Há quem diga que as novas gerações são o futuro do planeta. E, de fato, as crianças têm um grande poder de mudar hábitos antigos, inclusive os que são prejudiciais ao meio ambiente, mas para isso é preciso ensinar e conscientizar sobre a importância da preservação ambiental desde pequeno. Pensando nisso, neste Dia das Crianças (12), a Tribuna ouviu um profissional que atua na área e listou algumas dicas para conversar com os filhos sobre como cuidar do meio ambiente.
Para o professor de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Samuel Castro, trabalhar os conceitos de sustentabilidade, meio ambiente e preservação dentro de casa é fundamental. De acordo com ele, as crianças, ao receberem esse exemplo a partir dos pais, conseguem identificar, com mais facilidade, o impacto que cada um causa no meio ambiente e sua responsabilidade em cuidar do meio em que vive.
Samuel é coordenador do Recicle, um projeto de extensão da UFJF que desenvolve ações de educação ambiental em 16 escolas municipais. É na escola que se aprende muito do que somos, e o projeto tem o objetivo de colaborar na formação de pessoas com consciência ambiental. A iniciativa leva profissionais e alunos da UFJF, de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, a unidades de ensino para trabalharem com temas, como resíduos e recursos, reciclagem, responsabilidade compartilhada, consumo consciente, sustentabilidade e sociedade.
“É importantíssimo mobilizar, engajar e transformar essas crianças em verdadeiros agentes ambientais. As crianças são multiplicadores muito eficientes em relação a boas ações. Muita das vezes, elas trabalham também com o papel de fiscalização, então são fundamentais na nossa sociedade para promover um ambiente mais limpo e mais saudável”, comenta Samuel.
Entre as iniciativas a serem implementadas junto às crianças no dia a dia, o professor destaca a escolha de produtos, visando a conscientização sobre um consumo mais responsável e optando por marcas que se preocupam com uma produção mais limpa. Além disso, a destinação adequada desses materiais pós uso também é uma maneira de educar as crianças. “Isso fomenta uma segregação na fonte entre secos e úmidos, separando bem os resíduos, aumentando o potencial de recuperação, de reutilização e de reciclagem.”
O especialista também destaca, como ponto importante para incluir na rotina, o contato das crianças com a natureza. “Explorar espaços da nossa cidade que possibilitam essa interação com o meio ambiente é fundamental. Essa atitude ajuda a fomentar o senso de pertencimento das crianças nesses espaços verdes e, consequentemente, provoca o aumento do grau de responsabilidade e cuidado com esses espaços, garantindo um meio ambiente mais limpo, mais saudável e maior qualidade de vida para todos”, diz.
‘São coisas simples que vão gerar impacto’
Na casa da família de Davi, de 10 anos, e Francisco, 14, esse contato com a natureza e a preocupação com sua preservação sempre estiveram presentes. Os irmãos moram com seus pais em uma granja no Bairro Recanto dos Lagos, Zona Nordeste da cidade, onde realizam diversas atividades em harmonia com o meio ambiente. A mãe dos meninos, Clorisana Abreu, conta que é natural, na rotina da família, perceber o impacto que suas ações podem causar na natureza. “Tudo é questão de hábito. Com criança é muito tranquilo fazer isso, eles são multiplicadores e conseguem absorver essas mudanças de forma muito natural, muito orgânica.”
Com o objetivo de reduzir o desperdício, Clorisana explica que mantém em casa ações para “fechar o ciclo”, como, por exemplo, coletar a água da chuva, reciclar o lixo, realizar a compostagem e utilizar energia solar. A família tenta passar todas essas práticas, ou como Clorisana gosta de dizer “plantar sementes”, para os amigos, nas escolas das crianças e no projeto que participam de Voluntariado Ambiental – uma ação de preservação da Mata Atlântica promovida pela Associação dos Amigos de Juiz de Fora (ABAN).
“Nós temos na cozinha dois baldes, um é para compostagem e outro é para levar os restos de alimento para as galinhas, o que elas não comem vai para o minhocário. Nós também temos um armário só para semente, pois temos o costume de sair para caminhar e coletar sementes. Já é um hábito deles pegar sementes para fazer mudas, pois temos um berçário de mudas. Isso para eles é muito natural, eles têm muita consciência ambiental’, ela comenta.
Na casa da família Abreu, a produção de lixo orgânico é zero. Além disso, as crianças ajudam a separar os materiais recicláveis e levam para a coleta de reciclagem. A alimentação também é pautada nesses ideais, dando prioridade a alimentos naturais em detrimento dos ultraprocessados. A lógica de consumo é circular, os meninos ganham e passam as roupas que não recebem mais para as crianças filhas de amigos de Clorisana. “São coisas simples que vão gerar impacto.”
Confira 5 dicas fáceis para incluir na rotina das crianças:
1- Reciclar e fazer compostagem
2- Evitar o desperdício de água e estimular um consumo consciente
3- Ter uma horta em casa
4- Ensinar receitas que reaproveitam alimentos, como talos, cascas, folhas ou sobras do almoço ou jantar
5- Doar roupas e brinquedos