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Créditos de carbono valem quanto pesam

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O relatório “Estado do Clima Global 2022”, da Organização Meteorológica Mundial, aponta que, de 2015 até o ano passado, foram registrados os níveis mais quentes de temperatura na história, desde que se estabeleceu tal levantamento. Uma das causas desse alarmante cenário é a excessiva emissão antrópica (ou seja, causada pelo homem) de gases que corroboram com o efeito estufa, como o dióxido de carbono, proveniente da queima de combustíveis fósseis.

A iniciativa do crédito de carbono foi introduzida pelo Protocolo de Kyoto, tratado ambiental internacional celebrado em 1997, e significa que, a cada uma tonelada de dióxido de carbono não emitida, um crédito é gerado e pode ser comercializado entre países, empresas, organizações e indivíduos. Um workshop promovido pelo Instituto Estadual de Florestas e pelo Projeto Conexão Mata Atlântica na última terça-feira, no auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em Belo Horizonte, salientou que a ideia dos créditos é responsabilizar os agentes emissores pelo custo social das emissões, a fim de frear as sérias mudanças climáticas.

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Valéria Silva, coordenadora de projetos da Carbon Flore, empresa de base tecnológica especializada na redução de emissão de gases de efeito estufa, destacou a situação do Brasil com relação ao tema. “No país, ainda não há uma regulamentação desse mercado e, com isso, o que temos, é um mercado voluntário, no qual o assunto é uma estratégia das empresas”, afirmou durante sua palestra, de acordo com informações da Agência Minas.

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Florestas e bosques são considerados ativos sustentáveis na economia verde (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Quem tem, vende; quem não tem, compra

A bióloga Helba Prezoto, doutora pela Universidade Federal de Juiz de Fora e professora na área de ciências biológicas, explica o processo de comercialização dos créditos, no qual as empresas se cadastram e, considerando suas atividades, ficam passíveis de comprar ou vender os ativos. A conta é relativamente simples. “Se a empresa está emitindo uma quantidade além do permitido de gás carbônico na atmosfera, ela vai ter que adquirir crédito a partir de uma empresa que emite menos gás.”

A nível empresarial, segundo Helba, a ação se configura como uma das mais elementares enquanto medida de redução de emissão do gás carbônico. “É uma troca que, além de viável, tem ação imediata. Ou seja, as empresas podem efetivamente colocá-la em prática, sem que se precise de grandes investimentos. A partir daí, pode-se trazer resultados a médio e a longo prazo.”

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Urgência ambiental

Ainda de acordo com a bióloga, compreender a dinâmica dos ecossistemas é um trabalho sério e relevante para a área da biologia, uma vez que ajuda a entender os impactos das alterações e elevações de temperatura. Pensar ações conjuntas e mitigadoras, para Helba, é contribuir para redução do dano à natureza e seu possível reequilíbrio. “A gente precisa abrir espaços de diálogo, já passamos do momento de ficar observando tudo acontecer. O momento é de urgência ambiental”.

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Banco do Brasil aceitará créditos de carbono em leilão

Segundo informações da Agência Brasil, o Banco do Brasil (BB) já está aceitando crédito de carbono como forma de pagamento por imóveis rurais. A modalidade de pagamento é inédita no país, e, segundo o banco, foi adotada com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sustentável. O uso desses créditos pode ser tanto para pagamento integral como parcial do imóvel.

“A fase para lances já está aberta, e a sessão de disputa será on-line, às 14h do dia 7 de junho, marcando a Semana Mundial do Meio Ambiente”, informou o BB, referindo-se aos seis imóveis que serão leiloados na modalidade, com descontos de até 55% em relação ao valor de mercado.

Os imóveis estão localizados em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Para participar do certame, os interessados precisam se cadastrar no site da leiloeira oficial do BB, www.lancenoleilao.com.br, com até 24 horas de antecedência da disputa.

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“A compra pode ocorrer 100% on-line, com pagamento em moeda corrente e certificados de crédito de carbono, ou integralmente em créditos de carbono. Esses serão aceitos no valor unitário máximo de R$ 88,27 em ambas as possibilidades”, informou o banco ao destacar que os créditos de carbono devem ser gerados conforme “padrões e termos reconhecidos pelo mercado regulado ou pelo mercado voluntário, como o Verified Carbon Standard”.

Em janeiro, a Vale estreou no mercado de crédito de carbono. A companhia fechou a compra de 133 mil créditos de carbono florestais de alta integridade, o equivalente à proteção de 50 mil hectares de floresta, de uma fazenda no Pará. A aquisição foi feita junto ao Grupo Algar, que mantém, no Pará, uma fazenda com área maior que o município de São Paulo. A informação é da Agência Estado.

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