Em meio aos efeitos da crise climática e ambiental que assolam o planeta e que foram pauta de discussões na Cúpula do Futuro na ONU durante toda a semana, o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deu um importante passo em suas iniciativas de conservação ambiental.
Na última semana, o local recebeu mais de 1,3 kg de sementes de seis espécies de árvores da Mata Atlântica, incluindo três em risco de extinção. O envio foi realizado pelo Jardim Botânico Municipal de Bauru, em São Paulo, como parte de uma parceria com a Botanic Gardens Conservation International (BGCI), do Reino Unido, e a Aliança Brasileira de Jardins Botânicos.
Entre as espécies recebidas estão o jequitibá-branco (Cariniana Estrellensis), conhecido por ser a maior árvore da Mata Atlântica; o cedro-rosa (Cedrela fissilis), classificado como vulnerável à extinção; e o ipê-tabaco (Zeyheria Tuberculosa), também listado como vulnerável em algumas regiões do Brasil. Além delas, o pau-marfim (Balfourodendron riedelianum); o tingui (Magonia Pubescens) e o olho-de-cabra (Ormosia arborea) compõem o grupo de espécies que irão reforçar as ações de reflorestamento.
“O recebimento dessas sementes é fundamental para ações de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. As espécies estão adaptadas às condições climáticas e ao solo da região, o que as torna mais resistentes a pragas e doenças”, explicou o diretor do Jardim Botânico da UFJF, Breno Moreira.
Educação ambiental e preservação
As sementes recebidas serão cultivadas em viveiros, onde terão o ambiente ideal para germinar e crescer. Após o período, as mudas serão transplantadas para locais estratégicos no Jardim Botânico e na Fazenda Experimental da UFJF, localizada no Bairro Chapéu D’Uvas. Além disso, o projeto terá atividades de educação ambiental, envolvendo a comunidade local para conscientizar sobre a importância da biodiversidade e do reflorestamento.
“O projeto vai além da restauração de ecossistemas. Ele tem um impacto social ao engajar as pessoas na proteção do meio ambiente, criando um ciclo sustentável de conhecimento e ação”, acrescentou Moreira.
Espécies ameaçadas e seus benefícios
Segundo a UFJF, o cultivo dessas árvores não apenas contribui para a conservação da biodiversidade, mas também traz uma série de benefícios ambientais. As árvores nativas ajudam a sequestrar carbono, combatendo as mudanças climáticas, além de preservar recursos hídricos e proteger o solo. O projeto da universidade também destaca que as árvores oferecem habitat e alimento para a fauna regional, ajudam a preservar a cultura local e o patrimônio genético.
Parcerias fortalecem conservação
A ação faz parte de um esforço colaborativo entre diversas instituições. Para Moreira, o trabalho em rede é essencial: “O trabalho cooperativo entre jardins botânicos potencializa os esforços em conservação e educação ambiental, permitindo a troca de conhecimentos, experiências e recursos.”
A parceria fortalece a atuação da UFJF em projetos de restauração de ecossistemas e educação ambiental relativos à biodiversidade da Mata Atlântica. Além desta, a instituição já teve projetos aprovados na BGCI em colaboração com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como a criação de um cactário e a capacitação de pessoal.