“A porta aberta do sertão” (Relicário, 244 páginas) chega às prateleiras trazendo à tona as memórias de Vó Geralda, uma mulher sertaneja do Cerrado Mineiro cuja vida foi marcada por luta, resiliência e coragem em tempos de repressão. O lançamento ocorre no próximo sábado (21) e no próximo domingo (22), dentro da programação do Festival Artes Vertentes, realizado em Tiradentes (MG), até o dia 29 de setembro.
No sábado, às 10h, Vó Geralda, Dona Liça Pataxoop (liderança indígena do povo Pataxó) e Isabela Nogueira (psicóloga da Ação Cultural Artes Vertentes) se reúnem para um bate-papo, no Iphan. Nessa conversa, o tema é a transmissão de conhecimentos a partir de outros pontos de vida além da educação formal. Já no domingo, também para marcar o lançamento da obra, a partir das 10h, tem Café Literário com Vó Geralda, na casa de Rosana Nascimento, no Sítio Serra Azul (Tiradentes/MG).
Histórias da Vó Geralda
Nascido a partir de um processo de escuta e transcrição dos relatos da Vó Geralda, que há 10 anos recebe, na Fazenda Menino, os Caminhantes do Sertão que realizam a travessia inspirada em “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, o livro tem Isla Nakano e Renata Ribeiro como coautoras. Ambas são caminhantes do sertão e interlocutoras de Vó Geralda na elaboração da publicação.
Entre os casos curiosos presentes na obra, está o de uma cidade projetada por Oscar Niemeyer a pedido do Max Hermann, empresário que tinha ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Ligação esta que desencadeou uma série de invasões militares na Fazenda Menino, entre 1970 e 1972. Durante esse período, Vó Geralda foi perseguida, separada de seus filhos e violentada.
Anos mais tarde, em 2017, Vó Geralda prestou depoimento à Comissão da Verdade, revelando os horrores que enfrentou durante a ditadura militar. Sua história foi registrada em um dos volumes da Comissão, intitulado “Dona Geralda resiste: a repressão na Fazenda Menino”. “A porta aberta do sertão”, no entanto, vai além da repressão, abordando temas, como ancestralidade, infância, casamento forçado, a experiência de ser professora, os saberes e curas locais, maternidade, religiosidade, manifestações culturais e a luta pela emancipação das estruturas de aprisionamento de gênero.
Lançamento
Sábado (21) e domingo (22), dentro da programação do Festival Artes Vertentes, realizado em Tiradentes (MG), até o dia 29 de setembro.