FOTOS: Isabel Almeida/Carta Z Notícias
Por Márcio Maio, Auto Press
Tecnologias de conectividade funcionam como um atrativo para automóveis de categorias de entrada. Tanto que a Volkswagen decidiu criar uma série especial do Up evidenciando a principal novidade conquistada em sua linha 2018: a Connect. Baseada na variante Move, a de entrada com motor turbinado TSI, ela é adquirida a partir de um pacote que garante, além de algumas alterações visuais, a o sistema de som Composition Phone, que interage com smartphones a ponto de reproduzir, na tela destes, informações sobre o veículo e até um GPS próprio para a linha.
A nova versão veio junto com o face-lift do Up, promovido em abril último. Com linhas mais horizontais, o compacto teve os faróis e o para-choque da frente e de trás redesenhados, ganhando elementos internos no conjunto ótico e grade do radiador com friso cromado que se conecta à linha que margeia os faróis. As lanternas também estão com novo visual e são escurecidas.
Oferecida exclusivamente com motor TSI, o pacote Connect adiciona retrovisor pintado de preto, interior escurecido, adesivo na soleira das portas, faixa lateral alusiva à versão, roda de liga leve de 15 polegadas diamantada e com detalhes em preto brilhante. Mas só fica disponível em três opções de cores de carroceria, sempre metálicas: laranja, azul e prata.
O interior também recebeu mudanças. Painel, instrumento combinado, volante global _ multifuncional e com acabamento de couro _, suporte para celular e tecido dos bancos são novos. No painel de instrumentos, há três grandes mostradores circulares: à esquerda fica o conta-giros, à direita o marcador do nível de combustível e, ao centro, o velocímetro, junto com a tela central com iluminação branca e 3,5 polegadas.
Para se interligar a um smartphone, o Composition Phone depende de um aplicativo que deve ser baixado no aparelho celular, o maps + more, disponível gratuitamente para os sistemas Android e IOS. A partir dele, é permitida a conectividade entre rádio, carro e telefone. A tela o sistema é colorida e há entradas auxiliar e SD, além de porta USB posicionada no suporte de celular.
O pareamento entre o celular e o sistema ocorre via Bluetooth. Uma vez conectados e com o aplicativo aberto, a tela do smartphone passa a ser a tela central do sistema de som e, com isso, é possível também controlar algumas funções do celular via carro. No telefone, aparecem atalhos para agenda de telefone, músicas salvas e para chamar um serviço de apoio da própria Volkswagen, em caso de algum problema com o Up. O maps + more também traz GPS com mapas baixados para o aparelho celular, garantindo seu funcionamento mesmo sem conexão à internet.
O motor segue intacto: o mesmo 1.0 turbinado de 105 cv de potência máxima e 16,8 kgfm de torque, este último entregue em sua totalidade já a partir dos 1.500 giros. O preço, no entanto, não é dos mais convidativos. O pacote Connect nem encarece tanto, já que sai a R$ 848. Mas como está exclusivamente atrelado a cores metálicas, a conta sobe ainda R$ 1.381, totalizando R$ 55.718. O Up Move TSI, sem o Composition Phone e os adereços estéticos da variante Connect, custa R$ 53.490.
Impressões ao dirigir
O face-lift promovido pela marca neste ano não afetou a dinâmica do modelo, mas conseguiu mexer na relação do motorista com o carro. E não só no que diz respeito à conectividade, como supõe o pacote Connect da unidade avaliada. Se antes era extremamente complicado enxergar o conta-giros e as informações do computador de bordo, hoje nem é preciso baixar o aplicativo da marca para transformar o smartphone em central multimídia se a intenção for essa. Os visores cresceram e é possível, com extrema facilidade, verificar os dados sem ter de desviar demais a visão do trânsito.
No que diz respeito à interação entre telefone e sistema de som, há dois pesos e duas medidas. Literalmente. Ao mesmo tempo em que a tecnologia auxilia – principalmente ao guardar os mapas no aparelho celular, para que o GPS funcione com ou sem conexão com a internet – os motoristas, também pode ocupar um espaço excessivo da memória do telefone. E caso o aparelho não tenha slot para cartão de memória e boa capacidade livre, priorizar os momentos no veículo pode afetar a relação do usuário com seu telefone.
Em movimento, vê-se o bom desempenho de sempre. Arrancadas, retomadas e ultrapassagens são feitas com um vigor que impressiona os motoristas de modelos maiores e com motores aspirados. O próprio zero a 100 km/h do Up TSI é capaz de comprovar isso: são apenas 9,3 segundos quando abastecido com etanol. Para um carro visto como popular e com motorização 1.0, não há espaço para reclamações. Só é bom não se empolgar demais: a diversão é entregue, mas os recursos eletrônicos de segurança se resumem, praticamente, a um controle eletrônico de tração.
Ponto a ponto
Desempenho
O motor 1.0 TSI do Up é, de longe, o que há de mais instigante em qualquer versão que seja equipada com ele. São 105 cv em um carrinho com cerca de mil quilos, ou seja, o suficiente para levá-lo de zero a 100 km/h em 9,3 segundos e alcançar 183 km/h quando abastecido com etanol. O bom torque de 16,8 kgfm aparece já aos 1.500 giros e, na prática, isso significa agilidade nas arrancadas, ultrapassagens e retomadas. Deixa muitos hatches compactos com propulsor 1.6 e até 1.8 aspirados para trás com grande facilidade. Nota 10.
Estabilidade
Nesse ponto, o Up Connect deixa a desejar. Na verdade, o UP não tem controle de estabilidade em nenhuma configuração. Ou seja, apesar do estímulo contínuo para que o motorista pise fundo no acelerador, é preciso se conter um pouco e evitar abusos. Além disso, o alto torque já em baixas rotações, em alguns casos, provoca a perda de aderência na frente em arrancadas mais vigorosas. A suspensão, no entanto, é bem calibrada e a carroceria não rola muito em curvas. Nota 7.
Interatividade
O Up foi projetado para ser um carro simples e funcional. Logo, são poucos os comandos presentes e todos estão bem localizados. O conta-giros cresceu com o face-lift _ antes era bem pequeno _, assim como o visor do computador de bordo. O nome da versão, Connect, se justifica pelo sistema de som Composition Phone, que transforma um smartphone numa espécie central multimídia. O aplicativo funciona muito bem, mas ao baixar os mapas para o aparelho, ocupa bastante espaço da memória. O suporte para celulares é bastante prático. Mas decepciona a falta de opção com vidro elétrico traseiro. Nota 8.
Consumo
É esse, sem dúvida, um dos principais apelos de qualquer Up com motor 1.0 TSI. De acordo com dados do Programa de Etiquetagem do InMetro, o modelo recebe nota A na categoria e no geral, com consumo energético de 1,44 MJ/km. São 9,6 km/l e 11,1 km/l na cidade e na estrada com etanol e 14,1 km/l e 16 km/l com gasolina. Nota 10.
Conforto
O Up TSI recebe molas e amortecedores com nova calibração em relação às versões sem motor turbo, tornando a suspensão mais rígida. Com isso, sente-se alguns impactos diante de solos desnivelados. Na frente, há bom espaço para os dois ocupantes, mas quem viaja atrás depende da boa vontade dos passageiros dianteiros. Nesse quesito, nem de longe é o hatch compacto mais atraente. Nota 7.
Tecnologia
O Up inaugurou uma nova plataforma em 2012 na Europa, a PQ12. O motor três cilindros de 1.0 litro é novo, principalmente sua versão mais potente, com turbocompressor. Não há central multimídia para o Up Connect _ que é baseado na variante de entrada com propulsor turbo, a Move. Mas o pacote tem sistema de som compatível com aplicativo que transforma o smartphone do dono em um sistema com informações sobre o veículo e GPS. Nota 8.
Habitabilidade
Apesar de pequeno, há um bom aproveitamento de espaço no Up. É recheado com nichos para garrafas, papéis, documentos e outras coisas que precisam estar à mão do motorista. O porta-malas comporta 285 litros e as portas têm ângulo de abertura suficiente para garantir a entrada e a saída de seus ocupantes com tranquilidade. Nota 7.
Acabamento
Os plásticos aparentam boa qualidade e têm encaixes bem feitos. Porém, o Up Connect não traz o charme do acabamento colorido no painel. Perde um pouco do traço jovial e contemporâneo que o interior na cor da carroceria traz ao modelo. Nota 6.
Design
Com o face-lift promovido na linha 2018, o Up mudou pouco. A parte frontal agora traz sutis diferenças na dianteira, com faróis redesenhados e para-choques ligeiramente maiores e mais angulosos. O conjunto ótico tem novos elementos internos e a grade do radiador incorpora um friso cromado conectado à linha que margeia os faróis. O pacote Connect traz ainda o acabamento interno escurecido no teto e colunas, adesivo lateral alusivo à versão, retrovisores externos pintados e rodas de liga leve de 15 polegadas _ a configuração Move traz, de fábrica, aro 14”. E como em todo Up com motor TSI, a tampa do porta-malas é preta. Nota 7.
Custo/benefício
O Up nunca foi um carro barato. Mas é um compacto que, de fato, entrega desempenho instigante. O Up Connect custa R$ 55.719, mas é bem equipado. Porém, um HB20 Comfort Plus turbinado e com central multimídia de sete polegadas custa R$ 53.180, já na cor azul metálica, igual à unidade testada do Up. Para quem não fez questão de turbo no motor, um Fiat Uno Sporting 1.3, com 109 cv _ são 4 cv a mais que o Up TSI e o HB20 turbinado _ e já com itens como assistente de partida em rampa e controles de estabilidade e tração sai a R$ 55.786. Seja pelo desempenho ou pela adição de um turbocompressor no trem de força, o Up TSI não é mesmo a opção mais vantajosa. Nota 5.
Total
O Volkswagen Up Connect somou 75 pontos em 100 possíveis.
Ficha técnica
Volkswagen Up Connect
Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbocompressor. Injeção direta e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 105 e 101 cv a 5 mil rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 16,8 kgfm entre 1.500 e 4 mil rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,3 segundos.
Velocidade máxima: 183 km/h.
Diâmetro e curso: 74,5 mm X 76,4 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira interdependente, com braços longitudinais e molas helicoidais. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e discos à tambor atrás. Oferece ABS com EBD de série.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 3,64 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,50 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 1 mil kg, em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Taubaté, Brasil.
Lançamento mundial: 2011. Lançamento no Brasil: 2014. Lançamento do novo motor 1.0 TSI: 2015. Face-lift: 2017.
Itens de série: Direção elétrica, alerta de frenagem de emergência, sistema de alarme com comando remoto, sensores de estacionamento traseiro, banco do motorista com ajuste de altura, alerta visual e sonoro de não utilização dos cintos de segurança dianteiros, ar-condicionado, chave tipo “canivete” com controle remoto, coluna de direção com ajuste de altura, computador de bordo, banco traseiro rebatível, retrovisores elétricos com função “Tilt-Down” no lado direito e luzes indicadoras de direção integradas, faróis com máscara escurecida e moldura cromada, faróis de neblina, fixação de assento de criança com sistema ISOFIX, rodas de liga leve aro 15, tampa do porta-malas com abertura elétrica, travamento elétrico das portas com controle remoto, vidros dianteiros elétricos, volante multifuncional em couro, acabamento interno escurecido no teto e colunas, adesivo lateral “Connect”, função de dados na porta USB do suporte para celular, pneus de baixa resistência à rolagem e sistema de som “Composition Phone”, que transforma o smartphone em uma central multimídia a partir de um aplicativo a ser baixado para o telefone.
Preço: R$ 55.719