
Modelo usa o apelo da tecnologia
O Duster apresenta bons resultados de vendas desde que chegou ao mercado nacional, em outubro de 2011. Nem por isso a Renault se acomoda. Para explorar o lado "novidadeiro" do consumidor brasileiro, a marca apresentou a série especial Tech Road. Além de renovar a oferta do SUV, aproveitou para dar mais fôlego também ao marketing do modelo. Feita com base na Dynamique, até então a variante mais equipada da linha, a nova versão aproveita o apelo da tecnologia para se situar numa espécie de "topo do topo".
A tal "tech" que a fabricante vende com a versão refere-se ao sistema NAV, que apresenta tela sensível ao toque, de sete polegadas, e rádio com conexão USB/iPod, Bluetooth e auxiliar. O equipamento também oferece sistema de navegação com mapas fornecidos pela Navteq. Fora isso, apenas os itens já disponíveis no Duster Dynamique, que vão desde o computador de bordo até o trio elétrico, passando por airbag duplo e ABS. O preço, a partir de R$ 63.130, não é o principal argumento – mas deixa o SUV em posição de igualdade diante dos concorrentes igualmente equipados. A intenção da Renault com o Tech Road é reavivar a atenção para o Duster e também estimular o público mais jovem a conhecer o carro.
O Duster Tech Road é oferecido em duas opções de motores, sempre movidos a gasolina e etanol – 1.6 e 2.0. No de maior cilindrada, há a possibilidade do câmbio automático. Com esta configuração, o utilitário entrega 142cv a 5.500rpm e torque de 20,9kgfm de torque aos 3.750 giros, quando abastecido com etanol. Todas as versões estão disponíveis apenas com tração 4×2. O preço da série especial na versão 2.0 automática pode chegar a R$ 65.750, quando dotada ainda dos opcionais bancos de couro e pintura metálica.
A série Tech Road foi apresentada um mês após o início das vendas da nova geração do Ford EcoSport. Até agosto, a média de emplacamentos do Duster era de 3.400 unidades mensais contra 2.300 do rival. A partir de setembro, a Ford começou a vender o renovado utilitário e levou mínima vantagem até dezembro – média de 4.900 unidades contra 4.890. No entanto, no acumulado de 2012 o Duster manteve a ponta e fechou o ano com 46.893 licenciamentos contra 38.284 do adversário. E esse ano a briga promete ficar ainda mais interessante. A Chevrolet vai lançar em 2013 o Tracker e a Peugeot planeja introduzir o utilitário 2008, que deve entrar em produção até dezembro.
Impressões ao dirigir
O Duster é um carro com personalidade própria, e isso não se pode negar. O estilo quadradão evidencia a proposta da Renault de fazer um SUV com mais ênfase no lado utilitário do que no esportivo. Porém, por dentro, o Tech Road não é tão bruto quanto seu exterior sugere. O carro oferece conforto e praticamente tudo está bem posicionado. Há dificuldade apenas para encontrar um lugar interessante para despejar "trecos" como carteira e celular, já que os porta-objetos não primam pela comodidade em suas localizações. Também incomoda o comando dos retrovisores externos estar perto da alavanca do freio de estacionamento. Porém, passada a "fase de apresentações", rapidamente encontra-se o melhor ajuste para dar a partida.
Sair com o Duster não causa qualquer incômodo. As relações das duas primeiras marchas são curtas e logo atinge-se a faixa de torque suficiente para que o SUV se mova com bastante agilidade. O motor, de 142cv, é eficiente e demonstra valentia. Porém, na terceira marcha fica um tanto "bobo" por um tempo. Mas nada que comprometa o desempenho do utilitário, que logo acorda e recupera o fôlego. O Duster é grande. Se por um lado, tal atributo proporciona bastante conforto para os ocupantes, a contrapartida vem nas curvas, quando o carro eventualmente balança mais do que seria agradável. Já em vias predominantemente retas, se revela bastante estável e muito bem disposto.
A suspensão é um fator importante para a boa vida a bordo do Duster. Ela absorve as constantes imperfeições do caminho e até mesmo em trechos repletos de quebra-molas o jipinho não deixa a desejar. O isolamento acústico também merece nota. Nas faixas mais altas de rotação pouco se ouve do motor. O sistema de entretenimento dá um certo charme à parte central do painel. Porém o local escolhido pela Renault para alocá-lo incomoda. Com o carro em movimento, não dá para manuseá-lo sem perder o foco na direção. No aspecto dinâmico, o SUV se sai bem e nas situações cotidianas deixa claro que, apesar do jeitão "bronco", fica bem à vontade na "selva urbana".