Ícone do site Tribuna de Minas

‘A literatura tem o papel de acolher, tornar as coisas mais doces e mais belas’

Juliana James vertical Divulgacao
Juliana James aborda a importância de aproveitar cada fase da vida em “Kadu, o menino que não queria crescer” Foto: Divulgação
PUBLICIDADE

Tenho certeza de que você, leitor, quando bem pequenino, em algum momento, teve medo de deixar a infância para trás. Arrisco dizer que isso acontece com a maior parte das crianças, e com o protagonista de “Kadu, o menino que não queria crescer” (Paratexto, 28 páginas) não seria diferente. O novo livro da escritora juiz-forana Juliana James foi lançado na última quinta-feira, em evento regado à contação de histórias e muita música, e chega às mãos da meninada com uma aventura que aborda a importância de aproveitar cada fase da vida. Com ilustrações de Giovanna Martins, a obra ainda conta com canções que foram escritas por Juliana e musicadas por Rogério Nascimento, especialmente, para a história do Kadu. Elas podem ser ouvidas por meio de QR Code.

“Todos nós, em algum momento, estamos sempre inventando coisas novas. São muitos desafios, e isso acaba gerando sofrimento, medo e ansiedade. Mas lidar com isso e enfrentar as mudanças é muito prazeroso”, reflete a autora, que é professora de teatro e que, a partir do contato direto com os alunos, teve a ideia desse novo projeto. Juliana trabalha com crianças e adolescentes que estão cursando o Ensino Fundamental II e o Ensino Médio. Também é pedagoga. Dessa forma, tem experiência para falar do assunto.

“A inspiração veio da observação dos meus alunos, principalmente, os que estão no sexto ano. Eles ainda gostam de brincar e estão chegando ao novo segmento com vários professores. É tudo diferente. Aí comecei a observar as angústias deles e senti vontade de escrever sobre essa questão. Crescer é muito doloroso”, ressalta.

PUBLICIDADE

Cobrança de todos os lados

“Kadu, já escovou os dentes?”, “Kadu, não esquece de arrumar o seu material para a escola”, Kadu, você já arrumou o seu quarto?”, “Você precisa comer salada”, “precisa dormir, amanhã tem prova de matemática”. A história de Kadu começa dessa forma. É só cobrança de todos os lados, e o garoto quer mesmo é jogar bola, ver televisão, jogar no celular e chamar os amigos para brincar. E por falar nos amigos, eles estão naquela fase em que “coisas que não aconteciam começaram a acontecer”. Pedro marca um cinema com outro amigo, a Lara não quer brincar porque está treinando um passinho para gravar um vídeo, e a Sofia não quer estragar as unhas com a bola. E o Kadu, superdecepcionado, acaba ficando sozinho. Os amigos estavam crescendo, mas ele não queria ter o mesmo destino que eles. “Ser adulto devia ser muito chato.” Por sorte, ao dar uma espiada da janela, o garoto tem uma visão que promete muitas surpresas. Ele jura ver uma bruxa. Desse momento em diante, a aventura está garantida.

PUBLICIDADE
Capa do livro (Foto: Divulgação)

“Revisito uma história que criei há alguns anos. Eu gostava do personagem da velhinha e gostava também da situação de suspense. As crianças se divertiam muito, e achei que isso tinha total conexão com o que eu queria falar agora. Os pequenos querem brincar, se divertir e, ao mesmo tempo, estão entrando numa fase de responsabilidades. Eles adoram a ideia da bruxa. Quando contei a história do Kadu numa escola de Leopoldina, a plateia vibrou me vendo transformar em bruxa. Eles sabem que sou eu, mas fingem medo. É muito gostoso de se ver”, afirma a autora, comentando que teve a preocupação de escrever o livro já com o ritmo da contação de histórias. “Queria que a leitura fosse mais dinâmica.”

Segundo Juliana, “Kadu, o menino que não queria crescer” é voltado, também, para os mais crescidos. Para ela, não existe essa história de livros só para crianças. “Livro é para todos, porque todo mundo já foi criança também”, sentencia. Além disso, de acordo com a escritora, os adultos também passam por mudanças e precisam saber lidar com elas. E é importante que eles reflitam sobre a temática apresentada na obra para, assim, aprenderem a se sensibilizar com a dor da meninada. “A realidade é mais dolorosa. Acho que a literatura tem esse papel de acolher, ajudar a gente, tornar as coisas mais doces e mais belas. Apoiar-se nos livros é sempre uma boa escolha, e a gente tem que ajudar nossos filhos a enfrentarem as dificuldades que vão surgindo porque elas fazem parte da vida.”

PUBLICIDADE

 

Sair da versão mobile