Se você já esteve em uma enfermaria de hospital alguma vez na vida, provavelmente teve aquela impressão de que lá os dias parecem ser sempre cinzentos. Em alas infantis então, a monotonia da rotina e a ociosidade obrigatória – que nada combinam com a característica natural dos pequenos – pode acabar deixando o ambiente ainda mais depressivo. Mas um projeto juiz-forano vem mudando esse histórico, pelo menos às quartas-feiras. Neste dia, o super-herói Guinho – o Brasileirinho entra em ação e, munido de lápis de cor, giz de cera e afins, além de sua equipe – hoje representada pelo funcionário público Igor Sell, pelo cartunista, chargista e ilustrador André Ribeiro e pelas estagiárias de psicologia e pedagogia, Paula Garcia e Wisterlaine Martins, respectivamente – coloca mais vida e colorido no dia e no coração de crianças e adolescentes hospitalizados.

“Tenho uma empresa que promove o Encontro Nacional de Colecionadores anualmente, evento voltado basicamente ao público infantil. Pensava que se eu fazia uma coisa que me dava lucro, também precisava criar algo para ajudar ao próximo”, conta o idealizador da iniciativa, Igor Sell. “Em novembro do ano passado, lançamos o projeto do Guinho. Desde então, visitamos a Ascomcer, levando desenhos e atividades lúdico-pedagógicas para que as crianças mantenham a alfabetização, mesmo durante a internação. Preparamos uma didática anterior, de acordo com o perfil da criança ou adolescente que está internado naquela semana”, diz. Atualmente, o projeto também faz visitas à APAE e, em breve, também deve estar nos corredores da Fundação Ricardo Moisés Júnior. Outro passo da iniciativa é criar mais um herói, voltado especificamente aos pré-adolescentes e adolescentes.

“A gente não esperava que fosse dar a repercussão que está dando, com essa aceitação nas entidades. O Colégio Militar quer que a gente vá dar palestras sobre cidadania”, orgulha-se o cartunista, chargista e ilustrador André Ribeiro, que se inspira em Igor para criar os traços de Guinho. O sucesso da experiência também é celebrada pela futura pedagoga Paula Garcia. “A criança está no hospital, mas a cabecinha dela ainda está lá na escola, que é o mundo dela. Muitas vezes, o que elas mais sentem falta é do colégio. Por isso, essa parte da pedagogia hospitalar, da escola dentro do hospital, é muito importante”, explica.

 

Você pode fazer parte

Ao ser perguntado sobre como interessados podem contribuir com a iniciativa, Igor não enumera muitas coisas. “É só entrar em contato pelo Facebook, onde tem e-mails e telefones de contato”. Hoje, o grupo conta com o apoio da Gráfica América, para a impressão dos desenhos, e da Sudeste Automóveis, que disponibiliza veículos para os deslocamentos.

Segundo ele, Guinho e sua turma ficariam felizes se um dia puderem expandir seus pontos de atuação. O sonho é transformar a ideia, que começou em folhas soltas, em revistinhas.

Nacionalista, daqueles que fazem questão de carregar a bandeira do Brasil para todos os lados, o funcionário público não esconde a preocupação em contribuir para o destino do Brasil. “Elas (crianças) são o nosso futuro e terão a missão de pegar o país daqui uns anos. Por isso, temos que deixar um lugar melhor para elas”, opina. Aluno de um curso de pilotagem, o funcionário público, que por horas vive literalmente nas nuvens, também busca levar esse momento de paz aos internados. “A profissão do piloto é vista quase como uma idolatria. Quando estamos lá em cima voando, entramos num mundo paralelo. Acho que todo mundo deveria sentir uma vez na vida ao que é voar. As pessoas dariam mais valor à própria vida e ao Brasil, que visto lá de cima é uma coisa maravilhosa. Às vezes a criança tem a vocação e a gente pode estimular isso, o potencial humano que ela tem para ser piloto, médica, advogada”, pontua.

“As pessoas estão acostumadas a fazer caridade somente no Natal, dando uma marmitinha ou uma cesta, mas não vêem que é preciso dar um pouquinho da gente nos 365 dias do ano”, resume André Ribeiro.

Todos os trabalhos de Guinho – o Brasileirinho podem ser conferidos na página da trupe no Facebook. Interessados em fazer doações ou em participarem das visitas podem fazer contato pelo mesmo canal.

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