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Um ‘mineiro’ em um roteiro da Segunda Guerra

Luciano na Normandia
Luciano na Normandia
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Nascido em Itaperuna (RJ), mas radicado há muito tempo em Juiz de Fora, t tenho interesse sobre história de uma forma geral, com queda para a 2ª Guerra Mundial. Após ler muitos livros sobre o assunto e assistir a vários filmes, em fevereiro de 2015, consegui executar um roteiro muito peculiar: conhecer a Normandia, onde um dos mais importantes (para não dizer o mais) momentos do conflito aconteceu em junho de 1944. Aluguei um carro no aeroporto de Orly, Paris, e segui em direção à Normandia. A viagem é muito tranquila com estradas amplas (com vários pedágios), bem sinalizadas e pouquíssimas curvas.

A primeira parada foi na cidade de Caen, 2h30 depois. A visita ao Memorial Caen permite uma imersão profunda nos momentos anteriores à 2ª Guerra levando até o fim Guerra Fria com a queda do muro de Berlim. Logo na entrada do Memorial, estava em exposição uma escultura itinerante que tem como tema uma famosa foto do fim da 2ª Guerra. Dentro do Memorial, é uma mistura de sons e imagens que toma, tranquilamente, quase três horas do visitante. Existem muitos filmes sobre o tema que somente podem ser vistos dentro do espaço.

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Sempre importante deixar claro que não é fácil visitar um espaço desse. Embora as exposições tratam com muito zelo e cautela, é um espaço sobre uma guerra em que o sofrimento da população é sempre apresentado. Por ser um dia “comum” por lá, vi muitos jovens em atividades escolares no memorial. Quando digo muitos, eram muitos!

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Partindo de uma ordem cronológica, após toda imersão em uma França ocupada pelos nazistas, as exposições começam a explorar uma população livre com a chegada das tropas aliadas na Normandia. Por ser inverno, e para manter o planejamento da viagem, não foi possível explorar mais a cidade de Caen, que tem diversos outros pontos históricos importantes, ficando minha visita restrita ao memorial. No mesmo dia, segui para outra cidade histórica, já chegando num meio de tarde com cara de noite. A cidade é Bayeux.

Normandia – Parte 2

Vindo de Caen, fiz o pernoite em Bayeux, uma boa opção de cidade que serve como referência para a visitação das praias que os aliados desembarcaram no dia 6 de junho de 1944. O planejamento do dia era o de chegar até de Sainte Mère Égliese. Dirigindo por ruas estreitas no meio do nada, de vez em quando existia uma pequena localidade, com suas casas peculiares. Bem rapidamente se tem acesso à localidade de Arromanches, onde há o Museu do Desembarque (fechado por ser inverno) e os restos do porto artificial construído após o Dia D. Seguindo rumo a Oeste, o próximo local de visita é um conjunto de quatro baterias antiaérea alemã. São construções praticamente preservadas, dispostas para a costa no canal da mancha.

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Sempre rumo a Oeste, na localidade de Colleville sur Mer, tem o cemitério americano, este eu não visitei, prevaleceu o meu lado de não gostar de cemitério. Mas vale a visita! Em sequência, existe uma famosa praia para aqueles que acompanham a história da 2ª Guerra ou já assistiram ao filme “O resgate do Soldado Ryan”. Omaha Beach é uma extensa faixa de areia onde aconteceu uma das batalhas mais duras do conflito, com muitos soldados, de ambos os lados, mortos. Neste local, lembrando do baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone, peguei uma pequena lembrança, areia da praia, que trouxe e guardo comigo.

A expectativa maior deste dia, ou de toda viagem, era conhecer um local chamado Pointe du Hoc. Passando por mais algumas localidades, chega-se a uma imenso campo aberto, que se encerra em falésias no mar. Preservado com imenso cuidado, até hoje existem os buracos feitos por bombas lançadas do céu e, também as casamatas alemãs. Um lugar realmente incrível!

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Para fechar o dia, fui para uma comuna com nome de Sainte Mère Égliese, onde passei a noite. Esta localidade foi uma das primeiras libertadas pelos aliados, na verdade, a libertação ocorreu antes mesmo do dia 6 de junho de 1944. Paraquedistas saltaram na região. Uma história peculiar é a de um paraquedista que ficou preso na igreja local, ferido, fingiu-se de morto até que os outros soldados pudessem resgatá-lo. Com essa história, ele ficou famoso por lá, e, até hoje, existe um boneco com paraqueda preso no mesmo local. Também nesse lugar, conheci o museu mais espetacular de toda a viagem, museu Airbone. O museu é a perfeição em exposições que remetem aos paraquedistas aliados.

De volta à Paris, passando novamente por Bayeux, o tempo me permitiu parar com decência na cidade. Tinha dois objetivos por lá. Visitar o museu da tapeçaria e conhecer a Catedral. Só deu para fazer a segunda parte. O que eu posso dizer sobre a catedral? É linda e grande, muito grande.

 

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A cobra fumou

A opção para chegar até a região onde os soldados brasileiros lutaram na 2ª Guerra Mundial foi ir de Paris até Bolonha, na Itália. Lá, um carro também é imprescindível! Antes de continuar é importante relatar alguns fatos. Existe um Brasil muito respeitado em uma parte da Itália. Sem dúvida, tudo que os soldados brasileiros fizeram na região da Emilia Romagna é reconhecido até pelas gerações atuais, de lá é claro! Existem diversos monumentos em homenagens aos brasileiros. Esse reconhecimento permanece até os dias atuais, também se deve ao trabalho de uma pessoa ímpar que por lá eu conheci. Filho de um soldado brasileiro com uma italiana, o senhor Mário Pereira contribui para preservar a rica história da participação do nosso país no conflito. Administrador do Monumento Votivo Militar Brasileiro na Itália, é um anfitrião que dedica integralmente seu tempo para receber os visitantes e guiá-los por lugares que nunca, nunca mesmo, poderiam ser visitados por aqueles que não conhecem o local. Certamente, não conseguirei expressar em palavras o trabalho que esse senhor faz por lá.

Já ao entardecer, quase noite, fiz o trajeto de Bolonha até Porreta Terme onde passei a noite. Embora sejam apenas 62km, a sinuosa estrada em serra faz o percurso durar mais de 1h30 para os forasteiros. No dia seguinte, mais 30km e encontrei com o Mário no Monumento, na cidade de Pistóia. Partindo de lá, visitamos diversos lugares importantes.
Chegamos a um local onde existe uma homenagem ao Frei Orlando, na localidade de Bombiana. Por lá existe uma rocha com placas em homenagens ao Frei. Mais um pouco morro acima, chegamos à Gaggio Montano, localidade onde os nossos Pracinhas travaram seu mais duro desafio, a tomada do Monte Castelo. Emoção ao ver o Monte Castelo! Lugar majestoso e calmo numa imensidão de neve. Essa condição de clima era parecida com de fevereiro de 1945. Em seu sopé, existe uma linda escultura que simboliza os Pracinhas que tombaram durante as batalhas.

São várias oportunidades com homenagens aos soldados brasileiros. Lembranças da guerra ainda persistem por diversos lugares. Furos de tiros em portões, no chafariz em uma praça de Montese. Uma caminhada de 100 metros com neve até o joelho nos levou em uma trincheira utilizada pelos soldados alemães. Para “fechar” uma visita a um museu na região com rico acervo, não apenas da segunda guerra, mas inclusive com peças da época romana, encontradas na localidade.

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Fecho aqui meu relato da viagem à França e Itália, com pano de fundo da 2ª Guerra Mundial. Quem desejar saber mais da viagem e receber fotos é só enviar e-mail para pinheirodesa@hotmail.com

Luciano Pinheiro de Sá
professor universitário

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