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Juiz de Fora é a terceira cidade de Minas com mais áreas de risco geológico

BIOSFERA Areas de Risco Rosa Sfeir Felipe Couri
Rua Rosa Sffeir, no Bairro Grajaú, Zona Leste, é considerada uma área de risco, que já registrou deslizamentos de terra (Foto: Felipe Couri)
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Juiz de Fora ocupa a terceira posição entre as cidades mineiras com mais áreas de risco geológico, de acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Entre mais de 1.600 municípios do Brasil, a cidade está em 15° lugar. A Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou à reportagem que atualiza anualmente o mapeamento de áreas de risco. Atualmente, a cidade tem 142 áreas de risco geológico, como possibilidades de deslizamentos de terra, e 27 de risco hidrológico, referentes a inundações. Conforme o órgão, todos os locais são monitorados constantemente, o que fornece embasamento para ações de prevenção.

O subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Luís Fernando Martins, explica que o levantamento da SGB é uma etapa inicial para a identificação de setores mais críticos de cada localidade, que será aprofundada através do mapeamento feito pelos agentes da Defesa Civil, para a constatação dos tipos de riscos de cada residência. Para o subsecretário, a geomorfologia de Juiz de Fora ajuda a entender a posição de destaque no ranking. “Juiz de Fora tem muitas áreas de risco principalmente por causa do relevo acidentado da cidade. Nós temos muitas áreas de encosta e ocupação irregular. Já no caso do risco hidrológico, nós temos muitos fundos de vale que foram ocupados também sem respeitar os critérios das áreas de preservação permanente, ou seja, uma distância mínima de cerca de 15 a 30 metros. Então, temos a população ocupando espaços muito próximos à margem dos córregos, que é afetada pelo cenário de inundação.”

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Entre os pontos de maior risco de deslizamento de solo e rochas, a pasta indica que a região Leste é a mais suscetível a ocorrências por conta do relevo e tipo de solo da região. Já a respeito de inundações, o risco existe em toda a cidade nas regiões próximas a cursos d’água, mas as áreas mais marcantes são os bairros Santa Luzia, Linhares e Industrial, nas zonas Sul, Leste, Norte, respectivamente. Com base na estimativa do SGB, 50.336 pessoas vivem em áreas de risco na cidade. No entanto, o subsecretário diz que esse número se distancia da realidade, pois a empresa utiliza como referência quatro pessoas por casa, enquanto o mapeamento da Defesa Civil, que ainda é atualizado, visita cada residência e consegue uma projeção mais precisa.

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Em relação ao perfil dos moradores em área de risco, Luís Fernando explica que historicamente pessoas em situações de vulnerabilidade social ocupam esses terrenos irregulares. “Os primeiros pontos a serem ocupados na cidade foram os da região Central e, posteriormente, os espaços mais afastados do Centro, essas são as áreas com maior risco geológico. Com isso, temos um perfil de uma população mais vulnerável ocupando os locais mais distantes e morando em encostas, tanto na parte inferior quanto na superior. Porém, na questão hidrológica esse perfil é diferente. Existem bairros, como o Santa Luzia, que a população tem renda maior, até mesmo por ser um bairro muito comercial e próximo do Centro.”

Monitoramento e prevenção

Desde 2021, o foco da Defesa Civil, conforme alega o órgão, é trabalhar na prevenção para evitar acidentes. Ano passado, mais de 60% das vistorias realizadas na cidade foram de caráter preventivo, o que totaliza 1.020 ações com o objetivo de orientar a população e encaminhar ações necessárias para redução do risco, como a implantação de leiras para desvio das águas pluviais, calafetação de trincas e a instalação de lonas. “Com isso, conseguimos mitigar muitos riscos, focamos principalmente nas áreas R3 e R4, que são as de risco alto e muito alto, a fim de identificar qualquer feição de que aquela encosta possa escorregar. Os agentes ficam atentos a trinca nos terrenos, movimentação, direcionamento de água pluvial, entre outras questões que geram encaminhamentos semanais.”

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Sobre os riscos hidrológicos, a Defesa Civil afirma encaminhar para a Secretaria de Obras os pontos de alagamento da cidade para que sejam feitas limpezas dos cursos d’água durante o período de estiagem e das bocas de lobo e córregos. Em 2023, foram retiradas mais de 600 toneladas de lixo dos bueiros. Durante as chuvas intensas, a pasta monitora os locais de maior incidência e, caso seja registrada alguma ocorrência de escorregamento ou inundação, o Plano de Contingência, que envolve diversas secretarias, é acionado. “Se alguma residência for atingida, ela será vistoriada para verificar as questões de segurança e estrutural para analisar se não houve nenhum abalo e quais as chances dos moradores continuarem. As assistentes sociais visitam e doam, de forma emergencial, materiais para limpeza, assim como colchões, roupas e outros itens necessários”, informa o subsecretário.

Na tentativa de conscientizar a população, o órgão realiza capacitação dos moradores para que eles tenham uma melhor percepção em relação aos riscos e propaguem isso para os vizinhos. Muitos deles criam grupos para trocar mensagens e amparar uns aos outros, alertando sobre volume de chuva e outras questões repassadas pela Defesa Civil. A educação preventiva também funciona em algumas escolas com a inserção do tema na grade curricular. “Muitos moradores não têm a percepção de que moram em local de risco, então passamos informações para que eles tenham autoconhecimento e entenderem que não podem cavar tal lugar, que precisam ter uma distância segura do talude e outras atenções, mas que não estão correndo risco a todo momento.”

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Rua José Orozimbo, no Bairro Santa Luzia, Zona Sul, também já registrou deslizamentos (Foto: Felipe Couri)

Expectativa é de redução do risco

Atualmente, as obras de drenagem estão sendo realizadas nos bairros Industrial, Santa Luzia, Dom Bosco, Benfica e na Rua Cesário Alvim para evitar inundações e alagamentos. Além disso, o Executivo também destacou, em nota, que obras de contenção de encostas em ruas que cederam devido às fortes chuvas de anos anteriores estão sendo feitas, como nas ruas José Orozimbo, São José, José Lourenço e Rosa Sffeir. Após a conclusão das obras, a expectativa da Defesa Civil é de que as áreas classificadas como risco sejam reduzidas.

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