O preço médio dos carros usados apresentou queda em setembro, seguindo a tendência já registrada em agosto. Na média, a depreciação ficou em torno dos 2%. Porém, pode haver variação, para cima e para baixo, dependendo do modelo e ano de fabricação. As informações são da KBB Brasil, consultoria do setor de veículos novos e usados.
Portanto, o cenário é bem diferente do visto nos últimos anos. Durante a pandemia, os preços dos veículos de segunda mão supervalorizaram, sobretudo por causa da queda da oferta de modelos zero-km.
Isso porque houve redução da produção, e até mesmo paralisação das linhas de montagem durante a quarentena. Além disso, a escassez de insumos e componentes, como semicondutores, também contribuíram para reduzir a oferta de veículos zero-km.
Entre os fatores apontados para as recentes quedas de preços está o programa do governo que incentivou a venda de carros novos. A iniciativa, lançada em junho, derrubou sobretudo a tabela dos modelos de entrada. Porém, várias marcas estenderam o benefício para linhas mais caras.
Seja como for, apesar de as vendas estarem crescendo – em ritmo discreto, é verdade -, os preços médios ainda não voltaram ao patamar anterior. A alta foi de 3,7% em outubro em relação a setembro.
Seminovos
Entre os chamados seminovos (com até três anos de uso), a retração média dos preços foi de 1,95%, na comparação de setembro com agosto deste ano. No caso dos modelos 2024, a redução média foi de 0,78%. Já nos veículos 2023, a retração foi três vezes maior: de -2,44%.
Para os usados (entre quatro e dez anos de uso), os preços caíram, em média, 1,71%. Segundo dados da KBB, a menor redução ocorreu nos valores dos carros de 2014, enquanto os feitos em 2017 apresentaram a maior queda: -2,05%.
De toda forma, a retração pode variar bastante. Assim, depende de fatores como ano, segmento, modelo e até mesmo a versão do veículo.
O Volkswagen Gol, por exemplo, o usado mais transferido do Brasil, teve desvalorização média de -7,62%. Portanto, é menor que a da média do mercado, de -8,5%, segundo estudo feito pelo site Mobiauto a pedido do Jornal do Carro, do Estadão.
Embora não seja mais fabricado, o Gol é um sucesso no mercado de usados. Porém, o ano de fabricação é determinante. Modelos feitos em 2019 e 2020, por exemplo, tiveram menos de 5% de depreciação dos preços. Já para a linha 2022 a retração foi de 13,24%.
Volkswagen Gol modelo 2022 (Foto: Volkswagen / Divulgação)
Saint Clair Castro Jr, CEO da Mobiauto, confirma o impacto nos preços durante a pandemia. “O preço desse Gol 22 mesmo subiu muito na época. E agora há uma natural acomodação de valores, o que pressupõe uma desvalorização mais acentuada”, afirma.
Curiosamente, um dos segmentos que mais faz sucesso entre os usados é o de peruas. Segundo a Mobiauto, os preços desses carros com entre quatro e dez anos de uso depreciaram, em média, 3,04%.
Das 18 opções incluídas no levantamento, algumas até ficaram mais caras. É o caso da Fiat Weekend de 2016, por exemplo. Segundo a Mobiauto, o preço do modelo subiu, em média, 3,62%. No caso da rival Volkswagen SpaceFox de 2013, a alta foi de 3,39%.
Dos sedãs compactos, o preço do Hyundai HB20S ano 2021, na versão Vision 1.0, valorizou 8,87%. Em setembro de 2022, o preço médio do modelo era de R$ 66.960, enquanto em setembro deste ano, era de, em média, R$ 72.897.
O Volkswagen Virtus ano 2021 Highline aparece na segunda colocação entre os carros pesquisados, com valorização de 5,47%. O preço médio do sedã passou de R$ 90.638 para R$ 95.598.
Já o Renault Logan Life 1.0 de 2022 ficou 21,9% mais barato no mesmo período. Em setembro do ano passado, o preço era de R$ 65 136 e, neste ano, baixou para R$ 50.885.