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Em projeto do 27º BPM, o futuro começa agora

Alunos são moradores de bairros da região Sul (Foto: Olavo Prazeres)
Alunos são moradores de bairros da região Sul (Foto: Olavo Prazeres 14-09-2016)
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“Os princípios e os valores são nosso início. A formação de caráter é o nosso fim.” É com este lema que cerca de 20 voluntários, entre policiais militares, professores de luta, psicóloga, artesã e um professor de música vêm mudando o presente e, consequentemente, o futuro de cerca de 60 crianças e adolescentes, com idades entre 6 e 17 anos. Eles são moradores de bairros da Zona Sul da cidade, e muitos estão em situação de vulnerabilidade social. Os garotos fazem parte do projeto do 27º Batalhão da Polícia Militar “Jovens para o futuro”, que existe na cidade desde 2009 e leva para meninos e meninas aulas de jiu-jítsu, música e artesanato. Entre os mais de cem alunos que passaram pela iniciativa, há dois campeões brasileiros de jiu-jítsu. Porém, para se manter e expandir, a iniciativa agora busca novos parceiros e doações.

De acordo com um dos responsáveis pelo projeto, tenente Gilmar Silva, o “Jovens para o futuro” começou por meio do cabo Wigman Albuquerque Carvalho, em 2009, que dava aulas de jiu-jítsu para crianças e jovens do Ipiranga. “Ele fazia tudo sozinho, quase não tinha apoio. Então, em 2014, nós o procuramos e fizemos uma parceria, que permitiu expandir o projeto e acrescentar outros valores a ele”, disse o oficial.

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Desde então, a onda do bem só cresceu: atualmente, são realizadas aulas três vezes por semana, para 56 alunos. Os encontros acontecem na sede da 32ª Companhia da PM, no Bairro São Mateus, e um uma academia no Bairro Ipiranga, na mesma região. “Hoje formamos um grupo, os ‘Voluntários do Bem’. Já somos cerca de 20 e nos reunimos periodicamente. Nosso objetivo é um só, e o nome do projeto diz tudo: tentar moldar estes meninos e meninas para serem jovens melhores. Muitas destas crianças vivenciam de perto a violência. Acreditamos que atividades desenvolvidas aqui podem ajudar a mudar o seu futuro e esta realidade”, comentou.

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Iniciativa proporciona melhora na escola e no comportamento

Segundo o tenente Gilmar,  os alunos são convidados em escolas públicas da Zona Sul e também indicados pela juíza da Vara da Infância e da Juventude, Maria Cecília Gollner Stephan. “Nós vamos até as escolas e falamos do projeto. Há crianças e jovens que nos procuram, e outras, que muitas vezes têm problemas de comportamento, são indicadas pela própria instituição. A juíza Maria Cecília também é uma grande parceira nossa, que, além de nos apoiar, manda alguns meninos que precisam deste apoio”, afirmou o tenente.

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Um dos assistidos, Rian Rodrigues, 11 anos, é antigo na iniciativa. “Estou aqui faz anos, saí por um tempo, agora estou de volta. Eu gosto de tudo aqui, é uma oportunidade muito boa para tirar crianças da periferia, ensina muita coisa pra gente. Falo com todos os meus amigos para virem para cá,  é muito bom”, disse.

Crianças e jovens fazem aulas de Jui Jitsu (Foto: Olavo Prazeres 14-09-2016)

O pai de um dos alunos, Adilson Leite, está muito satisfeito com a iniciativa. “Meu filho está aqui faz menos de um mês. Ele era muito sozinho em casa, muito calado. Desde que está nas aulas, está se soltando, está tendo mais participação com outras crianças, seu comportamento já mudou”, comentou.

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O tenente Gilmar apontou ainda que a melhora no comportamento e no aprendizado são claras. “A gente nota uma mudança rápida neles. Também fazemos reunião com os pais, conversamos nas escolas, e eles relatam que a melhora nos meninos é visível.  Nosso projeto é totalmente vinculado ao desempenho escolar, tem que estar bem no colégio para continuar”, comentou.

Pequenos artesãos

Alunos fazem aulas de artesanato e reciclagem (Foto: Olavo Prazeres 14-09-2016)

Faz cerca de um mês que a artesã Regina Celi Guedes ministra aulas de reciclagem para os assistidos. “Já fazia parte da Associação de Artesãos de São Mateus, conheci o projeto depois de uma reunião em meu prédio e resolvi ajudar. Dou oficinas de reciclagem, a ideia é passar para os meninos a importância deste processo e até ajudá-los a terem uma renda com isto no futuro. Eles estão aprendendo bem”, disse, acrescentando que, para dar continuidade às aulas, é preciso doações de materiais recicláveis e tintas, pincéis, cola, tesouras e outros materiais de papelaria.

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O cabo Cleiton de Paiva Martins, faixa marrom de jiu-jítsu integrante da equipe Mestre Francisco Olivetto, destacou que entre os alunos há aqueles que se destacam, mas por falta de aporte financeiro, acabam não conseguindo participar de competições. Entre os ex-alunos, Gustavo Fernandes da Silva e Natália dos Santos sagraram-se campeões nacionais da luta. “Estou aqui faz cinco meses, e meninos aqui já trouxeram medalha, apesar do pouco tempo. Alguns realmente se destacam, o problema é que há as taxas de inscrição dos campeonatos, e muitas são caras. Esperamos que, com o tempo, todos consigam participar”, comentou.

O “Jovens para o futuro” conta ainda com aulas de música ministradas pelo professor Claudimar  Maia, com o apoio da sargento Erika Santos Fernandes. Também apoia a iniciativa o sargento Carlos Roberto Jesus de Oliveira.

Segundo o tenente Gilmar Silva, em breve os alunos poderão fazer exames em uma clínica da região que se tornou apoiadora. Eles terão também aulas de reforço escolar e informática. A ideia para o futuro é que no espaço sejam formados profissionais. “Nossa meta é que consigamos fazer parcerias para que os alunos saiam daqui inseridos no mercado de trabalho”, disse.

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Você também pode ajudar

No próximo sábado (8), a partir de 13h, o “Jovens para o futuro” irá realizar uma festa na Praça Jarbas de Lery, no São Mateus. Haverá barraquinhas com diversas comidas e música. O objetivo é arrecadar fundos para a iniciativa. De acordo com o tenente Gilmar Silva, além dos quimonos e materiais para artesanato, eles necessitam urgentemente de violões para serem usados nas aulas de música, uma lona para cobrir o tatame e lanches, que são cedidos aos alunos nos dias das aulas. “Muitas crianças do projeto são carentes e chegam aqui de manhã sem terem comido nada. Então, damos estes lanches”, comentou.

Os interessados em se inscrever no projeto social, doar ou ser voluntário, podem comparecer na sede na 32ª Companhia, que fica na Rua São Mateus 300, de segunda a sexta, de 7h a 13h. O telefone para contato é o 3690-7119.

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