Em 2023, Juiz de Fora registrou 96.747 quedas de raios no período entre janeiro e novembro. Os dados relativos a dezembro ainda são fechados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE). O número é 13% maior do que o registrado em 2022, quando a cidade contabilizou 85.557 raios. Para especialistas, esse aumento pode ter relação com o fenômeno meteorológico El Niño, que eleva as temperaturas e impacta no número de raios.
O Brasil é o país com maior incidência de raios do mundo e também ocupa a sétima posição em número de óbitos causados por descargas elétricas, com 835 registros na última década. A média da densidade de descargas em Juiz de Fora é de 7.9 por km²/ano, de acordo com o mapa do INPE, o que faz o município ocupar a 16° posição no estado. Os períodos de maior incidência das descargas atmosféricas são a primavera e o verão, devido às típicas chuvas intensas. Por isso, é importante redobrar os cuidados para evitar acidentes.
Confira algumas dicas abaixo:
Alertas e cuidados
Em entrevista à Tribuna, o engenheiro de segurança da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Luciano Antônio Ferraz, alerta que a tendência é de chuvas cada vez mais intensas e maior incidência de descargas atmosféricas, devido ao calor em todo Brasil. De acordo com ele, em Minas e nas cidades da Zona da Mata essa incidência pode ser ainda maior em razão das características geográficas e meteorológicas da região. “Minas é um dos maiores estados do Brasil e tem um relevo montanhoso, com muitas serras e minérios, além da posição geográfica em relação ao oceano Atlântico, proporcionando a formação mais frequente de nuvens de chuva, frentes frias e instabilidades.”
O engenheiro orienta a população a procurar abrigo durante a tempestade dentro de um ambiente fechado, como prédios, casas, lojas, ou no interior de um veículo, mas, neste caso, é preciso manter todas as portas fechadas. A tendência do raio ao cair é procurar pontos mais altos, por isso, Luciano chama atenção para evitar permanecer embaixo de árvores, postes ou próximo a pontos altos, principalmente nas situações em que as pessoas estejam em local descampado. O raio provoca graves queimaduras e pode provocar parada cardiorrespiratória, o que pode levar a pessoa à morte.
“Também não é recomendado ficar dentro de água em praia ou piscina e se manter afastado de janelas, estruturas metálicas, além de evitar o uso de equipamentos eletrônicos conectados diretamente à rede elétrica. Não faça uso de tablets, celulares ou outros aparelhos com carregador. E outra informação muito importante: nunca ficar em um ambiente em que você é o ponto mais alto, então se estiver em uma área descampada sente no chão, não fique em pé”, ele orienta.
O profissional da Cemig ainda destaca que uma das principais ocorrências durante tempestades intensas é o fio partido, causado por quedas de árvores sobre a rede elétrica. A orientação é não se aproximar ou tocar no cabeamento e, se possível, isolar a área para que outras pessoas não se aproximem. A recomendação é telefonar imediatamente para o Fale com a Cemig, no telefone 116, que funciona 24 horas por dia. “Se uma árvore cair em frente a sua residência, nunca tente retirá-la ou cortá-la, chame o corpo de bombeiros para retirá-la. Em muitos casos, no meio da árvore caída, existe um cabo partido da rede elétrica que pode estar energizado e escondido no meio dos galhos e, ao tentar retirar a árvore, a pessoa pode sofrer um choque elétrico de até 13.800 volts, com risco de morte ou graves queimaduras”, informa a companhia.
Animais na Zona Rural
Frequentemente é noticiado que animais, como bois e cavalos, foram atingidos por raios ou sofreram acidentes com cerca durante temporais. Em todo o estado de Minas foram somadas 172 mortes de vacas, entre 2013 a 2022, segundo o ELAT. Para evitar que isso aconteça, o proprietário deve avaliar a instalação de para-raios nas cercas e na localidade, para facilitar o escoamento da corrente elétrica para o solo. “É necessário contratar um profissional para fazer, a cada distância, uma interrupção da cerca e um ponto de aterramento, assim se houver uma descarga naquele local não vai propagar por toda extensão e tem o escoamento pela terra para minimizar o efeito e a circulação da corrente nessa cerca elétrica”, explica o engenheiro.