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Da ideia à forma

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Um automóvel é um produto industrial complexo, que sintetiza o trabalho de centenas de empresas e milhares de profissionais. Mas, um dia, aqueles montes de metal, plásticos e vidros sobre rodas foram apenas alguns rabiscos num pedaço de papel. Desvendar o processo de criação de um veículo desde os primeiros esboços até o produto final, incluindo técnicas de pesquisa usadas durante a concepção e execução dos projetos, foi a proposta do “Ford Design Feeling 2016”, um workshop apresentado pela marca norte-americana a jornalistas brasileiros. Realizado na capital paulista, o evento contou com diversos profissionais do Centro de Design da Ford América do Sul, instalado em Camaçari, na Bahia, que comanda alguns projetos globais da marca, como o EcoSport e o Ka.

Como os próprios automóveis, o processo de criação e desenvolvimento do design também busca uma constante evolução, que visa aprimorar as metas de qualidade, eficiência, segurança e sustentabilidade. “Temos de levar em conta fatores que vão muito além da beleza das formas. O design de interior, por exemplo, deve considerar pessoas de diferentes tamanhos e condições físicas de modo a garantir a segurança, conforto e bem-estar para todos. O foco é o uso do produto no cotidiano do consumidor”, explica Matheus Demetrescu, gerente de Experiência do Usuário da Ford.

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A premissa de todo novo produto automotivo é criar veículos para atender os desejos e necessidades de pessoas. Por isso, antes que as primeiras unidades de um automóvel cheguem às concessionárias, são realizadas diversas pesquisas, junto a consumidores de diferentes perfis. A partir da análise dessas pesquisas, a equipe de Marketing Estratégico, voltada para antecipar esses requisitos e identificar padrões de uso, inicia o processo criativo. Na sequência, a “encomenda” do Marketing é passada para as equipes de Design e de Experiência do Usuário, encarregados de dar forma ao novo veículo.

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No “Ford Design Feeling 2016”, em um ambiente batizado de “Inspirações”, designers da marca apresentaram as tendências estilísticas de onde são extraídas ideias para as novas criações. “Arte, arquitetura, tecnologia, comportamento vestuário ou acessórios, existe um mundo de informações a partir das quais damos vazão à criatividade”, afirma Adília Afonso, supervisora de Design da Ford América do Sul.

No ambiente “Criação”, foi a hora de detalhar o processo de geração das ideias. Por meio de croquis e de uma impressora 3D, que imprime pequenas peças desenhadas em computador, foi possível ver como são os primeiros esboços de um novo carro. A partir deles, os designers fazem a modelagem de um primeiro protótipo em argila, normalmente em escala 1/3. Tecnicamente chamada de Clay, a argila plástica sintética utilizada para modelamento da escultura do veículo endurece ao ser aquecida. Ao esfriar, o clay automotivo volta a sua textura mais firme, o que permite que os designers, juntamente com os modeladores, possam esculpir sua superfície.

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No interior, cada detalhe é desenvolvido separadamente. Na criação do acabamento do banco de um automóvel, por exemplo, existe uma infinidade de opções que os designers precisam fazer, tanto de materiais como de estilos e padrões, na escolha de tecidos, cores e recortes. Nessa hora, as marcas contam com diversos parceiros para dividir experiências do universo do design de carros e entender sobre inovações e tendências. Entre esses parceiros, estão empresas dos segmentos de couro, tecido, impressão 3D, pigmentos e componentes. No workshop da Ford, foi possível conhecer um pouco do trabalho de alguns produtores de componentes, sistemas e revestimentos, como a Eagle Ottawa, Faurecia, Merck, Sage e 3D Systems.

Na última etapa, “Experiência do Usuário”, a Ford apresentou os trajes desenvolvidos em seus centros de pesquisas na Europa e nos Estados Unidos que simulam os efeitos da gravidez, da terceira idade, da embriaguez e de drogas. “Queremos que as pessoas possam se colocar no lugar de gestantes e idosos, por exemplo, e entendam como é entrar e sair do carro, dirigir e até sentir a posição do volante”, detalha Matheus Demetrescu. Através desses equipamentos, chamados pela marca de Trajes de Empatia, o workshop proporcionou aos jornalistas presentes diversas experiências interativas, algumas bastante insólitas. As vestimentas simulam e incorporam a quem os usa detalhes como a visão embaçada dos bêbados ou a redução de mobilidade dos idosos. Na vestimenta de grávida, um colete “incorpora” ao motorista um “barrigão” e um par de seios avantajados, além de restringir os movimentos. Para aumentar o realismo, uma bolsa d’água de dois litros, posicionada diretamente sobre a bexiga do motorista, reproduz a pressão normalmente efetuada pela cabeça do feto.

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No final do workshop “Ford Design Feeling 2016”, para exemplificar aplicação desses conceitos e tecnologias ligados à criação e desenvolvimento de novos produtos, estavam expostas as versões 2017 do Focus, Edge e Ranger. Nelas, um boneco tecnológico utilizado pela SAE Brasil serviu para ilustrar os testes de ergonomia realizados durante o desenvolvimento dos veículos.

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