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Planta rara da Serra do Cipó é cultivada pela UFJF

especie rara arquivo pessoal fatima salimena
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Cerca de 362 quilômetros separam Juiz de Fora da Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho, município localizado na região Central de Minas Gerais. Situada no Sul da Cadeia do Espinhaço, a Serra é rodeada por montanhas que guardam uma rica diversidade de cores, texturas, solos e espécies. Uma delas é a Stachytarpheta odorata, uma planta rara, e que não é vista há 18 anos na região. Em 2005, a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fátima Salimena, coletou um exemplar da planta e nem mesmo a longa distância impediu que a espécie fosse cultivada na Estação Experimental da instituição. Hoje, a Universidade é o único local onde há exemplares cultivados desta espécie de planta.

O arbusto de até dois metros de altura com pétalas roxas e cálice verde-arroxeado chama atenção pelo aroma que lembra limão, o que motivou a escolha de seu nome, representado pelo epíteto específico “odorata”. O gênero Stachytarpheta tem aproximadamente 90 espécies brasileiras e a nova planta foi descrita por pesquisadores da UFJF e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Revista Tropical Plant Biology.

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Doutorando pela UFRJ, com graduação em Ciências Biológicas e mestrado no programa de pós-graduação em Ecologia da UFJF, Pedro Cardoso começou a estudar a espécie rara e inédita, até então pouco analisada, em 2020. Pedro junto com outros pesquisadores seguiram rumo a Serra do Cipó para tentar reencontrar a espécie, porém, até o momento, os cientistas não a avistaram. “O que nós constatamos é que a antropização avançou muito na região, e a criação de fazendas, áreas de pastagem, e até mesmo incêndios incontrolados podem ter dizimado a espécie”, explicou Pedro à UFJF.

Atualmente, planta só é encontrada na UFJF, único local onde há exemplares cultivados desta espécie de planta (Foto: Reprodução UFJF)

Pesquisadores buscam reintrodução da planta

O Cerrado é a região com maior diversidade de espécies do gênero Stachytarpheta, ao mesmo tempo em que também é uma zona altamente ameaçada pela degradação, o que provoca a perda da biodiversidade e a extinção de várias espécies. As plantas da família Verbenaceae foram estudadas pela primeira vez em 1998 pela professora Fátima Salimena. A pesquisadora explica que a espécie ocorre em um único lugar, em uma área muito reduzida, o que a faz ser rara na natureza. Os pesquisadores estudam a possibilidade de reproduzir novos exemplares por meio da cultura in vitro no Departamento de Botânica. Segundo a UFJF, existe a expectativa de que no futuro a planta seja reintroduzida à sua região de origem.

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Apesar de não ser vista há quase duas décadas em seu habitat natural, a Stachytarpheta odorata ainda não é considerada em risco de extinção. Isso porque, é preciso que uma espécie fique pelo menos 50 anos para ser considerada criticamente ameaçada. Conforme o doutorando Pedro Cardoso, se a planta for extinta, todo o seu potencial de utilidade para a vida humana se perde, como, por exemplo, a identificação de substâncias químicas para medicamentos que podem ajudar no combate a doenças.

“Para além da perspectiva de uso humano, é importante justificar que espécies raras desempenham um papel fundamental para a manutenção dos ecossistemas, e a extinção (de uma delas) resulta na perda de funções ecológicas que desempenham, por exemplo, a interação com os polinizadores e a oferta de recursos para a fauna. A extinção representa ainda o aniquilamento de uma linhagem que tem uma história evolutiva única na Terra”, explica.

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