A economia circular é um conceito que busca trazer o pensamento sustentável para dentro dos negócios. Valorizar insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis é uma aposta desse modelo econômico. Para não deixar só na teoria, a Nexa, empresa de mineração que possui unidade em Juiz de Fora, está investindo em um projeto de troca de recicláveis por crédito. O Ecoponto de coleta fica no Bairro Igrejinha, Zona Norte da cidade. Conforme a empresa, os moradores que participarem ativamente da iniciativa podem faturar entre R$ 20 e R$ 100 por mês.
O projeto nasceu através de parceria da Nexa com Katalisar, startup ESG com foco na economia circular. O propósito da iniciativa é atingir três pilares: preservação do meio ambiente, educação ambiental e economia circular. Todos os moradores da região podem participar do projeto, basta apenas separar uma quantidade de itens recicláveis em casa.
O Ecoponto está localizado na Rua Maria Vidal de Carvalho, 30, quadra D, paralela à BR-267, na esquina com a Rua Padre José Juventino de Souza. O serviço funciona de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 16h. Durante esse primeiro ano, foram recicladas cerca de três toneladas de lixo.
No total, cem moradores participam ativamente, arrecadando materiais não só do que é consumido dentro de casa, mas também de lixo espalhado pelas ruas. De acordo com a auxiliar administrativa da Nexa, Naiara Gomes, o incentivo tem colaborado para a diminuição de pontos de descarte irregular de lixo na região, o que contribui para a diminuição das enchentes, frequentes em Igrejinha, evitando que esses resíduos sejam direcionados para córregos e rios. “O projeto ajudou muito no meio ambiente, o bairro dava muita enchente e o rio ficava lotado de lixo PET. Ver hoje os moradores coletarem na rua e levarem para o ecoponto é muito gratificante.”
Naiara trabalha diretamente com o ecoponto de Igrejinha, ajudando a buscar os resíduos na casa dos colaboradores, separar e pesar o material. “A população abraçou a ideia, alguns usam o serviço como uma renda extra. Já teve cliente que conseguiu faturar R$ 300 por mês, por exemplo. Eu lembro de uma vez, em que precisamos fechar o ecoponto para limpeza e manutenção por uma semana, e uma cliente disse que estava sentindo falta da coleta de recicláveis, pois ela usava o dinheiro da troca para comprar carne e pão para os filhos no fim de semana, ou seja, já virou uma rotina para os trabalhadores.”
Além da reciclagem, a mineradora se compromete com os princípios da economia circular através do reaproveitamento de zinco de pilhas e baterias, usados para dar sequência ao seu processo produtivo. Na unidade Morro Agudo, em Paracatu, localizada no noroeste de Minas Gerais, a Nexa tem buscado transformar os resíduos gerados pela operação em pó calcário agrícola, que pode ser utilizado na agricultura para reduzir a acidez do solo e aumentar a produtividade. “A companhia oferece uma solução que contribui para redução dos resíduos em barragens e transforma em um insumo capaz de auxiliar os pequenos produtores”, explica o engenheiro de inovação da Nexa, Rodrigo Rossi Viana.
Saiba quais materiais podem ser reciclados
O ecoponto de Igrejinha recebe latas, papelão, garrafas PET, papel e frascos de produtos de higiene, sendo que os recipientes precisam estar limpos. Após a separação dos materiais, os moradores devem realizar um cadastro no ecoponto e entregar seus recicláveis para receber o pagamento. O valor gerado é feito com base em volume, tipo e condição dos resíduos, e o dinheiro é depositado na conta corrente do usuário.
“A educação ambiental é um agente transformador, que pode contribuir com o futuro da cidade de Juiz de Fora”, afirma o engenheiro de inovação, que acredita também que essa ação ajuda a “conscientizar, na prática, sobre a importância de reciclar resíduos”, provocando impactos positivos na região e no meio ambiente.