Ícone do site Tribuna de Minas

Compostagem: mais de uma tonelada de lixo são reaproveitadas em projeto da UFJF

biosfera Compostos apos 4 meses
(Foto: Marcos Vidal)
PUBLICIDADE

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, o país produziu 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2022, sendo que 45,3% eram resíduos orgânicos e, deste total, menos de 1% foi reciclado. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Apesar do baixo número de reciclagem, algumas ações buscam mudar essa realidade, como é o caso da compostagem realizada pelo Grupo de Educação Tutorial (GET-Nutrição) e pela Comissão Permanente ICB – Sustentável (Cois) no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). De 2,6 toneladas de compostos orgânicos gerados, mais de uma tonelada de resíduos foi reaproveitada através do processo de compostagem. 

Desde o ano passado, as composteiras foram inseridas na rotina da comunidade acadêmica do curso e a coleta do lixo é feita em copas, cantinas e outros espaços nos departamentos do ICB. A ação contribui para a redução do lixo gerado pela população, diminuindo a emissão de gases poluentes e evitando a contaminação do solo e de lençóis freáticos. Inicialmente, o projeto contou com o apoio do consultor ambiental Eduardo Vianna para colocar em prática a composteira e capacitar os professores e estudantes no seu manejo. 

PUBLICIDADE

O professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e coordenador da ação, Marcos Vidal, explica que o método escolhido foi a composteira seca por causa do baixo custo de implementação, da facilidade no manejo e da obtenção de um composto orgânico de qualidade. “Além disso, a compostagem seca é mais segura e mais acessível para os objetivos do trabalho.” 

PUBLICIDADE

A compostagem é o processo de transformação de materiais orgânicos em adubo. São recolhidos restos de frutas, verduras, sementes, cascas de ovo, legumes, saquinhos de chá e filtros de café, dentre outros. Na compostagem, a ação de microrganismos presentes no solo faz da matéria orgânica a sua principal fonte de alimento, o que proporciona uma melhor qualidade da terra e permite fornecimento de nutrientes para a plantação. 

Atualmente, o ICB conta com cinco composteiras, que foram construídas na Estação Experimental e Cultivo de Plantas, local com condições adequadas devido à localização mais afastada, a fim de evitar possíveis impasses, como produção de odores, atração e proliferação de insetos e outros animais vetores de patologias. Após a construção das composteiras, houve a implementação de baldes em pontos específicos para recolhimento de matéria orgânica no ICB. 

PUBLICIDADE

“Foram utilizados 12 baldes, distribuídos em pontos estratégicos do instituto, e elaborado um mapa com cada ponto de recolhimento, a fim de identificar e facilitar o encontro de pontos de coleta”, explica Vidal.  

A Diretoria de Sustentabilidade e Patrimônio da UFJF é a responsável pela entrega da matéria seca oriunda das podas de árvores, gramas e folhagens recolhidas na própria UFJF.  O material é levado até as composteiras no ICB. 

PUBLICIDADE
(Foto: Marcos Vidal)

Saiba quais resíduos podem ser coletados para compostagem 

A compostagem é realizada pelos estudantes do GET-Nutrição e integrantes da Cois. Dentre os resíduos coletados estão cascas e sobras de frutas, vegetais e legumes crus, borra e filtro de café. O projeto também realiza um controle de parâmetros qualitativos e quantitativos, verificados semanalmente. A quantidade de matéria orgânica coletada e incorporada à composteira é avaliada, através da pesagem da massa desses resíduos. Outros parâmetros envolvem temperatura e umidade. Também é feito o registro fotográfico para acompanhamento cronológico da incorporação de novos resíduos na composteira, bem como seu aspecto visual. 

No último trimestre de 2023, foram compostados 168,9 quilos de resíduos orgânicos. Em agosto de 2024, o projeto atingiu o ápice da coleta de resíduos, chegando a 250 quilos. Na avaliação de Vidal, os dados evidenciam o envolvimento e o entendimento da comunidade acadêmica com a questão sustentável e a importância da compostagem para o meio ambiente. Além disso, foi possível perceber uma mobilização da comunidade do ICB pela quantidade de resíduos coletados. 

“Desde a implementação da composteira, mais de uma tonelada de resíduos obteve um destino adequado e foi compostada. Com isso, pode-se observar que a compostagem foi bem aceita pelo público e obtém impacto na comunidade acadêmica, bem como na sociedade”, diz Vidal. 

PUBLICIDADE

O docente considera que o trabalho desenvolvido no ICB tem plenas condições de ser ampliado para mais institutos na UFJF, conforme o envolvimento, a conscientização e a mobilização das comunidades de diversos setores para ações sustentáveis. Com a compostagem realizada pelo projeto, as hortas do ICB e de outros setores da universidade já utilizam o composto como alternativa ao adubo orgânico. Um outro fator importante, na visão do professor, é  manter a comunidade universitária envolvida com ações e atividades sustentáveis como algo rotineiro de caráter educativo. 

“O projeto foi capaz de demonstrar que a atividade é de fácil operação e controle, podendo ser ampliada sem dificuldades, implantada em ambientes institucionais semelhantes e até mesmo em domicílios, a fim de colaborar com menos impactos em relação à geração de resíduos orgânicos”, comenta o coordenador.  

Como ajudar? 

Os interessados em contribuir com o projeto podem levar os resíduos orgânicos até o ICB e depositá-los nos baldes que estão dispostos por todo o instituto. Outros setores e departamentos da UFJF também podem reunir todos os resíduos e destiná-los até o instituto sempre às sextas-feiras, das 8h às 12h. São permitidos materiais como cascas e sobras de frutas, vegetais e legumes crus, borra e filtro de café. Não são utilizados sobras de alimentos cozidos e alimentos processados. 

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile