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Projeto ‘Rede Trilhas’ busca conservação e lazer na Serra do Ibitipoca

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Um dos trabalhos feitos pelo grupo é a sinalização das trilhas (Foto: Divulgação)
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O projeto Rede Brasileira de Trilhas, também conhecido como ‘Rede Trilhas’, foi desenvolvido por amigos apaixonados por trilhas que queriam expandir a infraestrutura de recreação e lazer desses espaços. Com o passar dos anos, o plano foi tomando forma e virou uma associação sem fins lucrativos, que promove o desenvolvimento sustentável das regiões e das comunidades próximas a elas, como é o caso da Serra do Ibitipoca, que conta com voluntários para atingir os objetivos do projeto. Para conquistar seus objetivos, a associação articula as trilhas existentes no território brasileiro, formando um sistema unificado, que também serve para gerar emprego e renda de forma descentralizada, valorizando as culturas locais e promovendo o ordenamento turístico dos ambientes naturais. 

A Rede Brasileira de Trilhas realiza uma ampla gama de projetos em parceria com diversos órgãos governamentais, como o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Turismo, o ICMBio, além de estados, municípios e outros parceiros. Já são mais de 200 trilhas de longo curso em todo o Brasil. “As trilhas se convertem em grandes corredores verdes, promovendo a conectividade entre as unidades de conservação e outros fragmentos florestais, o que contribui para a preservação dos processos ecológicos”, explica Hugo de Castro Pereira, presidente da Rede Brasileira de Trilhas. 

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Dentre essas trilhas, destacam-se a Trilha Transmantiqueira, Trilha Transcarioca, Caminho de Cora Coralina, Volta das Transições, Trilha Amazônica Atlântica, entre outras. Para Ibitipoca, isso significa um impulso do turismo sustentável na região, a partir da Trilha Transmantiqueira e a Volta das Transições. “Conservamos nossa biodiversidade e espécies ameaçadas de extinção como a Araucária, valorizando a cultura local e gerando cada vez mais pertencimento em seus moradores, que podem vir a ser futuros empreendedores”, explica Lucia Helena Souza Dutra, coordenadora do Setor 18 Serras de Ibitipoca, da Trilha de Longo Curso Transmantiqueira

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(Foto: Divulgação)

Um dos projetos realizados é a sinalização e recolhimento de lixo, que foi disciplinada em manual oficial do ICMBio e segue as melhores práticas internacionais, tendo sido elogiada por especialistas da World Trails Network como o melhor modelo em uso no mundo. “Usamos pegadas amarelas sobre fundo preto em um sentido e pegadas pretas sobre fundo amarelo no sentido inverso. As pegadas usadas pela Rede seguem o princípio básico de que a sinalização tem que ser de fácil compreensão cognitiva e mantêm o mesmo padrão em todo o território nacional, ainda que tenham latitude suficiente para que cada trilha regional adote uma variação do padrão”, explica. Isso torna cada trilha individualizada e empresta a ela uma marca própria que também, de acordo com a coordenadora, pode se transformar em artigos de venda como camisetas e bonés. “Cada trilha regional tem sua própria pegada amarela e preta, além de governança e estratégia de emprego e renda próprias”, diz.

Durante os mutirões de sinalização, os voluntários costumam catar os lixos encontrados no caminho, conforme ela explica, e ainda planejam traçar estratégias para extinguir o lixo nas trilhas. Para isso, a educação ambiental é uma grande aliada nesse processo. “A conservação de ecossistemas é sem dúvida um dos motores que move a Rede Brasileira de Trilhas, que atua para que o Estado brasileiro e a sociedade reconheçam as Trilhas de Longo Curso como ferramenta estratégica de conservação da diversidade biológica e dos serviços ecossistêmicos prestados ao longo dos territórios por onde passa”, destaca. Com mais opções de recreação na região, como ela afirma, os visitantes tendem a permanecer mais tempo em sua visita, e isso aumenta a possibilidade de um retorno para concluir trechos ainda não visitados. Projetos como a Trilha Transmantiqueira promovem a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.

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Trilha Transmantiqueira

A Trilha Transmantiqueira (TMTQ) é uma Trilha de Longo Curso que atravessa a Serra da Mantiqueira no sentido oeste-leste, com um percurso que ultrapassa 1.100 quilômetros de extensão, cruzando mais de 40 municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, passando inclusive por Ibitipoca, e promovendo a integração de mais de trinta unidades de conservação ao longo do seu percurso. Como esclarece a coordenadora, essa é uma “ferramenta de conservação, aparelho de recreação e alternativa para gerar emprego e renda junto às comunidades locais”.

O Setor 18 Serras de Ibitipoca é o maior setor da Transmantiqueira, percorrendo aproximadamente 154 quilômetros, divididos em seis trechos, atravessando as cidades de Bom Jardim de Minas, Santa Rita de Jacutinga, Rio Preto, Olaria, Lima Duarte e Santa Rita de Ibitipoca. O setor perpassa importantes unidades de conservação, sendo elas a APA Boqueirão da Mira, o Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira e o Parque Estadual do Ibitipoca. “A TMTQ contribuirá com a conservação do meio ambiente e a integração do homem com o meio ambiente, dentro de uma inter-relação vivencial com o ecossistema e os costumes e história locais, através do desenvolvimento socioeconômico das comunidades e seu entorno, bem como o turismo ordenado e sustentável na Mantiqueira. Conectar pessoas, desenvolver o território e preservar o meio ambiente fazem parte de um ciclo virtuoso almejado nos resultados deste projeto”, diz.

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Conservação ambiental

Um dos pilares do projeto é a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. “Desenvolvemos projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, visando à preservação e conservação do meio ambiente. Outra frente de atuação é a transformação de áreas relevantes em unidades de conservação, promovendo a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas naturais”, explica o presidente. “Recentemente, iniciamos um projeto inovador de ressignificação de ferrovias ociosas e abandonadas em todo o país, com o objetivo de transformá-las em trilhas que sirvam como corredores ecológicos e destinos ecoturísticos, promovendo a conexão entre áreas naturais e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais”. 

As trilhas proporcionam para a população oportunidades para atividades de lazer ao ar livre, como caminhadas, ciclismo e observação da natureza, atraindo turistas interessados em experiências autênticas e em contato direto com a natureza. “Esses projetos também contribuem para a valorização cultural e patrimonial das regiões, ao passo que incentivam a conservação da biodiversidade e a proteção dos ecossistemas naturais”, afirma. Um exemplo que ele cita, nesse sentido, é o caso do Caminho da Fé, que movimenta mais de R$ 70 milhões por ano, graças aos peregrinos que visitam a rota, e que aquece a economia de 72 municípios ao longo do caminho.

A divulgação e promoção de medidas de mínimo impacto ambiental fazem parte das atividades educativas realizadas pela rede, através de campanhas de sensibilização, sinalizações, materiais educativos e atividades práticas. “Essas medidas incluem orientações sobre a importância de não deixar lixo nos locais visitados, respeitar a fauna e flora, evitar o uso de fogo em áreas naturais e manter-se nas trilhas demarcadas, entre outras práticas que visam reduzir o impacto humano nos ecossistemas naturais”, diz. Para ele, essas ações buscam criar uma cultura de respeito ao meio ambiente e incentivar a adoção de comportamentos responsáveis por parte dos visitantes das trilhas.

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