, constrói maquetes ultrarrealistas do mundo automotivo, desde oficinas mecânicas até postos de combustíveis.

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Eduardo coleciona miniaturas e constrói dioramas (Foto: Olavo Prazeres)

As oficinas, aliás, chamam atenção pelos detalhes, como as ferramentas em miniatura pregadas na parede e os equipamentos habitualmente encontrados nesses estabelecimentos, como compressores e elevadores veiculares, que se movimentam como os de verdade. Para isso, usa o dom da criatividade para transformar materiais como PVC, resina e papelão em paredes, tetos e equipamentos mecânicos.

“Sempre foi um hobby. Pelo menos começou assim há mais de 20 anos”, disse, acrescentando que, cada vez mais, a diversão tem se transformado em uma segunda importante fonte de renda na sua família. “Faço vendas pelas redes sociais e market places. Só no Mercado Livre já vendi mais de 300 postos de combustíveis”, disse o engenheiro que, após perder o emprego em razão da crise econômica no país, encontrou trabalho no setor de logística da Prefeitura de Juiz de Fora.

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Sob encomenda, Eduardo constrói maquetes de estabelecimentos ligados ao mundo automotivo que há décadas deixaram de compor o cenário urbano de Juiz de Fora. Entre eles, extintos postos de combustíveis da área central, encomendados pelos filhos e netos dos antigos proprietários.

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Algumas miniaturas de postos e oficinas de Eduardo (Foto: Olavo Prazeres)

Para isso, usa escalas das mais diferentes proporções, como 1:64, 1:43, 1:24 e 1:18, com intuito de alcançar a simetria entre todos os objetos que formam o cenário. “Faz pouco tempo desenvolvi um projeto meio maluco, que é uma vaca, em escala 1:1 (tamanho real) com a cidade de Tiradentes sobre ela, com mais de 200 casinhas. Agora estou construindo, também na vaca, um ferro velho, com mais de 150 carrinhos em miniatura.”

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Eduardo capricha no ferro velho em cima de uma vaca (Foto: Olavo Prazeres)

Os brinquedos em que as crianças não colocam as mãos

No caso do Eduardo, os carrinhos em miniaturas estão presentes no seu dia-a-dia, só que com objetivo maior de compor as maquetes. Diferente do que move o fotojornalista da Tribuna Leonardo Costa, 41 anos. Em sua casa, na parede do quarto, estão aproximadamente 500 carrinhos de sua coleção particular.

O fotojornalista Leonardo Costa e os brinquedos em que crianças não mexem (Foto: Leonardo Costa)

O acervo, aliás, construído em praticamente quatro décadas, é virtualmente intocável. Os sobrinhos não chegam perto. Afinal, coleção não é brinquedo, como ele mesmo diz. “Eu encaro mais como hobby e investimento, porque, evidentemente, não saio brincando de carro pela casa. Posso chegar um dia, vender a coleção inteira e faturar cerca de R$ 15 mil. Ou seja, posso transformar os carrinhos em um carro de verdade”, garantiu.

A paixão que move Leonardo, porém, é diferente do perfil da maioria dos colecionadores. Isso porque ele não é um aficionado por carros de verdade, nem mesmo tem o hábito de dirigir, frequentar grupos e clubes de carros antigos. “Ao meu ver é uma forma de remeter à minha infância e adolescência. Recordar o carro que meu pai e o meu tio tiveram, por exemplo. Ao ver os modelos nacionais antigos, lembro de tudo aquilo que vivi na década de 1980.”

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Embora tenha cinco centenas de modelos, Leonardo garante que a coleção não está completa. Por isso, todo mês adquire novas peças para o seu acervo pessoal. Da coleção de carros nacionais, por exemplo, estimada em cerca de 130 modelos, ele já adquiriu 90. E alguns exemplares acabam se tornando bem raros, podendo ser adquiridos ou vendidos por até o triplo do preço na internet. “Para se ter ideia, a coleção completa, comprando na banca, custa cerca de R$ 5 mil, mas no Mercado Livre as pessoas já vendem por R$ 10 mil.”

Paixão pelos modelos nacionais

A crescente coleção de Geraldo (Foto: Arquivo pessoal)

Adquirir e manter carros antigos, de verdade, tem um custo elevado. Desta forma, as miniaturas acabam se transformando em uma alternativa viável para os apaixonados por automóveis. Para o aposentado Geraldo Lúcio da Silva, 59 anos, a coleção em pouco tempo se tornou um “vício”. “Comecei a comprar faz uns seis anos. Não tenho um tipo específico, mas prefiro os modelos de circulação nacional, de montadoras como Fiat e Volkswagen.”

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De acordo com ele, o acervo, hoje formado por mais de 50 miniaturas, começou a partir da aquisição de fascículos em revistas, mas já se expandiu para outros meios. Um deles, aliás, chega a ser curioso: a feira de domingo da Avenida Brasil. “Estão todos guardados em uma prateleira, dentro de caixinhas de acrílico, em uma prateleira bem alta”, informou, explicando que suas paixões ficam longe do alcance de qualquer criança, inclusive da sua filha.

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