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Saiba como amenizar desconforto causado por fogos de artifício em animais

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Com a chegada de mais uma comemoração de Réveillon, volta também a preocupação com a soltura de fogos de artifício na virada de ano. Embora seja um símbolo de festividade e alegria, o espetáculo de diferentes cores no céu causa sérios danos, e o barulho é apenas um dos problemas. A queima de fogos aumenta consideravelmente a concentração de poluentes no ar, o que impacta diretamente a saúde humana e o meio ambiente. O barulho, entretanto, é maior vilão para os animais.

De acordo com a médica veterinária Juliana Imbroisi, o som alto e excessivo pode causar quadros de estresse, ansiedade e medo, gerando situações de fugas, traumas e desconforto. “Em geral, os pets possuem sensibilidade auditiva superior à nossa. Os cães, por exemplo, possuem capacidade auditiva duas vezes maior do que a dos humanos. Por isso, barulhos que não são tão incômodos para nós podem causar malefícios para eles. Animais mais ansiosos e assustados são os que mais sofrem com os fogos de artifício, assim como animais de rua e em situação de vulnerabilidade”, destaca. De qualquer forma, ela afirma que qualquer pet é suscetível a sofrer com o barulho dos fogos.

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No caso das aves, segundo um estudo desenvolvido na Holanda, esse grupo pode ser afetado pelos fogos em um raio de até 10 quilômetros de distância. Foi constatado que, durante a noite da virada, há em média mil vezes mais pássaros no céu do que nas noites normais. Segundo o veterinário Rômulo Castro, especialista em aves, a queima de fogos pode causar sérios danos a elas, já que a liberação de adrenalina provocada pelas chamas aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca, a temperatura corporal e até a glicemia desses animais por horas após o fim da queima de fogos. “Tudo isso gera danos cardiovasculares, renais e neurológicos, fazendo com que muitas aves venham a óbito.”

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O especialista explica que o barulho causado pelos fogos afeta diretamente a população de aves que possuem uma audição muito aguçada, porém, esse fator não é o único que irá comprometer a saúde desses animais: algumas espécies têm menos acuidade auditiva, mas apresentam um campo de visão maior, então mesmo os fogos que não emitem som prejudicam esse grupo com a poluição visual. “Algumas aves, igual os psitacídeos, enxergam o espectro ultravioleta, que inclusive os permite diferenciar o macho da fêmea pela coloração. Eles têm uma visão bem diferente da nossa, o que faz com que os fogos de artifício sejam muitos prejudiciais não só em relação ao barulho.”

Fogos de estampidos estão proibidos em Juiz de Fora, mas a luminosidade também afeta os animais (Foto: Gabriel Monteiro/Secom)

O que fazer para amenizar os impactos?

O veterinário conta que já atendeu, nesse período, diversos casos de aves que tiveram fratura de perna, asa ou bico, pois estavam dentro de uma gaiola ou ambiente pequeno e se debateram; outras tiveram convulsão. Por isso, ele orienta a população a colocar esses animais em lugares protegidos, para amenizar o barulho e a luz. “É importante deixar esses animais em um ambiente mais tranquilo, longe de janelas, tampar frestas para impedir que o som chegue ao local ou colocar cobertor por cima de ambientes para a luz não entrar, fazer tendas. Essas são algumas das opções. Os fogos deveriam acabar. É muito bonito, mas prejudicial”, opina Rômulo.

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Existem diversas técnicas utilizadas que podem ajudar os animais a não sofrerem tanto com o barulho. Mesmo assim, Juliana Imbroisi ressalta que uma consulta com um médico veterinário é sempre indicada para avaliar qual a necessidade do seu pet. “Alguns animais necessitam de medicações para não sofrerem com o estresse. Entretanto, a administração de todo e qualquer medicamento deve ser feita mediante uma prescrição de um profissional da área. De forma geral, indica-se colocar o animal em um ambiente calmo, tranquilo e seguro, sem prendê-lo em guias e coleiras. Músicas podem ser utilizadas para tentar mascarar o barulho dos fogos. A identificação do pet, com coleira contendo o nome do proprietário e seu telefone ou microchip, é recomendada para localizar o animal em casos de fuga.”

Lei proíbe soltura de fogos com ruído

De acordo com a legislação municipal, o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso, são proibidos em Juiz de Fora. Ainda no texto, o descumprimento da lei acarreta em multa de R$ 1 mil, com valor dobrado em caso de reincidência.

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Para 2023, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) promove a campanha “É tempo de Luz”. A iniciativa busca impedir a prática, além de conscientizar a população a respeito da gravidade dos fogos ruidosos para saúde e bem-estar não só de animais, mas também de crianças, pessoas idosas e pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Conforme a Administração municipal, estabelecimentos como bares, restaurantes, clubes e casas noturnas devem fixar placas informando a proibição.

Para denunciar locais que estejam vendendo fogos de artifício de forma irregular, com efeito sonoro ruidoso de alta intensidade, os cidadãos devem enviar mensagem por WhatsApp para o telefone (32) 3690-7984.

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