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Após quatro anos sem se apresentar em JF, Lúdica Música! faz dois shows na cidade

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No último ano, o Lúdica Música! participou do The Voice Gerações, em Portugal (Foto: The Voice Gerações/ Divulgação)
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“Sem medo do que o tempo vai trazer. Deixando a fantasia deitar e rolar.” Com 17 anos, Rosana Britto compôs “Espelho do coração”. Nessa época, talvez, nem imaginaria os rumos que o Lúdica Música! tomaria: que era preciso ter coragem para ir além-mar, deitar e rolar com a música. Sem medo. Tempos depois, mais de 30 anos de banda, discos lançados, tanta coisa passou, mas “Espelho do coração”, agora, serve como confirmação do caminho percorrido por ela, Isabella Ladeira e Gutti Mendes. Os três, sem saber que uma pandemia tomaria conta do mundo, decidiram partir rumo a Portugal no final de 2019. A ideia, no começo, era ficar lá, mas sempre voltar a Juiz de Fora, rever os amigos. Isso não foi possível. Mas, finalmente, se torna.

Quase quatro anos depois, o Lúdica Música! volta a pisar em terras brasileiras para uma série de shows, em Juiz de Fora, inclusive. Um já aconteceu, no projeto Palco Central, no Cine-Theatro Central. Outros dois ainda vão acontecer. Um deles, neste sábado (29), o Lúdica Bota Pra Tocar, no Beco, a partir das 22h. Esse evento é, ainda, a apresentação do resultado da tradicional oficina ministrada pelo trio. E, além disso, vai contar com a abertura de Peagah e Tagadagadá (de certa forma, frutos das oficinas do Lúdica). Já na próxima semana, sábado (6), eles apresentam o show “Espelho do coração”, no Sensorial, a partir das 21h. Nessa noite, eles contam com a participação de Laura Conceição, Thiago Miranda, Juju Britto e Douglas Rafael e DJ Lerí – também frutos das oficinas. Dias depois, eles já retornam a Portugal, mas afirmam que a intenção é, realmente, voltar no ano que vem.

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Para responder como é, depois de tanto tempo, estar em Juiz de Fora, Isabella, na hora, cita os versos da música “Quando tudo passar”, feita por ela e Rosana, primeiramente, lançada em um projeto da Tribuna e, agora, como parte do disco recém-lançado “Espelho do coração”: “Quando tudo passar vamos nos encontrar. Para matar as saudades, rir, chorar, conversar”. É como se as próprias músicas já registrassem todo o sentimento. E isso faz sentido: o trabalho mais recente do trio foi gravado pelos três no ano passado em um período pós-pandemia, com resquícios daqueles sentimentos filosóficos de isolamento. Foi tempo de rever a trajetória e, ainda, pensar no que se é agora. Por isso, algumas canções são atuais, outras foram compostas a tempos e ficaram guardadas, esperando o momento.

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Além das músicas, a própria sonoridade impressa em “Espelho do coração” também foi impactada, ainda mais que, pela primeira vez, o processo foi feito inteiramente pelos três (tirando a masterização e mixagem). “Foi bem diferente e saiu bem do jeito que a gente pensava: uma coisa mais enxuta, mais acústica. A gente usou alguma coisa de eletrônico, mas mais a percussão. Nós nos divertimos bastante para gravar”, admite Isabella.

Quando, então, questionada sobre o motivo desse novo formato de disco, Isabella aciona Rosana, que estava ao seu lado, para responder. “Rô, explica o que você fala que é filosofonia.” E ela responde: “Eu falo em filosofonia, que é uma mistura de tudo o que a gente estava sentindo, em um período conturbado, que ninguém sabia de muita coisa, como ainda hoje é. A gente estava levantando todas as questões. A pandemia botou a gente para questionar milhares de coisas e, por isso, entrou em uma viagem filosófica porque tinha tempo também para isso. A gente começou a escrever um monte de coisas e perceber que tinha que colocar para fora essas coisas”.

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‘Inovação total, obrigatória, necessária’

“Não paramos de forma alguma. Viramo-nos do jeito possível”, completa Rosana sobre o tempo pandêmico. Comprovação disso foi a participação do Lúdica Música! no The Voice Gerações, no ano passado, quando conseguiram virar as quatro cadeiras ao som de “Desfolhada”, de Simone de Oliveira, que, inclusive, estava entre os jurados. Rosana e Isabella contam que a escolha em participar não foi unanimidade no trio. Mas, quase que por acaso, aconteceu, e deu certo. Rosana era a que mais se mostrava contrariada com a decisão, mas, agora, encara ela como importante para a história da banda: “Foi bom ter acontecido isso nesse momento, para tirar esse atraso de dois anos sem aparecer, porque as pessoas passaram a reconhecer a gente. Isso colocou a gente no mapa mesmo. Inovação total, obrigatória, necessária”.

Ensinar a aprender

Mas, apesar das novidades, tem coisa que não muda. O amor e o desejo de fazer perdurar as oficinas do Lúdica são coisas que não mudam, por exemplo. Nesta curta estadia em Juiz de Fora, eles deram jeito de encaixar na agenda a realização da oficina. “É a menina dos nossos olhos”, justifica Isabella. Rosana completa afirmando que, na verdade, ela começou mesmo entre o trio que, na época, formava a banda, com Joãozinho da Percussão no lugar de Gutti. “A oficina começou entre nós. Entre nós já rolava essa coisa da troca, de um passar uma coisa para o outro e tal. Sempre tive essa postura de buscar de quem veio atrás para repassar para quem vem depois. E a Isabella também. É sempre uma troca.” E Isabella concorda: “É, eu comecei a tocar por causa da Rosana e do Joãozinho”.

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O interesse maior, de certa forma, sempre foi a percussão e, por isso, compartilhar esse ensinamento se torna, também, uma missão. “A percussão sempre foi muito forte no nosso trabalho. E a gente começou a compartilhar isso. Porque a música para nós é vida também, é amor, é compartilhamento. De repente, muita gente que agora atua na cidade, mesmo fora, passou pelas nossas oficinas, e é um orgulho imenso. E a gente aprende muito. É uma sementinha que a gente vai deixando. E, hoje em dia, tem muitas oficinas na cidade. A percussão está muito valorizada na cidade. E eu acho que a gente tem uma pontinha de responsabilidade nisso tudo”, confessa Rosana.

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