Existem dois tipos de proprietários de carros: aqueles que levam o automóvel rigorosamente para as revisões periódicas e os que preferem tratar o efeito quando algum problema já surgiu. Infelizmente, o segundo grupo é bem grande entre os brasileiros, mas alguns cuidados periódicos podem fazer a diferença para evitar surpresas indesejadas. Você sabia, por exemplo, que faróis devem ser ajustados periodicamente para que funcionem de forma correta? Do contrário, a segurança pode ficar comprometida, principalmente nas estradas escuras, durante noites e madrugadas.
De acordo com Alexandre Brugiolo, proprietário da Peçalex, o recomendado é que o ajuste dos faróis seja feito a cada seis meses, caso o veículo seja utilizado com certa frequência. Ele explica que a trepidação do veículo – causado pela pavimentação irregular e até por problemas na suspensão – contribuem para que a regulagem ideal seja perdida. “Neste caso, até a durabilidade da lâmpada se compromete. Isso porque, geralmente, elas não queimam, mas o filamento se rompe por causa deste atrito constante.”
Além do ajuste, outros detalhes nos faróis devem ser notados. Isso porque, em alguns casos (não raros), a regulagem do conjunto ótico está correta, mas a lâmpada é de qualidade ruim, ou ainda falsificada. “E como elas precisam trabalhar exatamente no ponto focal do farol, um ajuste errado do produto compromete o desempenho”, disse, acrescentando que esta é uma situação em que um milímetro pode fazer a diferença.
Alinhamento
Como a trepidação do carro interfere no bom desempenho da regulagem dos faróis, a suspensão deve estar em dia, assim como o alinhamento. Segundo o mecânico Elecson Coelho Leite, o Fusquinha, é importante submeter o carro a este serviço a cada 5 mil quilômetros em Juiz de Fora. Quem trafega mais em estradas em boas condições, ou em cidades com melhor pavimentação, é recomendado buscar uma oficina especializada a cada 10 mil quilômetros.
Outro trabalho importante, que interfere na estabilidade do carro e, consequentemente, no alinhamento e na vida útil dos faróis, é o rodízio dos pneus. Esta orientação existe porque o peso do carro é maior na parte dianteira, onde há maior atrito da borracha com o solo. Estima-se que o desgaste na dupla dianteira seja 70% superior se comparada à traseira.
E para evitar danos precoces, também é preciso manter a calibragem em dia, com verificações a cada uma semana. A pressão a ser colocada no pneu vai depender, principalmente, do tamanho dele, se aro 14, 15, 16 ou até 18. Na dúvida, oriente-se com o manual de instruções.
Correia dentada
Uma coisa é o comprometimento da segurança e do conforto dentro do carro. Outra é ficar, literalmente, à pé. E isso pode acontecer se a correia dentada do motor se romper. Esta peça faz a sincronização das válvulas do motor com os pistões e, se quebra, o motor para de funcionar em instantes.
Correia dentada não é algo visível, que pode ser notado por nós, condutores. Mas um mecânico de confiança vai fazer a avaliação e saber a hora certa de fazer a substituição. A recomendação de troca está disponível nos manuais dos carros, mas este tempo varia conforme marca e modelo. Segundo o mecânico Edmilson Araújo, da Auto Alinhadora Benjamin, alguns carros populares, de montadoras como Volkswagen e Fiat, orientam a substituição da correia a cada 50 mil quilômetros.
De tão importante, a correia dentada é uma peça que os mecânicos orientam trocar quando um carro seminovo é adquirido. Afinal, muitas vezes não é possível saber quando o antigo proprietário fez a troca. Na dúvida, busque manutenção preventiva.
Pastilha de freios
Reduzir a velocidade do carro para entrar em curvas ou até mesmo parar o veículo é uma constante ao dirigir. Por isso, o sistema de frenagem deve estar em dia, com as pastilhas em boa condição de uso. São estas peças, que se desgastam com o tempo, que fazem a fricção contra o aço do disco de freio, reduzindo assim o giro da roda.
Segundo Edmilson, é difícil precisar um prazo correto para substituição destas peças, pois isso vai depender das características do próprio motorista. Normalmente, esta troca é feita a cada 30 mil quilômetros. “Mas é sempre bom levar a um mecânico para verificar. Também deve ficar atento se, ao frear, as rodas estão chiando ou fazendo barulho semelhante ao de um apito.”
Nível do óleo e sistema de arrefecimento
É importante checar, com frequência, os fluidos do motor do carro. O óleo, por exemplo, deve ser substituído a cada 5 ou 10 mil quilômetros, conforme o produto a ser adquirido e as recomendações da fabricante do carro. Quando ele permanece sendo utilizado após este tempo, corre o risco de as peças do motor funcionarem com atritos entre elas, gerando prejuízos.
O sistema de arrefecimento também está ligado ao motor, que deve funcionar a uma temperatura ideal. Este líquido, que deve ser próprio (nunca água mineral), é colocado em um reservatório sob o capô da parte dianteira. Se o nível deste reservatório estiver abaixando muito e com frequência, pode haver algo de errado com a saúde do motor. Em alguns casos, a retífica se faz necessária.
Limpador de pára-brisas
E por fim, o limpador de pára-brisas, aquela peça que geralmente só sentimos que está na hora de substituir quando começa o período de instabilidade atmosférica. De acordo com Alexandre Brugiolo, o ideal é fazer a troca, pelo menos, a cada ciclo chuvoso, priorizando a substituição um pouco antes deste período, como em outubro. “No tempo seco ela perde a umidade interna e resseca. Então, mesmo sem usar a palheta, ela será danificada. Muita gente insiste no uso, e isso acaba tirando a polidez do pára-brisa que, depois, começa a ficar com riscos.”
Para garantir a boa condição deste equipamento, mesmo quando ele for pouco utilizado, como no período seco, o ideal é mantê-lo limpo. Alexandre recomenda, ao lavar o carro, fazer a limpeza do pára-brisa com sabão de coco ou sabonete branco e uma esponja macia.