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Instituto Isaviçosa promove ações de preservação ambiental na Zona da Mata e no Amazonas

Instituto Isaviçosa promove ações de preservação ambiental na Zona da Mata e no Amazonas
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Apesar de Minas Gerais já ter sido conhecida como ‘caixa-d’água’ do Brasil, devido a quantidade de bacias hidrográficas, hoje o estado enfrenta grandes secas e períodos de estiagem. Análise de dados de satélites mostram que, entre 1985 e 2020, as maiores bacias hidrográficas do estado sofreram quedas acentuadas de superfícies de água, e também fica claro que a Mata Atlântica, típica de Minas, também sofreu forte destruição ao longo dos anos – inclusive com devastação que saltou 66% de 2020 a 2021, em comparação ao período anterior, de acordo com dados da ONG SOS Mata Atlântica. A degradação ambiental, as mudanças climáticas e o uso desenfreado de recursos para crescimento econômico criaram um cenário que preocupa especialistas – o que também incentiva medidas que buscam ajudar a mudar essa história. É o caso do Instituto Isaviçosa, que desenvolve projetos específicos para preservação ambiental na Zona da Mata e no Amazonas, estado que também é foco de desmatamento e de conflitos de interesses para o uso das áreas verdes.

Esse instituto começou o seu trabalho em 2007, quando um grupo de profissionais e amigos de Viçosa começou a fazer ações ambientais na região Norte do país, junto a comunidades ribeirinhas da floresta nacional do Purus, no município de Pauini, no Amazonas. Foi assim que, inicialmente, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), os profissionais começaram a fazer pesquisas e projetos voltados para a região. Mais tarde, o Núcleo de Estudos para a Amazônia (NEPAM) foi fundado dentro do instituto, que passou a ter sede em uma área que tem as principais nascentes da cidade. “A área era bem degradada e uma das nossas preocupações, quando viemos pra cá, era que teríamos que melhorar a qualidade ambiental do lugar. Iniciamos uma série de ações de manejo que permitiram que essa área, hoje, fosse bem recuperada e restaurada”, relembra Pedro Christo Brandão, engenheiro florestal e sócio fundador do Isaviçosa. Neste sítio, como ele conta, havia uma casa antiga, que foi reformada para a criação de uma creche rural do projeto, chamada Casa das Crianças Menino Jesus, que funcionou durante cinco anos.

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Com as ações que o projeto vinha realizando, veio a necessidade desse grupo se organizar como uma associação, para ter CNPJ e respaldo institucional nas ações que realizava. Em 2007, então, foi criado oficialmente o instituto e mais ações começaram a ser realizadas. “Nosso território de atuação é na região de Viçosa, na Zona da Mata, e também na floresta amazônica, onde continuamos com as nossas ações. Hoje também desenvolvemos um trabalho no Maranhão, na região de São Vicente Férrer, na baixada maranhense, e ações no Vale do Juruá”, explica. Em sua visão, o principal objetivo do projeto é buscar uma melhoria de qualidade de vida para as pessoas através de uma relação mais harmoniosa com a natureza e o meio ambiente. “Trabalhamos com isso por meio das tecnologias sociais, com saneamento rural, qualidade da água e quantidade, restauração florestal e organização comunitária. Atuamos em diversas comunidades dando esse apoio, com ferramentas que permitem esse tipo de organização”, conta.

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Para ele, é preciso fortalecer a restauração florestal inclusive para aumentar a disponibilidade de recursos hídricos, que acaba prejudicando a região. “Nós vemos sérios problemas com as nascentes secas, os rios assoreados e a água poluída. O trabalho de restauração vem trazendo melhorias significativas, mas precisa estar aliado com ações que promovam a conscientização, a educação ambiental e a conservação do solo”, explica. Nesse sentido, como destaca, o ser humano é uma peça fundamental, que precisa sempre ser considerada como parte nos trabalhos que procuram preservar ou conservar áreas.

“Quando trabalhamos com comunidades tradicionais, que possuem essas questões culturais de forma ainda mais forte, isso aumenta. É muito importante valorizar e entender, para que se possa ter uma atuação integrada entre cultura e meio ambiente”, explica. À exemplo disso, Pedro cita a importância da participação da sociedade civil nas ações, como ocorreu no Parque Municipal do Cristo Redentor. ” O histórico do parque, por exemplo, é de que todo ano alguém colocava fogo lá. Então estamos fazendo uma mobilização para que as pessoas participem também da gestão da unidade de conservação e possam entender os processos que estão sendo realizados, contribuindo também com ideias”, diz.

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Iniciativa visa a melhorar a qualidade de vida das pessoas, por meio de uma relação mais harmoniosa com a natureza e o meio ambiente (Foto: Divulgação)

‘Semeando diversidade e plantando água’

O projeto ‘Semeando diversidade e plantando água’ é um dos mais recentes do instituto, tendo começado a funcionar em outubro de 2023, com os objetivos de plantar sementes e mudas e instaurar outras tecnologias de restauração em 26 hectares de área de restauração na bacia do Ribeirão São Bartolomeu. Dentro desses hectares, o projeto inclui uma unidade de conservação ambiental, que é o Parque do Cristo Redentor, praticamente dentro da área urbana do município. “Mesmo tendo uma abrangência ainda pequena, porque é inicial, considero que tem grande importância, até pelo fato de estar em Viçosa, que tem uma universidade federal, e onde temos muita oportunidade de disseminar essas experiências do projeto e os conhecimentos que fomos ganhando, para que futuros profissionais possam também visitar, conhecer e participar dos trabalhos”, explica.

A demanda da população por um parque mais preservado em Viçosa, como destaca, já era antiga. “Apesar de ser uma unidade de conservação, é uma área degradada. Foi criada há mais de 20 anos e ficou meio abandonada, já vinha sofrendo um processo de degradação de muitos anos. Estamos fazendo toda restauração para que possa virar uma área arborizada e de fato cumprir essa função de ser um parque”, explica. Mas, para ele, esse projeto também pode ser visto como uma ‘sementinha’ para algo maior, e para que as técnicas possam ser disseminadas em outras regiões. “Temos a expectativa de que o projeto possa ser ampliado, temos um planejamento para trabalhar com a bacia do Turvo Sujo, que engloba parte do município de Viçosa e outros três municípios do entorno”, conta.

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Benefícios da restauração florestal e ecológica

A restauração florestal e ecológica de áreas como essa, que tiveram muitas áreas de passagem prejudicadas e que sofreu esse processo de degradação ao longo de muitos anos, pode realmente mudar o ecossistema ao redor, trazendo diversos benefícios. De acordo com o engenheiro, essas práticas vêm trazer possibilidades para que esses ambientes possam voltar a cumprir suas funções ambientais.

“Isso é um grande legado. Além disso, com essa restauração, temos uma ajuda no sequestro de carbono e na conservação das nascentes do solo”, diz. Para conseguir resultados que sejam compatíveis com a vida da população no local, ele explica que o instituto trabalha com conceitos de sistemas agroflorestais, que são produtivos. “O agricultor rural consegue extrair dessas áreas, elas cumprem funções ambientais e, ao mesmo tempo, consegue tirar algum sustento dessas áreas. Então, também temos esse impacto social do projeto”, explica.

Ainda é difícil contabilizar todo o impacto que o Isaviçosa pode gerar, ainda mais considerando os afetados diretamente e indiretamente. Como esclarece: “Toda área do Palmital, onde estão as nascentes do São Bartolomeu, que é o ribeirão que abastece 100% das áreas da universidade e uma boa porcentagem da área da cidade, é impactada. Toda essa população e os estudantes, servidores e a comunidade acadêmica está sendo beneficiada pelo ribeirão”, diz. Na região, também são cerca de 50 proprietários afetados.

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Um dos desafios que o projeto enfrenta, no entanto, é como manter um grupo de pessoas trabalhando em prol da organização e a manutenção de recursos. Por isso, ele destaca que há diversas maneiras de contribuição: desde seguir as páginas do instituto, divulgar as ações e trazer ideias, até participar como voluntários ou em estágios e, também, o apoio financeiro, seja de pessoas ou de empresas, para que a organização siga com os projetos.

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