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A mineira Kátia Badaró resgata em livro o costume de se criar o próprio brinquedo

Também autora de “Histórias de vô e de vó”, Kátia Badaró lança “O diário de Nina” com apoio da Lei Murilo Mendes
Também autora de “Histórias de vô e de vó”, Kátia Badaró lança “O diário de Nina” com apoio da Lei Murilo Mendes
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Não se trata de Emília, a personagem de Monteiro Lobato que adora uma travessura, mas é tão afeita a aventuras quanto ela. Estou falando da protagonista de “O diário de Nina” (Funalfa), o segundo livro da mineira Kátia Badaró. Ela é uma boneca de pano “linda”, como ela mesma diz, cheia de “bons sentimentos” e “um corpinho cheio de algodão macio e braços longos para dar um abraço bem gostoso.” “A Nina vive aventuras com meninos e meninas e se mete em muitas enrascadas”, conta a escritora e contadora de histórias, que, desta vez, escreveu para os mais baixinhos.

Nascida em meio aos costumes repassados à mãe pela avó, Kátia sempre foi uma eterna apaixonada por desenhos e artesanato. Ainda pequenina, produzia bonecas de papel, bonecas de pano e de sabugo de milho, universo que, anos mais tarde, seria a inspiração para o novo livro. O leitor que decidir mergulhar no mundo dessa simpática bonequinha, poderá se entreter com a história e com as ilustrações que parecem querer saltar para fora das páginas, mas também aprender. Isso porque o objetivo de Kátia é abordar o preconceito, a responsabilidade das crianças em cuidar dos seus pertences e de criar o próprio brinquedo.

Marisa Loures – Você diz que é muito tímida. Essa sua timidez é refletida na sua escrita?

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A gente tenta colocar no papel aquilo que fica guardado, que a gente não consegue colocar através da voz.

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– A Nina passa por maus bocados. Seu objetivo é refletir sobre aquela criança que acaba deixando o brinquedo de lado?

– Queria colocar algumas situações de perigo, como, no final, quando há o piquenique, e as crianças acabam esquecendo a boneca. Ao mesmo tempo, tem a questão de resgatá-la. Então, tem esse lado do esquecimento, em que a criança perde o brinquedo, deixa-o de lado, e também o lado de aventura, como no episódio do Doutor Sombra.

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– E é sua intenção fazer com que a criança de hoje, que só quer saber de eletrônicos, volte-se para hábitos simples e esquecidos?

– Quando montei o projeto pela Lei Murilo Mendes, focava muito nisso, porque as crianças de agora não brincam mais tanto quanto a gente brincava antigamente, usando esse lado criativo, de montar o próprio brinquedo. A Nina foi construída. Ela fala: “Mamãe escolheu o pano mais bonito e me fez assim”. Então, queria mostrar esse lado da construção do brinquedo, que foi deixado de lado. A criança recebe tudo muito pronto hoje, e a boneca de pano é algo tão simples trabalhado pelas nossas avós e passado pelas nossas mães.

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– Quando vi “O diário de Nina”, logo pensei no seu livro “Histórias de vô e de vó”, porque a paleta de cores é a mesma. No livro anterior, você quis evocar aquele costume de ter um álbum de retrato, e nesse você também traz um hábito antigo, que é do diário. Essa escolha foi intencional?

– “Histórias de vô e de vó” é o caderno da minha avó. A gente encontra o caderno da minha avó, e vou escrever o livro a partir daí. O caderno é todo encapado com tecido, “O diário de Nina” também é encapado com tecido para resgatar esse universo da costura. Então, seguiu uma mesma linha.

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– No ano passado, quando você conversou com o Sala de Leitura, você tinha acabado de lançar “Histórias de vô e de vó” e não sabia muito falar sobre a repercussão da obra. Era seu primeiro livro. Agora você consegue falar sobre como o público recebeu sua primeira publicação?

– Não trabalhei tanto “Histórias de vô e de vó”, porque, assim que o lancei, fiquei sabendo que fui aprovada na Lei Murilo Mendes com “O diário de nina” e tive um trabalho enorme para publicá-lo. O “histórias de vô e de vó” ficou um pouquinho de lado. Está sendo vendido na Ca d’Ori e na Palavras e ideias. Agora vou trabalhar os dois juntos.

– O livro não tem um final. É um convite aos leitores?

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– Convido o leitor a continuar escrevendo no diário da Nina, e existe uma intenção para o segundo livro.

“O diário de Nina”
Autora: Kátia Badaró
Editora: Funalfa

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