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Estudo mostra que dias com ondas de calor no país aumentaram de 7 para 52 no ano

onda de calor Leonardo Costa
Termômetros em Juiz de Fora chegaram a registrar mais de 40 graus esta semana (Foto: Leonardo Costa)
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O país está cada vez mais quente. As temperaturas extremas sentidas em várias regiões do Brasil nesta semana não são um fenômeno isolado. De acordo com um novo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a média de dias com onda de calor no território nacional passou de sete para 52 nos últimos 30 anos. A pesquisa, feita a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para a atualização do Plano Clima – Adaptação, foi desenvolvida para responder à seguinte pergunta: como o clima está mudando no Brasil?

Os especialistas envolvidos no estudo apontam que conhecer as mudanças climáticas é essencial para identificar a ameaça e analisar possíveis impactos, vulnerabilidades e adaptação. O cálculo foi elaborado com base em dados das seis últimas décadas. Os pesquisadores estabeleceram 1961 a 1990 como período de referência e efetuaram análises segmentadas sobre o que aconteceu com o clima para três períodos: 1991-2000, 2001-2010 e 2011-2020.

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O estudo define onda de calor como “o mínimo de seis dias consecutivos em que a temperatura máxima superou um limiar de ao menos 10% do que é considerado extremo, comparado ao período de referência”. O resultado mostra que houve aumento gradual das anomalias de ondas de calor em praticamente todo o Brasil, exceto a Região Sul, a metade Sul do estado de São Paulo e o Sul do Mato Grosso do Sul.

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Para se ter uma ideia, no período de 1961 a 1990, o número de dias com ondas de calor não ultrapassava sete, enquanto entre 1991 a 2000 subiu para 20 dias; entre 2001 e 2010 atingiu 40 dias; e de 2011 a 2020, o número de dias com ondas de calor chegou a 52. Os números ainda não incluem os dados referentes a 2023, que caminha para ser o mais quente da história.

“Essas informações são a fonte que podemos reportar como fidedignas daquilo que está sendo sentido no dia a dia da sociedade. Estamos deixando de perceber para conhecer. Esse é um diferencial de termos essa fonte de dados robusta”, afirmou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes.

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Nordeste mais quente, e Sul mais chuvoso

A pesquisa do Inpe também aponta que o Nordeste do país registrou não só mais dias com ondas de calor, como também recordes de temperaturas máximas. No período de referência, a média de temperatura máxima no Nordeste era de 30,7 graus e sobe, gradualmente, para 31,2 entre 1991-2000, 31,6 em 2001-2010 e 32,2 em 2011-2020. Em relação a taxa de precipitação acumulada, do Nordeste ao Sudeste e na Região Central foi registrada queda no período de chuvas, enquanto a Região Sul e parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul apresentaram aumento entre 10% e 30% das chuvas.

Os mapas mostram que a Região Sul vem sendo a mais afetada pelas chuvas extremas ao longo das últimas décadas. No período de referência, a precipitação máxima em cinco dias era de cerca de 140 milímetros (mm). O número subiu para uma média de 160 mm. “São dados relevantes para fazer a ciência climática dar suporte à tomada de decisão. Estamos deixando a percepção de lado para aprofundar o conhecimento”, destaca Osvaldo.

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Planejamento contra futuras crises

Um dos objetivos do estudo é ajudar no planejamento contra futuras crises. Conforme o levantamento, os principais desafios na adaptação às mudanças climáticas devem ser enfrentados pelos setores de energia e agropecuária. Também foi identificado que as mudanças afetam as regiões do país de forma distintas: enquanto em algumas áreas há aumento de temperatura, em outras observa-se aumento da precipitação ou ocorrência de seca.

Para o estudo, foram considerados dados observacionais de 1.252 estações meteorológicas convencionais, sendo 642 estações manuais e 610 automáticas para construir as séries de temperatura máxima, e um total de 11.473 pluviômetros para os dados de precipitação. Os pesquisadores destacam a importância de observar o conjunto das informações e não apenas indicadores isolados.

O pesquisador do Inpe Lincoln Alves, que coordenou os estudos, reforça que o relatório do painel do clima da ONU (IPCC) já havia abordado os impactos das mudanças climáticas em diversas partes do mundo de forma distinta. “Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e na intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961, que irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global.”

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