Normalmente, renovação de uma linha de motocicletas toma por base o modelo antecessor. Mas no caso das novas BMW F 750 GS e F 850 GS não é assim. A não ser o fato de serem dois modelos que dividem um mesmo motor com potências diferentes, elas nada têm em comum com as “velhas” F 700 GS e F 800 GS. A produção dos novos modelos já foi confirmada para a fábrica da marca em Manaus com produção a ser iniciada a partir de setembro e provável lançamento no final de 2018. A marca afirma que as novas F 750/850 GS dividirão a linha com as atuais F 700/800 GS, mas o mais provável é que os dois modelos deixem de ser produzidos, como aconteceu na Europa.
As novas bigtrails da BMW dividem agora um motor de 853 cm3. Na 750, ele rende 77 cv, com 8,5 kgfm de torque a 6 mil giros, enquanto na 850 ele chega a 95 cv, com torque de 9,4 kgfm a 6.250 rpm. Ele tem dois eixos contra-rotantes que reduz drasticamente as vibrações e proporcionam um freio-motor menos invasivo. O conjunto conta ainda com um sistema de embreagem deslizante, que torna a condução mais segura.
O gerenciamento eletrônico do motor oferece fornece dois mapeamentos básicos. O primeiro é para chuva, também indicado para o uso na terra, com respostas mais suaves do controle de tração, do acelerador eletrônico e do ABS, que fica calibrado para superfícies escorregadias. O outro é indicado para o asfalto seco e oferece a resposta normal do motor. Opcionalmente, há outros dois modos ficam disponível: Dinâmico, mais esportivo, e Enduro, indicado para o off-road. Um quinto modo, Enduro Pro, que retira quase todos os auxílios eletrônicos, está disponível apenas para o modelo 850.
O chassi é outro ponto que evoluiu muita nas novas GS médias. Agora ela é composta por um monocoque de travessas de aço que “abraça” as laterais do propulsor e o utiliza como parte da estrutura. Isso aumenta a rigidez torcional do modelo e aumenta a precisão na condução — no que é auxiliado pela nova geometria das suspensões. Na Europa, a suspensão com ajuste eletrônico na traseira é vendida como opcional.
De fato, as novas F/750/850 GS contam agora com uma vasta lista de equipamentos vendidos separadamente. Caso do sistema de câmbio que permite a troca de marchas sem o acionamento manual da embreagem, o Gear Shift Assistent Pro, da chave presencial ou do novo painel totalmente digital com conexão com smartphones, navegador de seta e chamada automática em casos de acidentes. Além da diversidade de potência e oferta de recursos entre a 750 e a 850, uma outra diferença chama a atenção: o preço. A 750 custa 9.950 euros — cerca de R$ 45 mil — enquanto a 850 sai por 12.550 euros, sem opcionais – cerca de R$ 56 mil. Uma diferença significativa de 25%.
Primeiras impressões
As novas GS da linha F impressionam imediatamente. Principalmente a 750, que se mostrou mais equilibrada. Mas ambas oferecem a mesma facilidade de condução e versatilidade de uso. Mesmo sendo bigtrails, elas não são muito altas nem desajeitadas. Além de ágeis, têm o peso bem distribuído que ajudam bastante no uso no trânsito urbano e quando se está parado em um sinal, por exemplo. As manobras são relativamente fáceis, mesmo com bagagens ou com um passageiro. Estas BMW foram pensadas para viagens com ambas condições.
Nas versões avaliadas havia os quatro mapas disponíveis. E no modo chuva, a 750 se mostrou mais apta enquanto a 850 exibiu uma diferença de performance importante no modo Dinâmico. Em ambos os casos, as vibrações são imperceptíveis e os motores são bastante elásticos. Embreagem e caixa de marchas são muito suaves, o que torna o Gear Shift quase dispensável. Agradou também o comportamento em altas rotações e a neutralidade dessas novas GS é absolutamente neutro, tanto nas curvas quanto nas frenagens. E o piloto tem sempre uma ótima sensação de controle absoluto sobre a motocicleta.