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Qualidade da água das represas que abastecem JF varia de péssima a ruim

Represa de Sao Pedro Felipe Couri
Publicação ressalta a importância de aumentar a fiscalização com base nas leis já existentes e manejar, de forma sustentável, as áreas ao redor das represas para mitigar impactos negativos e proteger os recursos hídricos (Foto: Felipe Couri)
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A qualidade da água das represas que abastecem Juiz de Fora varia de péssima a ruim, de acordo com estudo divulgado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na última quarta-feira (14). O sistema municipal de fornecimento de água é integrado pelo Ribeirão do Espírito Santo às represas de Chapéu D’Uvas, Dr. João Penido e São Pedro, o que totaliza uma contribuição de 2.100 litros por segundo (l/s).

O monitoramento faz parte do dossiê “Represas de Abastecimento Público de Juiz de Fora: Mananciais da Vida”, publicado pela Editora da UFJF, tendo como base as pesquisas do Núcleo de Análise Geoambiental (Nagea). Segundo o professor Cézar Henrique Barra Rocha, do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGeo) da UFJF e organizador do livro, o resultado da análise tem relação direta com a entrada de carga orgânica e sedimentos que surgem da ação humana nas três represas.

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Para se ter uma ideia, o estudo mostra que os impactos causados pelas intervenções humanas nas represas de São Pedro, que apresenta cerca de 16% de área urbanizada, e na de João Penido, com aproximadamente 9%, são decorrentes de loteamentos, condomínios e até da construção próxima de rodovias federais e estaduais. “As pessoas da cidade olham essas represas de um ponto de vista econômico exploratório, ou seja, querem construir nas suas margens, criar gado, praticar silvicultura e esportes náuticos, o que traz riscos futuros para o abastecimento”, afirma o pesquisador.

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Já na Represa de Chapéu d’Uvas, a urbanização chegou a 1,1% da área da bacia e a 1,5% nas Áreas de Preservação Permanente (APP) nas margens do reservatório. Além disso, o avanço da silvicultura (florestas plantadas com o intuito de extrair matéria-prima para atender o mercado) de cerca de 8,7% na bacia e 4,6% nas APPs preocupa os pesquisadores. “Esses valores quadruplicaram em dez anos para a urbanização e duplicaram para a silvicultura. A se manter essa taxa, teremos problemas complexos para administrar como o retorno das cianobactéricas exigindo tratamento de água avançado nas ETAs e a perda da balneabilidade para os usos múltiplos”, explica no livro.

Para Cézar, conter a especulação imobiliária nas margens e nas bacias dessas represas é o maior desafio. Por isso, o livro ressalta a importância de aumentar a fiscalização com base nas leis já existentes e manejar, de forma sustentável, as áreas ao redor das represas para mitigar impactos negativos e proteger os recursos hídricos. “À medida que a água fica mais comprometida, o custo do tratamento aumenta, rebatendo no bolso do contribuinte. Além disso, existem os riscos à saúde da população oriundos de alguns elementos que não conseguem ser eliminados até mesmo no tratamento avançado.”

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Junto com os pesquisadores Márcio de Oliveira e Pedro José de Oliveira Machado, Cézar verifica uma predominância de pastagem nas bacias, sendo cerca de 58% na João Penido, 52% em São Pedro e 58% em Chapéu d’Uvas. O grande número de áreas de pastagem e, consequentemente, a diminuição das matas, reflete na qualidade das águas dos mananciais. O índice constado das partes com florestas nas bacias foi de 13%, 22% e 28%, respectivamente.

A Cesama, por meio de sua assessoria, informou que realiza periodicamente o monitoramento dos mananciais nos pontos de captação de água para abastecimento no município e não tem tido problemas para tratar a água dos diferentes mananciais que abastecem a cidade. “Além disso, a companhia segue as determinações da legislação federal vigente, para que a água tratada e distribuída esteja dentro dos padrões de potabilidade exigidos, garantindo um produto de excelente qualidade na casa dos juiz-foranos.”

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