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Conheça aplicativo que verifica mais de 10 mil falhas no carro

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Uma dúvida que paira sobre a cabeça dos motoristas é se o carro está, de fato, em boas condições. Afinal, muitos problemas mecânicos e elétricos são silenciosos até que o veículo pare no meio do caminho. O repórter que vos escreve sabe muito bem o que é isso: sem sinal de celular, à noite, em uma estrada com poucos recursos, ser surpreendido com o motor simplesmente apagado, entre uma marcha e outra, está longe de ser uma experiência agradável. Para quem vai aproveitar o último fim de semana da estação verão – ou ainda vai esticar o calor de início de outono no feriadão da Semana Santa – é bom não correr o risco de fazer o passeio se transformar em frustração.

Carro não fala. Claro que modelos mais novos e modernos possuem computadores de bordo que apresentam muitas informações sobre a saúde do possante, mas este é um recurso ainda limitado a veículos que não fazem parte do catálogo dos ditos populares. Mas há uma forma de reverter isso.
Durante dez dias, testamos o Engie, um aplicativo que faz da tela do smartphone o computador de bordo que falta no carro. Além do programa em si, o Engie é composto por um pequeno dispositivo ligado à porta OBDII do carro, geralmente localizada abaixo do volante, na caixa de fusíveis. Pode até parecer assustador ligar um “desconhecido” no sistema do veículo, mas o saldo é positivo.

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Em poucos segundos, o dispositivo, pareado ao aplicativo, faz uma varredura do sistema do veículo em busca de mais de dez mil possíveis falhas ou comportamentos incorretos dos sistemas de motor, chassi, rede e direção, além de passar informações sobre a bateria, o alternador e até a temperatura do motor. A ideia é chegar ao mecânico com um diagnóstico prévio de situação, sem correr o risco de ser enganado por maus profissionais.

A Tribuna recebeu o Engie para testes. O dispositivo pode ser adquirido a um custo acessível – R$ 69 para quem usa Android e R$ 99 para parear com iOS e Android. Ambos usam a rede Bluetooth para conexão.

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Vamos ao teste

Em pouco mais de uma semana, o Engie ficou ligado à porta OBDII de um Citroën C3, modelo 2012. Embora a luz fique acesa a todo o momento, não é necessário retirar o dispositivo quando o carro é desligado. Como o próprio manual de instruções informa, o consumo de bateria é mínimo, semelhante à de um alarme ou um fone de ouvido. Mas, é claro, se no diagnóstico aparecer qualquer problema com a bateria, é bom não arriscar.

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Além da varredura – e, diga-se de passagem, nenhum problema foi detectado no C3 -, o aplicativo Engie ainda possibilita passar informações em tempo real do carro, como taxa de combustível (quantos quilômetros está fazendo por litro) e custo de determinado percurso. E o mais impressionante: o sistema é altamente preciso.

Com o tanque quase vazio, a reportagem colocou R$ 20 de gasolina assim que o painel do carro acusou estar na reserva. Posteriormente, trafegou pela cidade, durante três dias, até o deslocamento somar os R$ 20 de gasolina colocados. Neste mesmo momento, o carro informou que estava, mais uma vez, na reserva.

Outra facilidade é saber, sem precisar fazer contas, quanto cada deslocamento está custando, centavo por centavo. Durante o teste, verificamos até a diferença entre a ida ao trabalho com o ar-condicionado ligado (R$ 3,60) e desligado (R$ 3,30). É bem verdade que dá para ficar um pouco neurótico vendo os cifrões subindo a tela, como um taxímetro, mas no fim a informação se mostra precisa e relevante.

Em outra tela, foi possível verificar o histórico da viagem durante os dias de teste: o desempenho do carro foi de, em média, 9,9 km/l na cidade, ao custo final de R$ 54,11 para 121,6 quilômetros. A gasolina foi comprada a R$ 4,49 o litro.

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De Israel para o mundo

Conversamos com o gerente de marketing para o Brasil do Engie, Fábio Vaisman, que vive em Israel, sede da startup. Segundo ele, para chegar a esta precisão, o Engie usa o sistema OBD dos veículos, que é um padrão das montadoras constituído a partir de 1996. “A gente tira todas as informações do OBD. Para chegar ao consumo de combustível, é levada em consideração uma série de fatores técnicos, a partir dos dados transmitidos pelo próprio sistema do carro. O mais interessante deste uso é poder saber se a gasolina de determinado posto está rendendo tanto quanto deveria. Este controle reduz os riscos de usar combustível adulterado, por exemplo.”

Engie e Waze

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O Engie tem em sua equipe Uri Levine, co-fundador do Waze, o navegador urbano mais usado do mundo. Não é errado dizer que se trata de uma rede social sobre veículos, embora a plataforma prefira ser conhecida como um marketplace. Isso porque uma das funções é criar um vínculo entre o condutor e um mecânico de boa reputação.

A empresa de tecnologia iniciou as atividades no fim de 2014, em Israel, e já atua, além do país do oriente médio e Brasil, também no México e Reino Unido. São mais de 200 mil usuários ativos, com 50 mil downloads feitos no Brasil e a venda de 15 mil dispositivos, em quatro meses. “O Engie funciona como o Airbnb, para aluguéis de imóveis, e o Booking, para compra de passagem. Queremos fazer desta plataforma a referência quando o assunto for mecânica de autos. Conseguimos, com o uso do Engie, reduzir o risco de maus profissionais colocando as mãos nos carros, pois agora é possível ter um diagnóstico prévio da situação.”

Mecânico em tempo real

Um exemplo é que quando um erro é identificado, existe a possibilidade de enviar a mensagem de alerta para oficinas ligadas à rede e receber uma cotação. Infelizmente não é uma funcionalidade disponível, ainda, para os juiz-foranos. Na busca por serviços, o mais próximo da cidade está em Bicas. Também há muitos em Barbacena, Três Rios (RJ) e Petrópolis (RJ). Sobre isso, Fábio explicou que a estratégia adotada foi a de primeiro lançar o dispositivo para depois cadastrar os mecânicos parceiros. Atualmente, é usada a lista de oficinas do Google para referenciar empresas próximas, e a questão de Juiz de fora não compor a lista será verificada.

‘Estamos trabalhando agora na captação dos mecânicos, mostrando a eles que já existe uma base sólida de usuários cadastrados e interessados no serviço. Este serviço vai avançar mais rápido no Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais, mas temos a expectativa de expandir para todo o país’

       Fábio Vaisman, gerente de marketing do Engie

Trabalho reverso

Em breve, será lançado no Brasil, ainda, um trabalho reverso. O mecânico cadastrado poderá vender o Engie para os seus clientes e acompanhar, em um sistema próprio, as informações sobre os carros. Ou seja, quando uma mensagem de alerta for emitida, o profissional já terá as informações necessárias e poderá entrar em contato com o seu cliente, por meio de um chat. “Ele terá acesso a todo o sistema de códigos de erros do carro, mas o usuário não corre o risco de perder a privacidade. Não será possível, por exemplo, ter acesso a dados sobre a localização do carro.” Atualmente esta funcionalidade está em testes em Israel.

Vale a pena?

Se está desconfiado que exista algo de errado no veículo, o Engie é um excelente tira-dúvidas. Além disso, faz quase todos os veículos movidos a gasolina, fabricados a partir de 2002, ganharem um computador de bordo de baixo custo. A funcionalidade da interação com os mecânicos ainda não é uma realidade para os juiz-foranos, mas pode vir a ser.

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